Por Paulo de Tarso Venceslau

Na manhã desse feriadão da República, dia 15 de novembro, por volta das 8h, dois caminhões baús encostaram em frente ao asilo Casas Pias para recolher os móveis da entidade filantrópica para que o imóvel seja desocupado para a firma tomar posse de fato, pois já existe decisão judicial nesse sentido. Foi uma iniciativa tomada pelos próprios vicentinos, mas logo em seguida eles foram demovidos da ideia por integrantes da sociedade civil que lutam pela preservação daquele espaço, que tem considerável valor histórico, sentimental e religioso para Taubaté.

Na terça-feira, dia  13, uma advogada da construtora e um Oficial de Justiça foram ao local com um documento da Justiça em mãos para tomar posse do imóvel. Padre Alberto, que reside no local desde a desativação do imóvel, resistiu e os representantes da construtora ameaçaram chamar a Polícia Militar. Após isso, foi dado o prazo para a retirada dos pertences até às 13 horas do dia 19, segunda-feira.

Quando os dois caminhões encostaram na frente do asilo na manhã de hoje, dia 15, cidadãos conscientes imediatamente se mobilizaram para evitar que se concretize mais um crime contra a memória e a história da terra de Lobato.

Por volta das 11h, surge uma luz com a chegada do advogado Álvaro Cunha, do movimento Preserva Taubaté, que luta pela preservação dos patrimônios históricos da cidade. Seu argumento é cristalino: o asilo Casas Pias está acéfalo desde novembro de 2011, quando sua diretoria renunciou. Uma nova diretoria da Casas Pias assumiu hoje , dia 15, suas funções, presidida por Djalma Ferreira Vieira. Na semana passada, já havia promovido um bingo e outras atividades para resgatar os objetivos em que se basearam sua constituição. Por isso, o trabalho de despejo foi suspenso e os móveis repostos.

Na próxima segunda-feira, 19, Cunha entrará com um pedido de liminar para sustar o despejo, uma vez que o prefeito Roberto Peixoto (sem partido) assinou, na quarta-feira, 14, o decreto n° 12.887, tombando a Capela de São Vicente de Paulo “patrimônio histórico, cultural de interesse religioso, arquitetônico e paisagístico (…) inaugurada em 1913”. O decreto, porém, ainda não foi publicado até o presente momento. Assinam o decreto, além do prefeito, José Antonio Rodrigues Alves (secretário de Planejamento), Adair Loredo Santos (secretário de Governo e Relações Institucionais) e Evanise Beni (diretora do departamento Técnico Legislativo).