“Estamos trazendo os números que temos, mas vocês querem saber o número que não temos”, disse Stella Zollner, Coordenadora da Vigilância Epidemiológica, ao ser questionada pelos vereadores sobre os números de pessoas contaminadas

O desleixo com o envio das notificações pelas unidades de saúde, clínicas e hospitais seria a causa da diferença dos números divulgados pela Vigilância Epidemiológica a respeito de pessoas contaminadas de dengue com os números apontados por vereadores de Taubaté. Pelo menos foi essa a resposta de Stella Zöllner, Coordenadora da Vigilância Epidemiológica, aos parlamentares Luizinho da Farmácia (PROS), Nunes Coelho (PRB) e Paulo Miranda (PP) na primeira reunião da CEI para apurar a dimensão da epidemia de dengue na cidade.
Segundo Zöllner, não se pode trabalhar em cima de suposições: “Eu tenho a obrigação de trabalhar com números reais. Se um médico me notificou seus casos com atraso, só será computado quando chegar à Vigilância [Epidemiológica]. Se a unidade de saúde não notificou, [ela] está cometendo um crime contra a saúde pública. A notificação é compulsória”.
Mesmo com prazo de 15 dias para que o diagnóstico seja comprovado através de exames – hemograma e sorologia –, a suspeita da doença pode ser notificada. “Qualquer munícipe que suspeite ser portador da doença pode enviar sua própria notificação através de email (pmt.epidemiologia@taubate.sp.gov.br), por telefone (12 3629-6232) ou comparecer à Vigilância Epidemiológica, na Rua dos Operário, 299, centro da cidade”, disse Zöllner.
Nunes Coelho questionou a médica sobre o número de registros da doença na capital do Estado ser menor que o nosso. Stella explicou que Taubaté tem uma densidade demográfica de 460 habitantes por km², um dos fatores que contribui negativamente. “Bairros que têm maior número de casos são muito populosos.” Nenhum vereador apontou a inconsistência da resposta da médica.

Taubaté vive uma epidemia
Uma cidade só é considerada vítima de uma epidemia quando atinge 100 casos por mil habitantes. Há muito tempo que Taubaté superou 300 casos pacientes de dengue. A partir desse número, o SUS tem como procedimento a suspensão do exame de sorologia, de acordo com o protocolo do Ministério da Saúde e passa-se a considerar o diagnóstico epidemiológico. “Por isso esperamos para o fechamento do diagnóstico, e o acumulo de notificações que aumentou tanto na última semana”, disse Zöllner.
Luizinho da Farmácia sugeriu a ação das Forças Armadas para exterminar o mosquito, já que a cidade vive um estado de calamidade. Porém, a médica contestou afirmando que Taubaté não está num estado de descontrole. “Para cada condição existe uma estratégia, que pode ser mudada a qualquer momento, como aconteceu agora. Em janeiro o número de mosquitos estava controlado. Nosso contingente é suficiente”, disse Zollner.

Faltou dinheiro para a prevenção?
Apesar de o Ministério da Saúde preconizar a necessidade de um agente para cada mil habitantes, a equipe em Taubaté é composta por 60 agentes, mais 27 que ainda serão integrados a partir dessa semana, para fiscalizar cerca de 1.200 residências da cidade. Zollner foi categórica ao afirmar que não falta dinheiro para as operação de prevenção da dengue: “Não falta recursos para desempenharmos o nosso trabalho de maneira fiel, adequada e eficiente”.

Faltou tempo e …
Para a coordenadora da Vigilância, o poder público teria feito a lição de casa. Para ela, “o pior problema são as pendências, apesar da divulgação prévia sobre as visitas dos agentes de saúde”. Foram distribuídos 36 mil panfletos sobre os eventos educativos que aconteceram na cidade. “Nossa equipe tem trabalhado nos feriados e finais de semana para diminuir as pendências”. Porém, para a médica, o que vai realmente acabar com a epidemia é a inspeção de cada munícipe, “os famosos dez minutos contra a dengue dentro da nossa casa”, concluiu.
Zöllner em nenhum momento contestou os argumentos que a vereadora Pollyana Gama (PPS) apresentou da tribuna revelando expressiva redução de recursos orçamentários da Saúde destinados à prevenção.

 

Vereadores Paulo Miranda, Luizinho da Farmácia e Nunes Coelho