Alguns amigos vão rir. Outros ficarão preocupados. Outros, bem, são os outros. Paciência!

A esperada e bem-sucedida vitória sobre o fascista Jair Bolsonaro fez com que o Partido dos Trabalhadores sucumbisse de vez aos encantos do grande líder Luiz Inácio Lula da Silva. Tal qual Stalin que tentou apagar a participação de Leon Trotsky na Revolução Russa, o partido de Lula tenta criar nova narrativa sobre os tristes episódios políticos que marcaram o PT e seus dirigentes no início desse século.

As imagens que rodaram o mundo no começo do século passado mostram a figura de Trotsky ao lado do palanque em que Lênin discursava. Mas, depois da consolidação de Stalin na direção da União Soviética uma das primeiras iniciativas foi tentar apagar seu desafeto que seria assassinado no México em agosto de 1940. Foi o que fez Stalin para impedir que Trotsky fizesse parte da história ao lado do grande líder Lênin. Além disso, o desenvolvimento acelerado da URSS obtido pelo uso intensivo de trabalho escravo e sua participação decisiva no campo aliado na Segunda Guerra foram usados em grande escala para dominar corações e mentes da maioria de seus cidadãos.

Trotsky foi excluído da foto porque não podia aparecer com Lênin em 1920

A vitória apertada de Lula nas últimas eleições para seu terceiro mandato e o quinto do PT está sendo usada para tentar reescrever a história. É o mínimo que se pode concluir pelas resoluções aprovadas pelo Diretório Nacional do partido no dia 13 de fevereiro. Por exemplo: “As falsas denúncias engendradas contra nossos governos, nosso partido e nossas lideranças, desde o primeiro governo do presidente Lula e que se seguiram nos governos da presidenta (sic) Dilma, mostram que está mais do que claro que a criminalização da política e a destruição da democracia constituem um mesmo projeto”.

Não há qualquer referência aos escândalos de corrupção que atingiram em cheio o PT, muitos de seus dirigentes e empresários envolvidos. Tudo não passaria de uma conspiração.

E mais. Segundo as resoluções petistas, as acusações de corrupção seriam falsas, mas se silenciam diante dos casos do mensalão e os desvios na Petrobras. A narrativa agora simplesmente desconsidera que apenas a estatal já recebeu devoluções de quase R$ 7 bilhões de empresas e ex-executivos envolvidos com a Operação Lava-Jato comandada por Sérgio Moro e Deltan Dallagnol,  recém-eleitos senador e deputado federal respectivamente.

Presidenta (sic) Gleisi Hoffmann é fiel seguidora do Chefe

O que o PT externou em suas resoluções de 13 de fevereiro é que “história real” precisa ser reescrita, e assim excluir personagens indesejáveis, reabilitar dirigentes e personagens “massacrados” pela mídia que sempre defendeu seus patrocinadores. Nenhum compromisso com a História.

Pelas resoluções, “o terceiro mandato de Lula teve início em meio a uma situação mundial de imensa complexidade, marcada pelos desdobramentos da crise de 2008, pela pandemia da Covid 19, pelo agravamento da situação ambiental, pela ascensão da República Popular da China, pela tentativa que os Estados Unidos fazem de reverter seu declínio enquanto potência hegemônica e pela guerra Rússia-Ucrânia. Acertadamente, o Presidente Lula descartou o alinhamento neste conflito e concretamente recusou o envolvimento militar do Brasil no mesmo, propondo a formação de um Grupo de Paz para terminar a guerra.”

Mas esquecem de dizer que a crise de 2008, para Lula, não “passava de marolinhas”, que a China já era a segunda potência mundial, que o comportamento dos EUA em nada mudaram e por cima chama de “guerra” a invasão covarde russa de um país independente. Bolsonaro era mais explícito em seu alinhamento com Rússia e China.

Pode parecer exagero de minha parte, mas não consigo ver diferenças nos métodos aplicados pelos terraplanistas, hoje recolhidos (será?), enquanto estavam no governo, e as revelações explicitadas nas resoluções petistas e assinadas pela sua direção nacional. Por favor, não confundam métodos com propostas que tem mais a ver com promessas de palanque do que com democracia. Tampouco reduzir à eterna discussão de conteúdo e forma.

Só não vê quem não quer.