Há quem diga que já viu e ouviu confissões que comprovariam detalhes sobre negócios escusos que ocorrem desde o governo de Roberto Peixoto sobre a doação de áreas públicas para empresas que querem se estabelecer na terra de Lobato

 (Na foto: O paliteiro de concreto da Valle Sul pode esconder estranhos negócios com o patrimônio público)

 

Em 24 de fevereiro desse ano, prefeito Ortiz Júnior (PSDB) enviou a Mensagem 16 à Câmara Municipal solicitando autorização para doar área de terreno para que a empresa Sumatex Produtos Químicos Ltda. pudesse se instalar no Distrito Industrial do Vale do Piracanguaguá II. Junto, seguia o projeto de lei que formalizaria a doação.

Em 06 de maio, foi a vez da Valle Sul Construtora e Incorporadora Ltda. O Executivo cumpriu o ritual enviando Mensagem e o projeto de lei à Câmara, para que pudesse formalizar a doação de 20.000 m² ao lado de uma área doada pela Prefeitura à própria Valle Sul, em área contigua à empresa LG Eletronics SP. Trata-se de uma segunda doação porque a empresa já havia recebido cerca de 30 mil m² através da Lei 4658 de 25 de junho de 2012.

Até então, não havia qualquer sinal de que pudesse existir alguma irregularidade que colocasse a doação sob suspeição. Até que não mais que de repente o prefeito, através de seu secretário de Governo e Relações Institucionais envia, em 03 de setembro, a Mensagem 107/2015 pedindo que a Câmara restitua ao Executivo os dois projetos para reexaminar as matérias ali tratadas. Curiosamente, cinco dias depois, em 08 de setembro, o Executivo, através do mesmo secretário Eduardo Cursino, reenvia as duas mensagens à Câmara para que “retornem à tramitação normal”.

O que teria motivado essa mudança brusca do prefeito e o silêncio ensurdecedor do Legislativo?

Tem cheiro estranho no ar
Nossa reportagem apurou que tudo começou quando um conhecido lobista – conhecido de suas Excelências vereadores – adentrou à Câmara ameaçando colocar a boca no trombone caso fosse aprovada a doação de área para a Valle Sul. O lobista costumava se apresentar quase sempre acompanhado de um ex-vereador, aliado fiel do ex-prefeito Roberto Peixoto.
O lobista conseguiu que alguns vereadores o ouvissem: ele contou que era empresário e que prestava consultoria às empresas que tivessem interesse em se estabelecer em Taubaté. A consultoria se resumia a fazer acompanhamento dos processos junto à Prefeitura e manter um bom relacionamento com os vereadores. Por bom relacionamento, entenda-se, como ele próprio definiu, era negociar o preço de cada voto. A negociação se encerrava quando, depois de aprovada e promulgada a lei que lhe interessava, ele fazia a entrega dos recursos financeiros devidamente acordados.
No caso da segunda doação de área à Valle Sul haviam surgido problemas que poderiam causar prejuízo ao lobista. Ele estava envolvido em outros “negócios” e não tinha recursos para acertar com um deles. A saída encontrada foi oferecer uma casa como garantia, que seria resgatada assim que fosse concluída a negociação com a Valle Sul. Do outro lado do balcão, diante do risco de ter prejuízo, um conhecido empresário que tem como base uma cidade vizinha passou para seu nome a escritura da casa que constava a esposa do lobista como proprietária.
Outro problema seria a distribuição dos pixulecos. O lobista afirma que entregou dinheiro vivo para dois vereadores que fariam a distribuição aos demais.

 

Chantagem

Essa teria sido a razão da ameaça feita pelo lobista para alguns vereadores que, preocupados, procuraram o presidente da Casa. Para atender aos seus pares, ele telefonou ao prefeito argumentando que, diante de alguns problemas surgidos, não seria conveniente manter a Mensagem solicitando regime de urgência.

No dia 03 de setembro foram retiradas as duas mensagens e devolvidas no dia 08 para que fossem reexaminadas, porém, dessa vez em “tramitação normal”.

 

Ortiz Júnior

O prefeito garante que fez um bom negócio com a Valle Sul ao obter como contrapartida toda a infraestrutura do chamado Parque Industrial, o novo distrito industrial da Zona Sul, depois que o então prefeito Roberto Peixoto já havia batido o martelo. Disse ainda que devolveu a Mensagem com o projeto de lei depois que constatou que se tratava de um problema interno do Legislativo.

Efeitos colaterais
Nossa reportagem apurou que existiriam provas materiais que comprovariam com detalhes não só o sistema que funciona desde o governo anterior como os nomes dos que receberam o pixuleco em espécie. Além disso, a bomba é tão forte que poderia causar estragos em candidaturas que sonham à luz do dia com o trono do Palácio do Bom Conselho.