Bocudo, ambicioso e despreparado, o vice-presidente é enquadrado para que daqui pra frente adote uma postura mais discreta e deixe que o presidente eleito concentre os holofotes

O Globo informa que Bolsonaro cobra de seu vice que cumpra a “lei do silêncio” depois de um novo capítulo da disputa interna do futuro governo. A decisão teria sido transmitida por meio de alguns dos mais próximos aliados de Bolsonaro para que o general adote uma postura mais discreta e deixe que o presidente eleito concentre os holofotes como o único porta-voz do futuro governo.

Mourão afirmou em diversas ocasiões que não gostaria de ser um vice figurativo. Mas o recado é claro: não deverá ter espaço para atuar no governo, segundo interlocutores do grupo de transição. A Vice-Presidência não terá nenhuma secretaria subordinada ou atribuição pré-definida. Após a vitória em segundo turno, chegou-se a especular que o general teria um papel de “gerente” do governo, coordenando os ministérios. Porém, a recomendação é que o vice só responda às demandas específicas de Bolsonaro, quando for solicitado.

A avaliação é que Mourão, ao construir interlocução com jornalistas, trabalha para sobressair-se ao presidente eleito.

Bolsonaro

Presidente eleito parece não suportar mais seu vice

Indireta do filho?

O vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente eleito, é o que mais tem reagido mal ao vice e insistido para que o pai freasse o general. Na semana passada, a intriga ganhou as redes sociais quando o Carlos, no Twitter, escreveu, sem citar nomes, que morte de Bolsonaro “não interessa somente aos inimigos declarados, mas também aos que estão muito perto. Principalmente após sua posse.”

Questionado se a mensagem havia sido uma indireta, Mourão se irritou e disse que caberia a Carlos esclarecer a sua mensagem.

– Se eu quisesse ser presidente, teria concorrido a presidente –  respondeu Mourão ao GLOBO.

General Mourao

Como será que general Mourão conseguir impor sua vontade?

Origem

Os atritos entre o capitão e o general surgiram ainda durante a campanha. Com Bolsonaro hospitalizado após levar uma facada em um ato de campanha em Juiz de Fora, no início de setembro, Mourão chegou a afirmar que poderia assumir os compromissos eleitorais, incluindo debates. Porém, foi desautorizado pelo então presidente do PSL, Gustavo Bebianno, que afirmou ser Bolsonaro “insubstituível.”

Mourão limitou-se a participar de eventos fechados, mas suas declarações – como a que lares apenas com mães e avós são “fábrica de desajustados” – seguiram repercutindo mal e incomodando o núcleo duro da campanha. O vice foi advertido três vezes para que fosse mais comedido em seus discursos. Na quarta vez, Bolsonaro decidiu por ele mesmo expor a rusga com o companheiro de chapa e foi ao Twitter desautorizá-lo, após o general dizer que o 13º salário e o abono de férias, dizendo que são “jabuticabas brasileiras.”