Mestre
Marmo chama a atenção sobre os problemas provocados
pelo uso indiscriminado de pavimentação asfáltica
e aponta o sucesso de algumas experiências que utilizam técnicas
que pavimentam sem impermeabilizar.

A pavimentação das
cidades e das estradas de um país pode ser feita com diversos
materiais alternativos, tais como concreto, granito etc.
As coberturas asfálticas e outras práticas que impermeabilizam
o solo inibem a infiltração das chuvas e contribuem
para a ocorrência de enchentes e a erosão do solo. Em
algumas cidades é comum a prática de asfaltar ruas que
já eram calçadas com pedras ou paralelepípedos.
Todavia, essa é uma maneira errada de cuidar do meio ambiente.
Nas cidades, as galerias pluviais são sempre insuficientes
para a coleta de torrentes. Resultado: na época dos temporais
a cobertura asfáltica colabora para o acúmulo e o aumento
da velocidade da água, o que favorece a ocorrência de
grandes enchentes. Além do mais, o aquecimento provocado pelo
asfaltamento também aumenta gradualmente o volume das chuvas.
Uma das alternativas é a pavimentação inter-travada.
Trata-se de blocos pré-fabricados que se encaixam e formam
o pavimento. O cuidado está no processo de colagem das juntas,
pois, deve-se aplicar material que seja permeável e no pré-calçamento.
Não adianta nada fazer uma camada de asfalto para depois aplicar
o bloco intertravado.
Países como Noruega, África do Sul e Costa Rica aplicam
em suas rodovias os blocos inter-travados, que é uma boa alternativa
ao asfalto. Aqui no Brasil, o bloco inter-travado já começa
a tomar conta de cidades brasileiras como Campo Grande, Itajaí
e Blumenau para soluções urbanas e paisagísticas.
As leis contra a impermeabilização dos solos urbanos
se multiplicam, mas quase não são cumpridas, com raras
e tímidas exceções. A maior parte indica percentuais
de terrenos que devem permanecer com piso drenante, para permitir
a infiltração da água de chuvas.
No estado de São Paulo, a relação entre a impermeabilização
do solo e as enchentes nos grandes centros urbanos é um fator
mais que conhecido por todos: cidadãos e poder público,
embora as medidas mitigadoras do problema sejam tímida. Com
uma taxa de impermeabilização estimada em quase 45%,
a capital paulista é um exemplo típico de local onde
o cimento e o asfalto vêem literalmente de longe ganhando terreno.
O seu Código de Obras estipula em 15% a área do terreno
que deve ficar permeável. Além disso, já vigora
no município uma nova lei que obriga os donos de terrenos com
mais de 500 m² de área construída ou cobertura
impermeável (incluindo estacionamentos), a deixar pelo menos
30% de sua área com piso drenante ou construir reservatórios
temporários de água pluvial, chamados de “piscininhas”.
É evidente que nas áreas mais impermeabilizadas as águas
chegam mais rápido nas galerias e cursos d’água,
pois correm na superfície, provocando enchentes. Além
disso, as várzeas dos rios são inundáveis por
natureza. Locais como Parque D. Pedro, Barra Funda e Marginal Pinheiros
já inundavam antes de serem urbanizados, logo, a ocupação
urbana precisa de medidas corretivas o tempo inteiro, com investimentos
altos, como a construção de piscinões.
Além de garantir mais área verde para as cidades, calçadas
verdes e calçamentos com blocos ajudariam não apenas
a prevenir enchentes, mas a diminuir as ilhas de calor, que também
colaboram para a baixa qualidade de vida urbana.
Uma experiência nesse sentido vem sendo implantada pela prefeitura
de São Bernardo do Campo, na região de mananciais, com
resultados positivos. Nesses bairros, a maior parte fruto de ocupação
irregular , os maiores problemas eram o esgoto e a erosão,
que provocava o assoreamento da represa Billings. Desde 1998, essa
cidade já conta 49 bairros com calçadas e pavimentação
permeáveis. Um exemplo a ser seguido.