Abordagem complementar sobre o filósofo alemão feita por JC Sebe em 23 de março (https://www.jornalcontato.com.br/home/index.php/a-irma-de-nietzsche-jc-sebe-bom-meihy/) quando destacou o mau uso pela sua irmã Elizabeth, Evaldo faz resumo da abrangência da obra de Nietzsche
De fato, a irmã de Friedrich Nietzsche serviu-se dele para obter favores de Hitler, durante o regime nazista na Alemanha, indicando o falecido filósofo como se fora favorável a ele. De fato, tal afirmação de sua irmã não era verdadeira.
Nietzsche é um dos filhos da época da transição do capitalismo liberal ao capitalismo imperialista. A derrota da revolução operária em prol da igualdade e da liberdade na França, em 1848, na época do surgimento do capitalismo imperialista, acarretou a negação da razão humana, do futuro histórico, de progresso humano, da ação individual e social. A derrota significou não somente a descrença na razão humana, como ainda a descrença na vida humana. Abriu-se o período da filosofia de crise, da celebração da morte, da indecisão, do nada, do niilismo, dos técnicos burocratas (simplesmente vá a um cartório público), do taylorismo, da mercadologia, do consumismo, da violência de todo tipo, do irracionalismo enfim, que Nietzsche representa com brilhantismo.
Para ilustrar, lembre-se a afirmação do mais famoso desses filósofos, Jean-Paul Sartre: “É absurdo que tenhamos nascido, é absurdo que tenhamos de morrer” (J.-P. Sartre, L´être et le néant). A razão, essência das grandes teorias do conhecimento, dos sujeitos sociais, da própria vida humana, é substituída pelo irracionalismo, pela exaltação do absurdo, da angústia, base e essência das microteorias e do individualismo isolado e egocêntrico. O homem transformado em coisa, em mercadoria, vive só para si, pouco vê o próximo e a tragédia acontece apenas com o outro.
JP Sartre, autor de O ser e o nada, início do existencialismo
Um mundo dominado pela concorrência internacional, pela baixa taxa de acumulação do capital, em crise desde a década de 1970, agora convertido em capitalismo financeiro, com o predomínio da tecnologia sobre o capital vivo (que é o trabalhador), com a globalização, conduz o eleitor votar contra ele e até mesmo o homem médio (conforme aconteceu no nazifascismo) ao absurdo de vestir como um bando e defecar em cadeiras, em exposição ao público.
Na Alemanha nazista, os serviços de informação da França, da Inglaterra, da União Soviética, calcularam em mais de um milhão os criminosos de guerra, que mataram a população dos países ocupados, em especial pelos judeus.
Ionesco, autor de Os rinocerontes, também bebeu na fonte de Nietzsche
Nietzsche não nasceu de Nietzsche. O irracionalismo é assumido no pensamento filosófico, de forma sistematizada, nas obras de Sören Kierkegaard (Conceito de Angústia – 1844), Temor e Tremor – 1845); de Arthur Schopenhauer (O mundo como vontade e como representação); de Friedrich Nietzsche (Além do bem e do mal, Deus está morto, Assim falou Zaratustra, O anticristo); de Martin Heidegger (O ser e o tempo, 1927, foi indicado reitor de universidade por Hitler); de Jean-Paul Sartre (dentre outras obras, O ser e o nada, A náusea, O existencialismo é humanismo); de Albert Camus (O mito de Sísifo, O estrangeiro, A peste); de peças teatrais do Teatro do Absurdo, como as de Eugène Ionesco (O rinoceronte); as de Samuel Beckett (Esperando Godot) e assim por diante.
Eis porque ler Nietzsche.
Disse o poeta inglês John Donne (1572-1631): “For whom the bell tolls”.
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