Silvinei Vasques, ex-comandante de PRF, foi preso no Paraguai tentando fugir para El Salvador. Sinal de que o ano de 2025 ainda não acabou

Até acho graça quando dizem que o ano começa depois do Carnaval. Bobagem, nem Papai Noel tirou a roupa e 2026 já lhe emprestou a caduquice. Dúvidas? Vejam os comentários sobre a Copa do Mundo e as Eleições. Aliás, pensando nelas, antecipo uma moeda com duas faces, uma contrária a outra, de um lado promete união nacional com gritos desafinados, de outro, separação familiar com grupos de WhatsApp silenciados. É o clássico brasileiro: enquanto a bola rola, a urna esquenta e ninguém sabe o que se pode comprar com esse tostão.

A Copa do Mundo, espalhada entre Estados Unidos, México e Canadá, virá em versão alucinante: fuso horário confuso, jogo no horário do almoço, outro às quatro da tarde, e aquele às dez da noite que termina com promessa de “só mais um comentário” e lá se vai o sono. O brasileiro, otimista profissional, já começa o ano fazendo contas: “se ganhar a estreia, embala; se perder, foi esquema”. Técnico vira gênio ou burro em 90 minutos, e o VAR, claro, será sempre suspeito. Bandeira na janela, camisa antiga, meia no avesso que dá sorte, superstição nova testada em laboratório caseiro: tudo pronto para o hexa… ou para a terapia coletiva.

Copa do mundo será disputada nos EUA, Méxido e no Canadá. Será?

Mas 2026 não viverá só de bola. Ano de eleições, vem com aquela tensão conhecida: sorriso falso de candidato em outdoor, promessa reciclada com selo de novidade, debate que ninguém muda de opinião mas todo mundo comenta. O brasileiro entra no modo especialista: entende de economia pela manhã, de direito constitucional à tarde e de marketing político à noite. As mesas de bar viram tribunais; os almoços de família, campos minados. No fim, com certeza, ouviremos dos derrotados: “brasileiro não sabe votar”…

Entre um gol anulado e uma promessa inflada, o calendário ainda nos reserva datas notáveis para lembrar que o tempo passa, mesmo quando parece repetir a mesma pauta. 2026 marca 40 anos do Plano Cruzado, lembrando que congelar preços é fácil; difícil é descongelar expectativas. Faz também 30 anos da internet comercial no Brasil, esse milagre que nos deu enciclopédias no bolso e discussões infinitas no feed. É ano de aniversários redondos de discos, livros e movimentos culturais que insistem em nos lembrar que o país não começou ontem, embora o debate público às vezes pareça ter sido criado na última atualização do aplicativo.

A direita ainda não decidiu quem enfrentará Lula

Há, ainda, as datas afetivas: cem anos de nascimentos que viram centenários simbólicos, cinquenta anos de obras que continuam atuais, e aquelas comemorações que surgem do nada porque alguém decidiu fazer festa e festa, convenhamos, é patrimônio imaterial. O Brasil é craque nisso: transformar efeméride em churrasco e memória em refrão.

No meio de tudo, o brasileiro segue vivendo: paga boletos, planeja férias curtas, promete academia para depois da Copa e depois das eleições. Em 2026, o ano pedirá café forte, senso de humor e um certo alongamento emocional. Porque haverá dias de euforia e dias de zanga; dias de “agora vai” e noites de “não era bem isso”.

Enquanto isso, Silvinei poderá sonhar com os bons tempos de comandante da PRF

Se tudo der certo, 2026 termina como sempre: com retrospectiva, meme, promessa de mudança e a esperança intacta. E, assim, entre a bola e a urna, seguimos especialistas em sobreviver rindo. Afinal, se não for com humor, a gente apita o fim antes dos acréscimos.