Presença de Renato Teixeira na novela Pantanal provocou um frisson no público e nas redes sociais

A idade, para alguns, sempre foi uma questão complicada, seja em termos biológicos – quando os anos pesam sobre o corpo e a saúde – ou sociais – condição que contrasta com os vivas dados à chamada “eterna juventude”. Em termos biológicos, a medicina já anunciou que o/a ser humano que viverá 120 anos já nasceu, fato que não deixa de ser uma esperança aos interessados na longevidade. E muito tem se falado sobre a tal “melhor idade”, como se a velhice pudesse ser o ápice da experiência vivencial. Tantos, pretensiosos sempre se arvoram no direito de dar lições sobre como envelhecer bem, como se fosse uma questão didática. Fugindo disso, situo-me entre os que meditam sobre o caso. Só isto.

Sou daqueles que se surpreendem ao ver o número mais que absurdo de livros de autoajuda. É verdade que boa parte desse montante versa sobre sucesso empresarial, e que outra fatia se dedica aos casos amorosos e até aos cuidados com os filhos, mas um pedacinho trata do bem-estar físico, da aparência como atestado de boa vida. Foi a partir dessa constatação que decidi dar pitacos que abrangem questões menos retóricas e mais de afinidade com parceiros de minha geração, daquela turminha que se aproxima de 8 décadas cumpridas. Sem muita ambição, mas com vontade de acertar, listei alguns itens que, creio, podem motivar inquietações oportunas. Antes, devo garantir que não tenho fantasia de acertos; tudo o que fiz foi resumir cinco elementos que merecem cuidados:

  • CUIDAR DA SAÚDE
  • RESOLVER PENDÊNCIAS
  • AMIGOS E FAMÍLIA
  • MANTER-SE OCUPADO/A
  • TER PROJETOS.

    

Não é preciso ter idade gasta para recorrer a especialistas

            Cuidar da saúde é o vértice angular de todos os demais. Vejo tal indicação sob dois extremos: em uma ponta os que naturalmente – e de forma transparente – deixam correr a vida e vão prestando atenção às alterações inerentes ao envelhecimento. De outro lado, temos os que acham dispensável pensar no futuro, e vão se gastando como se não houvesse um amanhã. Todos nós temos exemplos das duas condições e torna-se fácil admitir que a gerontologia é um ramo promissor da medicina e que não é preciso ter idade gasta para recorrer a especialistas anualmente. Mas não é tudo. Alimentação, exercícios, disposição para evitar cigarros, bebidas em exagero, dormir regularmente também ajudam.

Resolver os problemas acumulados por anos de prática vivencial é um dos grandes desafios do bem envelhecer. Culpas, frustrações, casos mal resolvidos, tornam-se barreiras que precisam ser contornadas a favor da resposta mais importante que podemos dar a nós mesmo. Por certo, ter reservado certa quantidade de fundos para garantir segurança é algo fundamental. Vivemos num ambiente capitalista e ser personagem ativo no sistema econômico é algo fundamental para não ser apagado do universo geral ou vistos como pesos mortos.

Velhice mais planificada implica certeza de afetos contrapartidos

        Caminhar para uma velhice mais planificada implica certeza de afetos compartidos. E não apenas na direção “de fora para dentro”, mas principalmente de “dentro para fora. Ter certeza do amor de outros pela gente – e vice-versa – é um ponto garantido na resposta vivencial positiva. E isso pode ser sempre cultivado mesmo fora do circuito familiar. Tenho certeza de que não se envelhece bem sem a segurança de pertencimento a comunidades afetivas. E como é importante ter amigos que compartilham histórias. Nossa!

Estar ocupado e não se deixar abandonar na falta do que fazer é um segredo mágico contra a nostalgia e entrega à depressão. Quantas vezes, em algum empenho constante, a derrota do tempo acontece na entrega pessoal como se nada mais relevante pudesse acontecer. Sim, a decadência física se estabelece no cenário dos desocupados.

Olhando bem para os velhos saudáveis, analisando seus propósitos de vida logo emergem os projetos de vida satisfeitos ou a ainda a se completarem. Objetivar ações, manter-se empenhado em fazer algo com fim claro é maneira sadia de aproveitar o tempo que resta. E há soluções variadas que vão do ler e escrever aos exercícios físicos e até ao trabalho voluntário. O que não pode reinar é o vazio de ocupação, como se nada mais restasse fazer.

A soma desses itens permite o mais importante resultado para o bom envelhecimento: a autonomia. Ser velho, decrépito e sem capacidade de se exprimir é sinal negativo do processo. É verdade que em tantos casos isso não depende de vontade pessoal, mas enquanto der… Enquanto der vamos pôr em prática o que aprendemos e exercitamos. Ser um ancião/ã fofinho/a é consequência de certo planejamento. Sejamos claros com nós mesmos: que velhos queremos ser?