Operação Pente Fino na Prefeitura
MP
Federal fará investigação sobre relatório
da CGU
Resultado
da fiscalização realizada pelo órgão
federal poderá ocasionar perda dos cargos da primeira dama
e do prefeito Roberto Peixoto, que poderão até ser
processados criminalmente; Oposição já acena
para CEI.

O
relatório elaborado pela CGU – Controladoria Geral
da União – deverá trazer mais dores de cabeça
ao prefeito Roberto Peixoto e outros nomes de seu primeiro escalão,
como, por exemplo, da diretora do DAS (Departamento de Ação
Social) a primeira dama Luciana Flores Peixoto.
Publicado com exclusividade na última de edição
de CONTATO, o documento, resultado da 20ª Etapa do Programa
de Fiscalização do órgão federal, traz
nada menos que 26 constatações, ou seja, indícios
de irregularidades principalmente nas pastas de Educação,
Saúde e Desenvolvimento Social.
Segundo a CGU, como a fiscalização trata de servidores
municipais, o órgão federal não pode fazer
nenhuma ação punitiva. Limitou-se a encaminhar o relatório
com quase 50 páginas para o Ministério Público
Federal e Estadual e também para Câmara Municipal,
para que assim se possa fazer uma investigação mais
aprofundada dos indícios de irregularidades apontadas CGU.
Realizada em março do ano passado, a fiscalização
promovida pelas equipes da CGU analisaram as verbas utilizadas pela
prefeitura em programas do governo federal. Constaram, por exemplo,
falta de aplicação financeira no PNAC (Programa Nacional
de Alimentação e Creche), falta de medicamentos na
farmácia popular e inúmeros problemas no programa
bolsa-família.
Ministério
Público
Conforme
apurou CONTATO, o documento que aponta vários indícios
de irregularidades chegou ao Ministério Público Federal
em Taubaté no último dia 22 de janeiro.
O Procurador Federal de Taubaté, João Gilberto Gonçalves
Filho, volta de suas férias na segunda, 5 de fevereiro, e
irá analisar o documento encaminhado pela CGU.
Em uma análise prévia das irregularidades apontadas,
o procurador decidirá se a investigação será
realizada pelo Ministério Público ou será encaminhada
até mesmo à Polícia Federal.
Após a investigação, se comprovada as irregularidades,
O Ministério Público poderá entrar com uma
Ação Civil Pública para o ressarcimento ao
erário público do dinheiro usado indevidamente.
Os responsáveis pelas pastas envolvidas poderão perder
os seus cargos, como por exemplo, A diretora do departamento de
DAS, Luciana Flores Peixoto e o diretor de Educação,
professor José Benedito do Prado, além é claro
do principal responsável, o prefeito Roberto Peixoto que
poderá ser acusado de improbidade administrativa.
Ainda segundo o Ministério Público, se comprovado
algum tipo de ato ilícito ou de má fé, os envolvidos
poderão responder criminalmente.
Câmara
O
primeiro teste de fogo da nova presidência da Câmara
Municipal de Taubaté deverá ocorrer logo na primeira
sessão ordinária do ano, na terça-feira, 6.
Com base nos indícios de irregularidades levantados pela
CGU (Controladoria Geral da União) sobre o uso de verba federal
pela Prefeitura de Taubaté, a oposição ergue
a voz e já fala em CEI (Comissão Especial de Investigação).
Para o vereador Jeferson Campos (PT), principal opositor ao governo
de Roberto Peixoto (PSDB), as irregularidades são graves
e merecem investigação mais profunda por parte do
Legislativo municipal. “Acho que são denúncias
graves que merecem ser investigadas com a maior atenção.
Cabe até um CEI (Comissão Especial de Inquérito)”,
afirma o vereador.
Líder do governo na Câmara, vereador Chico Saad (PMDB),
ainda não leu o relatório. Uma simples pesquisa na
Internet pode solucionar o impasse do líder do governo. Basta
acessar o link http://www.cgu.gov.br/Imprensa/Arquivos/2006/IntegraRelatoriossorteio20/Sorteio20_SP_Taubate.pdf
que dá acesso livre ao relatório. Por desconhecer
um informação pública da maior importância,
Saad descarta qualquer possibilidade inicial de abrir uma CEI e,
de quebra, acusa o PT de ser “um partido que se mantém
fazendo demagogia”. Para o líder do prefeito, a Comissão
de Estudos da Câmara é a primeira saída para
apurar os indícios. “Temos que buscar a verdade e a
Comissão de Estudos serve para verificar as irregularidades.
Se tiver, eu também peço a abertura da CEI, que é
o último caminho. Não pense porque sou líder
do governo é que vou defender coisa errada”.
Chico Saad desqualificou os indícios de beneficiários
fantasmas no Bolsa Família em Taubaté. Para ele, trata-se
de “perseguição política” ao prefeito
Roberto Peixoto. Segundo Saad, “qualquer fofoca que sai querem
fazer CEI e para mim isso é perseguição política”.
Líder do governo disse ainda que o prefeito Peixoto, em reunião
com assessores no começo da semana, teria afirmado que “tomem
cuidado com o dinheiro público e não admito irregularidades;
quem tiver que pagar vai pagar”. As afirmações
do líder do governo, entretanto, esbarram em um detalhe quando
o assunto é Bolsa Família: o vereador afirma que ainda
não leu o relatório da CGU, um documento público
que foi encaminhado à Câmara no dia 8 de dezembro.
Mesmo assim, promete investigar o caso para apresentar na sessão
da próxima terça-feira, 6.
Outro Lado
Ninguém
da prefeitura municipal quis falar sobre o assunto. Em nota oficial,
o prefeito Roberto Peixoto disse que não é só
o governo municipal o responsável pelo programa: “As
famílias beneficiárias têm deveres a cumprir,
que lhes são determinados pela legislação em
vigor, destacando-se entre eles o de informar ao órgão
gestor toda e qualquer alteração de seus dados cadastrais,
a fim de que nenhuma dúvida reste quanto aos seus direitos.
A cada direito corresponde sempre um dever.”.
Peixoto afirma estar em plena disposição para qualquer
investigação por parte dos órgãos fiscalizadores:
“Estamos atentos e disponíveis para prestar quaisquer
esclarecimentos que se fizerem necessários à CGU,
Ministério Público Federal, Câmara Municipal
de Taubaté, etc., pois temos plena consciência de estarmos
trabalhando com absoluto rigor e transparência nas questões
públicas do nosso Município, como um todo, pelo respeito
que temos pelas instituições constituídas e
pela Comunidade Taubateana”.
Aos
não necessitados
Em Taubaté, Bolsa Família
contempla beneficiários que não se enquadram na exigência
do programa. São famílias que possuem renda superior
ao estipulado por lei e, em outros casos, pessoas não cadastradas
recebem o auxílio financeiro do governo federal.
O
Programa Bolsa Família, carro-chefe da primeira gestão
do governo Lula, não está sendo conduzido de maneira
eficaz pela Prefeitura de Taubaté. Os indícios de
irregularidades foram levantados pela fiscalização
da CGU (Controladoria Geral da União), que durante março
a junho de 2006 vasculhou o uso de verba federal pelo Executivo
taubateano. Em Taubaté, o Programa Bolsa Família está
vinculado ao Departamento de Ação Social, dirigido
pela primeira-dama Luciana Flores Peixoto, e atende 6.233 famílias
– de acordo com o último levantamento feito pelo Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Dentre as 12 constatações que foram expostas pela
equipe da CGU, a primeira revela que há “beneficiários
com renda per capita superior à estabelecida pelo Bolsa Família”.
Segundo o Ministério de Desenvolvimento Social, o Bolsa Família
é “um programa de transferência direta de renda
com condicionalidades, que beneficia famílias em situação
de pobreza (com renda mensal por pessoa de R$ 60,01 a R$ 120,00)
e extrema pobreza (com renda mensal por pessoa de até R$
60,00)”.
Em Taubaté, entretanto, famílias com renda que chega
a R$ 1.316,00 e outras com rendas superiores ao determinado por
lei e que possuem carro próprio estão sendo atendidas
pelo Bolsa Família. Nesse programa transferência de
renda, o governo federal disponibilizou R$ 3.367.653,00. Apesar
da afirmação da Prefeitura de Taubaté de que
agentes do Departamento de Ação Social irão
averiguar as supostas irregularidades, a CGU manteve-se inflexível
para que num futuro próximo erros semelhantes não
sejam cometidos novamente.
Os tópicos do Programa Bolsa Família são claros
e taxativos sobre a responsabilidade de cada esfera desde a federal
até a municipal. Acerca do encargo do município, ele
afirma que “os governo municipais são os principais
gestores do Programa junto às famílias”.
Além desses primeiros indícios de irregularidades,
outros apareceram em seguida. Segundo o relatório da CGU,
86% das famílias visitadas informaram que “não
receberam visitas dos agentes da saúde nos últimos
dois meses”. Em maio de 2006, o Bolsa Família atendia
5.003 famílias em Taubaté. Das 12 irregularidades
apuradas, a Prefeitura justificou seu “conhecimento das famílias
(...) beneficiárias do Programa” praticamente em todas
elas, segundo o relatório da CGU.
A única exceção refere-se aos “beneficiários
sem o cartão de recebimento do Bolsa Família”.
Segundo a CGU, a Prefeitura de Taubaté não se manifestou
perante a comissão investigadora a respeito desse indício.
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