A vida de play boy já foi cantada a verso e prosa em todos os cantos do planeta Terra. Naquela época, ócio era uma grande virtude muito antes de o sociólogo italiano Domenico De Masi escrever “”O ócio criativo é uma arte que se aprende e se aperfeiçoa com o tempo e com o exercício”.

Milton Lago, portanto, foi um filósofo militante. Não há na história da terra de Lobato nenhum personagem que tenha vivido aquele tempo com a intensidade vivida por Lago. Há oito anos, CONTATO registrou que ele “seria facilmente confundido com sir Winston Curchill pelos súditos ingleses. Nenhum exagero. A falta de um charuto entre os dedos 24 horas por dias seria o único indício da sua origem tropical. Assim mesmo, tropical ma non troppo. O maior play boy internacional do Vale do Paraíba, quiçá paulista, sempre concorreu com o não menos famoso carioca Jorge Guinle, seu amigo.

O mesmo charme que o lançou no cenário internacional, mesmo quando restrito ao modesto Copacabana Palace, foi fonte de muitos atritos. Charmoso, pianista de mão cheia, bon vivant, gosto refinado e amante das boas coisas da vida são apenas algumas de suas infinitas qualidades que incomodavam acompanhantes de moças lindas que freqüentavam boites, cassinos, restaurantes finos e salas de espetáculos por esse mundo a fora”.

Milton levou consigo segredos que poderiam comprometer muita gente. Sempre que perguntado sobre algum episódio mais picante, ele tinha a resposta pronta: “Não falo sobre isso, não. Esse pessoal está vivo e essas revelações poderão constrangê-los”.

Politicamente, era um conservador. Meses antes de ocorrer o golpe civil/militar de 1964, Milton e um grupo de amigos (Gino Consorte, Lauro Augusto de Almeida entre outros), estimulados e financiados pelo então governador Adhemar de Barros, criaram a Patrulha Auxiliar Brasileira – PAB. Clone da americana American Patroll, não passou de um embrião de organização paramilitar anticomunista.

Milton Churchill Guinle Lago, Count Lake para os amigos, comemorou 85 anos no domingo, 25. Na terça-feira, 27, veio a falecer no hospital onde se encontrava internado. Seu corpo foi velado no Cemitério da Ordem Terceira, Convento dos Frades.