Carlos
Peixoto, vereador e presidente da Câmara Municipal, fez revelações
inéditas na entrevista que concedeu a CONTATO, edição
302, como: “Infelizmente, a imprensa em Taubaté não
se garante sozinha. Ela, infelizmente, depende dos órgãos
públicos para sobreviver”. Essa regra local é
extensiva para todo o país, quiçá para todo
o planetinha Terra. E como toda regra, ela tem exceções.
Felizmente.
Na terra de Lobato, o Jornal CONTATO tem lutado para garantir aos
seus leitores notícias e análises que os demais órgãos
de imprensa, sem exceção, muitas vezes fingem que
não vêm. Afinal, a veiculação de editais,
“noticiários” em rádios e TVs sobre as
realizações de nossas autoridades são apenas
pontas de imensos icebergs que escondem relações impublicáveis
(desculpem a redundância do óbvio!). Agora, é
o chefe do poder Legislativo quem afirma com conhecimento de causa
de quem até ontem exercia o papel de líder do poder
Executivo.
No mesmo exemplar, na matéria com Maykel Justo recém-chegado
do Rali Paris-Dakar, CONTATO apurou as estranhas ordens emitidas
pela poderosa Rede Globo para seus repórteres no exterior:
não fazer imagens das logomarcas da Petrobras e Lubrax porque
não quiseram aceitar as condições exigidas
pela poderosa Globo. Coube a Band nacional informar o que Globo
não considerou “notícia”.
Voltando a Taubaté, nossas autoridades municipais ainda não
aprenderam a conviver com a democracia sem adjetivos. Esquecem-se,
por exemplo, que são pessoas públicas responsáveis
pela administração de recursos oriundos do meu, do
seu, do nosso dinheirinho pago na boca do caixa da prefeitura.
Diante de tanta amnésia, fazem questão de perseguir
e ameaçar a imprensa que não se alimenta das migalhas
do Palácio Bom Conselho. E aí a situação
se torna patética. Isso mesmo. Aquele sentimento provocado
por piedade, compassiva, um mix entre tristeza, terror e tragédia.
Na verdade, amnésia, não querendo fazer mas já
fazendo um trocadilho, é a expressão mais visível
da miséria desse governo. Miséria em todos os sentidos:
de espírito, de idéias, de realizações,
de ética e de valores elementares como a honestidade que
se aprende em casa quando criança.
A miséria da amnésia provoca, também, a falsa
euforia, tal qual aquela provocada pelo jato de rodo metálico
de velhos carnavais, onde os auto-elogios em matéria pagas
ou em espaços e tempos adquiridos e divulgados como se notícias
fossem tivessem alguma coisa com a realidade. Esquecem, de novo,
que a ressaca e suas conseqüências são partes
integrantes e indissociáveis da falsa euforia.
Aos poucos, os sinais começam a aparecer. Só os embriagados
pelo poder não vêem. Todo drogado se julga sempre com
razão enquanto se mantêm drogado. O poder é
uma droga que embriaga e, aos inquilinos transitórios de
palácios, causa a sensação de que os mesmos
ali permanecerão eternamente. Há sinais que já
mostram que, lentamente, tribunais e ministérios públicos,
em especial o federal que não se enamorou de Peixoto, juntam
as peças de um quebra-cabeça. E como todo quebra-cabeça,
as peças se encaixam, uma a uma, sempre que colocadas corretamente.
O Executivo conseguiu, até hoje, impedir que a Câmara
cumprisse seu papel, Outra revelação feita por Carlos
Peixoto: “Enquanto líder do governo, eu tentava blindar
o prefeito de tudo”. E mais adiante afirma: “…
a prova disso é que nenhuma CEI (Comissão Especial
de Investigação) foi implantada na Câmara contra
o prefeito [enquanto fui seu líder]”. Nem mesmo as
impressões digitais de Fernando Gigli no imbróglio
da campanha do Iluminatau, em dezembro de 2005, foram suficientes
para a oposição reunir votos necessários para
a instalação de uma CEI para apurar a existência
comprovada de caixa 2 na prefeitura.
A imprensa local, com exceção de CONTATO, ignorou
a gravidade do episódio. Um semanário chegou a publicar
matéria feita no Palácio Bom Conselho, como se fosse
reportagem, tentando provar que Papai Noel existe. A Vanguarda (Globo),
com participação direta no episódio, agiu como
no último rali Paris-Dakar.
Mas a Justiça, embora lenta, aos poucos vai emitindo sinais
e dão um alento para quem cultiva a esperança de ver
os crimes desvendados e seus autores devidamente punidos.
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