Declarações recentes parecem indicar uma aliança entre setores das elites econômicas, jurídicas, políticas e militares para acabar com a Operação Lava Jato

Paulo de Tarso Venceslau

Confira:
1) “Nós temos que começar a rever essas investigações. Agora, tudo é propina. Será que não é hora de admitirmos que parte desse dinheiro foi apenas uma gratificação, uma gorjeta? A palavra propina vem do espanhol. Significa gorjeta. Será que não passou de uma gratificação dada a um servidor que nos serviu bem, como se paga a um garçom que nos atendeu bem? Essas investigações estão criminalizando a vida”. Essas barbaridades foram faladas na quinta-feira, 23, durante sessão da 1ª Turma Especializada do Tribunal Regional Eleitoral da 2ª Região, pelo desembargador Ivan Athié, durante julgamento de pedido de revogação da prisão do ex-presidente da Eletronuclear Othon Silva, que foi condenado a 43 anos de prisão pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio.

Desembargador federal Antonio Ivan Athie

Desembargador federal Antônio Ivan Athiê

Silva é vice-almirante e encontra-se preso em uma unidade da Marinha. Athié votou pela revogação da prisão do almirante, que foi condenado por ter recebido propina no âmbito das obras da usina nuclear de Angra 3. Fonte OGlobo de sábado, 25.

IMG_1302Othon Silva, vice-almirante e ex-presidente da Eletronuclear

2) “Receita do fim. A decisão do STF de não compartilhar com Sérgio Moro as investigações contra José Sarney cauda inquietação no Judiciário. Sem mandato, Sarney não tem direito a prerrogativa de foro especial. Segundo um importante jurista, ‘se essa jurisprudência se aplicar aos demais, é o início do fim da Lava Jato’.” Fonte: Estadão de sábado 25.

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Ex-presidente José Sarney está blindado por ser “mais igual que os iguais”

Esclarecimentos
Em julho de 2016, o desembargador Athié declarou-se suspeito para atuar nos casos que envolvem Fernando Cavendish, ex-presidente da Delta, aceitando pedido feito pela procuradora regional da República Mônica de Ré. Cavendish foi um dos cinco beneficiados por decisão do magistrado, que converteu a prisão preventiva dos detidos na Operação Saqueador em prisão domiciliar. A 1ª Turma Especializada é responsável por julgar no TRF-2 os casos relativos à Lava-Jato no Rio. É integrada por Athié e os desembargadores Paulo Espírito Santo e Abel Gomes, relator das ações.
Vice-almirante reformado e ex-presidente da Eletronuclear, Othon Silva foi condenado, em agosto de 2016, a 43 anos de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisão e organização criminosa durante as obras da usina nuclear de Angra 3. A informação foi confirmada ao GLOBO pela defesa do ex-presidente da Eletronuclear. Por ser vice-almirante da Marinha, Othon Silva está preso em uma unidade militar, a Base de Fuzileiros Navais do Rio Meriti, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.