Ao abrir o jornal Estadão de hoje, domingo, fiquei com vontade de voltar para a cama ao ler a manchete na página 4: “Potencial de voto de Lula supera o de Bolsonaro”. Foi o que eu fiz, consciente do “ensinamento” janista “fi-lo porque qui-lo….”. Não adiantou. Estava lá na página 4 https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,potencial-de-voto-de-lula-supera-o-de-bolsonaro,70003639096.

A primeira imagem que me veio à cabeça foi o poema de Drummond, cuja primeira estrofe diz:

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

            Baseada em pesquisa do IPEC formado por técnicos que saíram do IBOPE recentemente vendido, a matéria explica que “Não se trata de levantamento que avalia um possível confronto entre Bolsonaro ou Lula – este nem sequer atende aos critérios legais para ser candidato. Diferentemente de uma pesquisa de intenção de voto, a de potencial busca medir o piso e o teto de aceitação de cada possível candidato.

Pouco adiantou. Me senti como um “cachorro que caiu do caminhão em dia de mudança”. Minhas razões: além dos 50 % de Lula e os 38 % de Bolsonaro em 2º lugar entre os 10 nomes apresentados, o petista apresenta a menor índice de rejeição entre todos eles (Moro, Huck, Haddad, Ciro, Marina, Dória, Mandetta, Boulos).

E eu não conseguia acordar. Era verdade. É o que os números do IPEC apontam hoje.

E o pesadelo aumentou quando comecei a repassar alguns fatos mais recentes veiculados ou não pela imprensa. Por exemplo.

1 – Na primeira página da Folha de hoje lê-se a chamada “Bolsonaro multiplica por 10 militares à frente das estatais”

Ilustração veiculada na matéria do site Defesa Net

2 – No site Defesa Net, porta voz informal dos militares, no boletim do dia 05 de março informa: “Por mais que neguem publicamente, a administração Bolsonaro e a caserna se confundem cada vez mais — e o resultado dessa parceria tem sido benéfico para o presidente. É o que mostra uma pesquisa inédita realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas, que ouviu 2 020 pessoas em 194 municípios, de todas as unidades da Federação, entre os dias 25 de fevereiro e 1º de março. Segundo o levantamento, metade dos entrevistados considera positiva a presença de integrantes das Forças na administração pública, enquanto 36,4% avaliam como negativa. Entre os demais consultados, 7,8% se dizem indiferentes e 5,8% não sabem ou não quiseram opinar.

É patente a mudança de perfil do governo de Jair Bolsonaro. O núcleo mais ideológico, que tinha protagonismo no início do mandato, perdeu força. O superministro Sergio Moro, que personificava a promessa de combate à corrupção, pediu demissão e se tornou adversário do presidente. Já o núcleo militar cresceu e conquistou espaços, não apenas em cargos, mas em missões consideradas estratégicas do ponto de vista político. A mais recente delas envolve a Petrobras.

Atriz quase foi agredida por bolsonaristas na avenida Paulista

3 – Recebi um post onde a atriz Ângela Dippe quase foi agredida ontem na avenida Paulista por bolsonaristas sem máscara que portavam a bandeira nacional e vestimentas verde e amarelo. A atriz foi xingada de comunista e ameaçada porque estava com máscara filmando a manifestação com seu celular.

A pandemia impede (será?) os mais esclarecidos de ir às ruas, como os paraguaios estão fazendo para protestar contra a má gestão da pandemia lá.

Dá vontade de voltar para a cama até que o pesadelo acabe.