Foto Paulo Lacerda

No domingo, dia 18, Jornal CONTATO recebeu uma carta escrita por Angelica Villela Santos, que se apresenta como integrante da Conferência São Francisco de Assis da Sociedade São Vicente de Paulo de Taubaté. Ela faz uma enfática defesa das negociações realizadas em 2007 com a construtora Ergplan e lá pelas tantas diz que a Capela São Vicente de Paulo, construída em 1925, “pode ser demolida” e que “não há nada de Histórico nessa capela” (grifo nosso). Confira a carta publicada na íntegra:

Prezados senhores jornalistas:

Sobre a matéria Casas Pias – pág. 3 do jornal nº 574, tenho a dizer que em 2007 foi fechado um acordo entre a Sociedade de São Vicente de Paulo (representada em Taubaté pelo Conselho Central de Taubaté da SSVP), acordo esse de PERMUTA  do imóvel da SSVP situado na rua 4 de Março, nº 263, nesta cidade, por imóvel da construtora Ergplan, situado no Parque Paduan, também nesta cidade. Tal PERMUTA foi feita por sugestão do Conselho Nacional do Brasil da SSVP, com sede no Rio de Janeiro-RJ- (nosso órgão hierárquico maior, no Brasil) que preferia uma PERMUTA à uma venda do referido imóvel da rua 4 de março. Dentre as propostas recebidas, foi escolhida a da construtora Ergplan, de Taubaté, que foi a única proponente de PERMUTA. Assim sendo, a documentação foi preparada e devidamente registrada, tendo havido antes várias reuniões com vicentinos de Taubaté (Conferências,Conselhos Particulares e Central, Diretoria de Casas Pias de Taubaté) ,e os membros das diretorias do Conselho Metropolitano de São José dos Campos e  do Nacional do Brasil, que, mais de uma vez, estiveram em Taubaté para conhecer o terreno do Parque Paduan, as condições em que a PERMUTA seria feita, etc. Foi dada ampla abertura para que os vicentinos que não concordassem com a PERMUTA, se manifestassem, o que não ocorreu. Além do terreno de 20.600 metros quadrados no Parque Paduan, a Ergplan ofereceu: a construção da casa asilar, dotada de todas as comodidades, com material de primeira, salão para reuniões e recepções, portaria completa, ligação elétrica, água,etc. Mais: 10 casas (sobrados) novas, em condomínios fechados. Dentro do prazo a nova casa ficou pronta, seguindo os mais modernos padrões de construção para receber idosos residentes. Devo informar que as velhas construções da rua 4 de março já estavam interditadas pela Vigilância Sanitária Estadual, desde 2005, não podendo mais receber residentes. A diretoria vicentina da época recorreu à Prefeitura Municipal de Taubaté para fazer as reformas  elencadas pela Vigilância, porém, nada conseguiu.A Casa continuou funcionando, precariamente e sem o alvará do Corpo de Bombeiros. Até que, o presidente do Conselho Central de Taubaté que tomou posse em  2006, imediatamente tomou as providências, junto aos Conselhos superiores, para resolver o grave problema da Casa.  E aconteceu como acima descrito. Quando a nova Casa já estava quase pronta ( 2009), um grupo de vicentinos, NÃO SABEMOS POR QUE, resolveu se posicionar contra a PERMUTA feita e a diretoria do Central, eleita em fins de 2010, aliou-se a esses, impedindo que fosse feita a mudança das residentes para a nova Casa do Parque Paduan. Outro grupo de vicentinos, dentre os quais eu me posicionei, fez todo o possível em favor da mudança, inclusive campanhas junto a parentes e amigos para doação de móveis e outros materiais novos (fogão, camas, mesas, cadeiras, roupa de cama e de banho, etc), porém, fomos impedidos de continuar, pela diretoria atual. Foram dando a cada dia uma desculpa e nós, preocupados com a segurança das idosas, em meio a fios elétricos desencapados,  e outros problemas de segurança detectados pela Vigilância, pelos Bombeiros e pela Defensoria Pública.  Várias vezes a Casa recebeu ordens de mudança expedidas por Juiz de Direito, Vigilância, mas nem tais ordens foram cumpridas. Até que um dia, a diretoria do Central resolveu retirar de lá as residentes, levando umas para o Asilo vicentino de Tremembé, outras para o de São Luiz do Paraitinga e outras para o Lar de Idosos São Francisco de Assis, de Taubaté, sendo que este,  num grande exemplo de verdadeira caridade e amor ao próximo, precisou construir mais um ambiente para acolhê-las, a fim de que não fossem espalhadas por  asilos de outras cidades, longe umas das outras, uma vez que já formavam uma família naquela convivência de tantos anos. Nunca mais se falou em mudança, em Casa nova, que está lá, abandonada. Resolveu a diretoria do Central ocupar a parte do prédio velho com entrada pela rua 4 de março, com organizações da Igreja- sem nenhuma ligação com o vicentinismo -dando-nos a impressão que fizeram isto para evitar ou retardar que a Ergplan tomasse posse do que lhe pertence, por força da PERMUTA. Agora, saiu essa história de Patrimônio Histórico, uma das muitas e muitas desculpas que a diretoria do Conselho Central foi arranjando, dia após dia, para impedir a posse da Ergplan, para impedir o cumprimento do documento de PERMUTA. E eu e meus irmãos vicentinos perguntamos:  por que essas pessoas não se apresentaram nas reuniões feitas na ocasião em que estavam feitos os planos  para a construção de uma nova Casa, para a PERMUTA dos imóveis?  Por que não apresentaram nessas reuniões o impedimento pretendido, provando que ali era um Patrimônio Histórico?  Só agora, após tantos anos, com a nova Casa pronta desde meados de 2010, é que se lembraram disso? Esquisito, não é?  E outra coisa: para ser Patrimônio Histórico, o imóvel precisa apresentar características próprias  da época de sua construção, além de outras características que o Condephaat elenca. As casinhas que constituiram Casas Pias de Taubaté (ora extinta) sofreram, ao longo dos anos, muitas reformas, feitas ao bel-prazer dos diversos presidentes que passaram pela Casa. Nada há mais ali que relembre os toscos casebres de 1908. Senhores jornalistas: para terminar, peço-lhes o favor de dizer à Tia Anastácia (não será Nastácia, como Lobato escreveu?) que pode ficar sossegada, deixe a angústia de lado, pois nada do que a aflige, quanto às perguntas em “Casas Pias 5 e 6” ( do Contato) deve ter acontecido. E é bom também que ela saiba que a capela daquele local foi construida em 1925 (como está estampado, bem grande, na parede frontal da capela). Essa igreja foi construida pelos próprios vicentinos, nada tem a ver com licença dada pela Cúria Diocesana. Ela não pertence à Cúria. Pode ser demolida pela construtora  dona do terreno.E  não há nada de Histórico nessa capela. Desejo acrescentar que, com a não ocupação da nova Casa, com a teimosia de não levar para lá em 2011 as residentes, para uma Casa que pertencia e ainda pertence a elas, pois foi construida para elas, a diretoria vicentina deixou várias funcionárias da Casa velha sem emprego e o nome Casas Pias de Taubaté foi extinto, pois se tivessem feito a mudança, todas as funcionárias iriam também e o nome tão conhecido – Casas Pias de Taubaté –  continuaria também. Por força de artigo da Regra Vicentina, quando uma Obra Unida à SSVP é extinta, não pode ser reaberta com o mesmo nome que ostentava. Na Casa nova há um apartamento que poderia ser ocupado pelo nosso bom  e querido Padre Alberto, que, ao que parece, com a retirada dos vicentinos, ficou jogado para trás. Esta é a verdade que foi presenciada pelos vicentinos da Conferência São Francisco de Assis e de outras Conferências de Taubaté. Atenciosamente,  Angelica Villela Santos- Conferência São Francisco de Assis, da SSVP – Taubaté-SP.