Bolsonaro “demite” fieis amigos

Em menos de uma semana, o presidente Bolsonaro viu dois expoentes de seu governo e de suas bandeiras ideológicas protagonizarem crises com potencial explosivo para sua campanha: o pastor Milton Ribeiro e o executivo Pedro Guimarães, que ameaçam seus planos de reeleição.

Ícone da área ideológica do governo, pastor evangélico e bolsonarista raiz, Ribeiro mantinha também ótima relação com a primeira-dama Michelle Bolsonaro. O presidente saiu em sua defesa quando as acusações de corrupção e direcionamento de verbas de sua pasta, Educação, foram reveladas pela imprensa, em março. Na ocasião, o presidente disse que “colocaria a cara no fogo” pelo aliado. Não resistiu às pressões e o demitiu.

Guimarães vivia nas lives de quinta-feira do presidente. Apelidado de “Pedro Maluco” pelo comportamento excêntrico e devotado ao chefe, despontava como um dos integrantes da ala ideológica no governo e assumiu a Caixa no início desse governo em 2019. Implementou um sistema de promoções com base em alinhamentos ideológicos e vetava quem apresentava qualquer ideia considerada de esquerda.

Gostava de reproduzir comportamentos do presidente, especialmente os que exaltavam a cultura militar. Gabava-se das 15 armas que diz manter em casa. Usou a Caixa o quanto pôde para fazer propaganda do presidente e de seus aliados políticos.

Realizou mais de cem viagens pelo programa Caixa Mais Brasil para exaltar Bolsonaro. E foram nessas viagens que aconteceu a maioria dos casos de assédio sexual contra as funcionárias que o denunciaram. Hoje está sendo investigado pelo Ministério Público Federal.

Pastor e amigo da primeira dama, Milton Ribeiro foi defenestrado da Educação

foi exMas o presidente adotou uma postura diferente na crise protagonizada pelo executivo da Caixa Econômica se comparada às medidas que tomou envolvendo o ex-ministro do Ministério da Educação Milton Ribeiro. Na semana passada, por exemplo, após a operação da Polícia Federal que mirou o ex-ministro, Bolsonaro disse que, se ele foi preso, “deve haver um motivo”. Mas, nos bastidores afirma que acredita na inocência de Ribeiro.

Em relação ao presidente da Caixa, tanto Bolsonaro quanto a equipe econômica não saíram em sua defesa e acabou demitido, apesar da carta pedindo demissão que Guimarães leu e a imprensa que produziu.

O silêncio ensurdecedor do governo substituiu a banda da oposição que mudou de palco ao conseguir até agora as assinaturas necessárias para a criação de uma CPI em pleno ano eleitoral.