Jair Bolsonaro foi eleito presidente. Deu a lógica? Claro que não. Mas o que foi determinante para conduzi-lo à vitória é outra história. O resultado teria sido o mesmo se não tivesse ocorrido o atentado sofrido pelo capitão? A campanha nas redes sociais foi o principal fator?

Sem o atentado, Bolsonaro teria necessariamente de debater com seus adversários. Esse era o plano dos até então principais candidatos.

Atentado a Bolsonaro reduzida

Bolsonaro no momento do atentado que o levou à presidência

            Geraldo Alkmin (PSDB) fez um plano de campanha baseado na televisão que marcou sua história política. Fez todas as alianças possíveis. De repente ficou falando sozinho.

Fernando Haddad (PT) foi dirigido pelo seu partido que apostou todas suas fichas no ex-presidente Lula que mesmo preso era apontado como vencedor por todos os institutos de pesquisa e perdeu a oportunidade de fazer campanha como candidato de fato. Quando a ficha caiu, era tarde demais. Foi para o segundo turno. Mas não resistiu à ofensiva da direita e do clima antipetista que marcou a campanha e aglutinou as forças mais politizadas que não engoliam mais o PT.

Ciro Gomes acreditava no seu gogó. Mas sem a presença de Bolsonaro nos debates não tinha público. E o PT o elegeu como principal adversário.

Bolsonaro foi mantido fora de cena. Seu silêncio foi ensurdecedor. O papel de vítima foi muito mais forte do que as palavras do candidato. Propostas? Ninguém queria ouvir. Formou-se uma barreira política no seu entorno, uma unidade entre as diferentes correntes unidas para jogar a esquerda no gueto.

Bolsonaro e tres filhos

Bolsonaro com os filhos Flávio 01, Carlos 02 e Eduardo 03

Dois dos três filhos foram os mais beneficiados. O candidato a deputado federal por São Paulo obteve a maior votação da história. O outro foi levado ao senado pelo Rio de Janeiro com uma avalanche de votos. Junto com o irmão vereador carioca, passaram a dominar uma corrente dentro governo. E peitar militares e outras forças que se atropelam nesse balaio de gato.

De repente, descobriram que governar é muito diferente de tuitar. Uma coisa é clicar que tem gente no entorno do pai que o ameaça mais do que os inimigos conhecidos. Outra coisa é enfrentar a política no dia a dia com aliados e adversários,

Jair Bolsonaro não confia no seu vice, general Hamilton Mourão. Por esse motivo, recusou-se a passar-lhe o cargo enquanto estava internado no hospital. Assim como foi reveladora a presença do filho vereador sentado atrás do pai na cerimônia de posse. O presidente está cercado por “inimigos”.

Bolsonaro e o vice

Por que tanta desconfiança do presidente com o vice?

O Estadão redigiu editorial alertando que o governo não pode se tornar refém de intrigas na corte: “O exercício da Presidência pelo vice-presidente deve respeitar o que diz a Constituição, e não o que ditam os filhos do presidente. Não se trata de uma questão familiar, mas institucional. (…) Governar é muito diferente de tuitar: demanda presença, articulação, lucidez – isto é, tudo o que Bolsonaro, convalescente e a reboque dos filhos e dos aliados mais radicais, ainda não conseguiu oferecer ao País.”

Na outra ponta, general Hamilton Mourão se assustou com o linchamento virtual das falanges bolsonaristas.

Segundo o Estadão, “o vice-presidente procurou aconselhamento sobre como se proteger do grupo liderado pelo núcleo familiar do governo e turbinado pelos diplomatas ideológicos, todos descontentes com seu protagonismo neste início de mandato (…). A recomendação dos assessores foi para Mourão dar sequência a posicionamentos sutis que denotem fidelidade.”

Vivemos uma situação política inusitada. A cizânia paira sobre todas corporações: militares, partidos políticos, a esquerda em geral e o próprio PT que continua sonhando com sua hegemonia, religiões evangélicas e católicas.

Ninguém sabe para onde vai essa mixórdia. Apertem os cintos!