Na quinta-feira (7), Pedro Lopes, do portal UOL, informa que em mais um vazamento na Operação Lava Jato, a empreiteira Andrade Gutierrez revelou que doou legalmente recursos provenientes de propina nas eleições de 2010 e 2014 da presidente Dilma Rousseff

 

Em entrevista ao UOL, o ministro Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal e atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral mostra preocupação com o que chama de “lavagem de dinheiro na Justiça Eleitoral”: recursos oriundos da corrupção e destinados “legalmente” para partidos políticos e campanhas eleitorais.

“Nessa proporção é algo inédito. Claro que não foi inaugurado agora, mas nessa sistematicidade é um caso inédito. É negociado, de forma clara: dinheiro será dado, nesse percentual, a título de doação legal, mas na verdade é algo previamente combinado. Isso é realmente grave, vai causar certamente embaraço para a Justiça Eleitoral. Muitos têm falado de uma lavagem de dinheiro na Justiça Eleitoral”, afirma o ministro, que também ressalta a importância de uma discussão sobre reforma política.

Para Mendes “É uma situação muito séria. Isso obriga a discutir a reforma não só do sistema de financiamento eleitoral, mas do sistema político como um todo”.

 Vazamentos na Operação Lava Jato

Apesar de frisar a gravidade do conteúdo da delação da Andrade Gutierrez, o ministro adota uma posição crítica em relação aos vazamentos de delações e grampos telefônicos na Operação Lava Jato. Para ele, há abusos e falta eficácia à legislação para conter as informações sigilosas.

“O grande problema é que muitas pessoas acabam tendo conhecimento de uma informação sigilosa. A partir daí, há uma enorme dificuldade em identificar o responsável. Isso não é o ideal, precisa ser criticado, censurado. As normas sobre isso não são dotadas de eficácia: se instaura um processo, uma investigação, e não se chega a lugar nenhum. Há fatores como o sigilo de fontes da imprensa. É algo extremamente complicado, mas é claro que em um quadro de normalidade precisamos discutir isso.”

Para CONTATO, esse fato – lavagem de dinheiro na Justiça Eleitoral – desmonta os argumentos usados por quase todos os partidos (a grande maioria, com certeza) para justificar a legalidade das doações. Porém, o pecado mora (ou morava?) ao lado. A própria Justiça Eleitoral operava a lavanderia.

Saravá!