“Ladrão, ladrão de rachadinha” repetia o senador Major Olímpio (PSL) do mesmo partido que elegeu o presidente Bolsonaro. Encarando o provocador que, ao lado de militantes que portavam faixas e cartazes agressivos, repetia em um megafone “Traíra, traidor”. O vídeo expressa a tensão do momento. O senador foi impedido por seus apoiadores, mas seus punhos cerrados ou com as mãos para trás revelavam seu estado de espírito. O provocador colhia os frutos e aumentava o tom da provocação.

O xingamento de Olímpio era uma referência ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) envolvido no chamado processo das rachadinha. O filho do presidente foi denunciado pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) sob acusação de ter arrecadado parte do salário dos servidores de seu gabinete quando era deputado estadual.

Senador Major Olímpio participava do arrastão da candidata Loreny no centro da cidade

            Agente provocador é uma figura muito comum no mundo político, principalmente em época de campanha eleitoral. Ele radicaliza posições para levar um grupo, ou uma pessoa, a atitudes extremas que lhe serão prejudiciais, ou provocarão reações desestabilizadoras. Exatamente o que fazia o provocador e seus poucos seguidores na praça central da cidade.

O senador controlou-se. Não reagiu como o provocador queria. Uma reação desequilibrada, um empurrão ou uma agressão física com certeza povoaria as redes sociais com as imagens a serviço da campanha eleitoral adversária. Um cartaz feito por algum profissional dizia “Não vote em comunista, Não vote na LORENY, não vote 23”. A candidata não se aproximou da confusão.

Provocação explícita aos apoiadores da candidata tendo o senador como alvo

            O candidato dos bolsonaristas radicais, naquele exato momento, encontrava-se em um mutirão de sua campanha de rua na periferia da terra de Lobato. Saud jamais poderia ser apontado como autor de um eventual confronto na praça da catedral, no centro de Taubaté.

O agente provocador chama-se Marcos Castilho. Ele usava uma camiseta onde se lia “Direita Taubaté”,  e é um conhecido ativista da extrema direita. Ao seu lado, destacava-se uma loira alta, com camiseta camuflada, conhecida como Renata Kobra. Ela fazia o papel de assistente do ator principal que comandava o “evento” falando ao microfone as palavras de ordem repetidas pelos poucos seguidores.

Renata Kobra e Marcos Castilho dirigindo a manifestação provocadora

            Castilho e Kobra se apresentam semanalmente em uma live “Em debate” no Facebook, que estaria em sua 20ª edição. Ali eles destilam ódio aos tucanos e outros “inimigos” que não rezam na mesma cartilha e tentam criar um humor bastante questionável.

O triste espetáculo que assistimos ontem, segunda-feira 23, na praça Dom Epaminondas foi uma típica manifestação nazistas que marcou a Alemanha no início do século passado.

O senador teve de ser contido; reparem seus punhos

            Tomara que os nazis tupiniquins não incendeiem o parlamento, como tentou fazer em Brasília o grupo “300 do Brasil”, liderados pela nazifascista declarada Sara Winter, em junho passado. Em Brasília, limitaram-se a lançar fogos de artifício. Ainda bem que nosso parlamento não se chama Reichstag. Por enquanto.