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          Maldição da Saúde Mental no Vale do Paraíba“É uma infelicidade da 
          época, que os doidos guiem os cegos”William Shakespeare
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          história do problema da saúde mental na região 
          começa com o fechamento dos leitos de psiquiatria do Hospital 
          de Cruzeiro em 1995. Desde então, o Governo do Estado, que é 
          responsável por ser um agravo regional, tenta suprir a falta 
          de locais para internações negociando com diversos hospitais 
          da região. Em se tratando da necessidade de que estes leitos 
          sejam feitos em hospitais gerais pela portaria 224 de 1992 do Ministério 
          da Saúde, do Código Estadual de Saúde de 1995 e 
          da Lei Estadual 2060 também de 1995, foram criados 10 leitos 
          em Guaratinguetá, que supririam apenas o Fundo do Vale. Sendo Taubaté um centro polarizador da saúde no Vale do 
          Paraíba, o Estado se interessou na cidade por motivos estratégicos. 
          Foi então que o Dr. Augusto Nóbrega primeiramente arquitetou 
          o projeto para o Hospital Universitário de Taubaté, que 
          logo foi barrado pela universidade. Com a compra do HOSIC, as negociações 
          continuaram mas não progrediram muito pois o fato de ser um serviço 
          mal pago pelo SUS, é consequentemente rejeitado pelas administrações 
          dos hospitais.
 Com a reestruturação do Governo do Estado em 2003, houve 
          novamente a chance da psiquiatria ter um complexo de aproximadamente 
          20 leitos dentro do Hospital Universitário. Por se tratar de 
          um interesse multidisciplinar que envolve medicina, enfermagem, psicologia 
          e serviço social, as cobranças foram maiores e a universidade 
          aceitou as propostas do Estado.
 Porém, com a renovação da reitoria e das demais 
          chefias da UNITAU, houve um enorme desconforto criado entre a nova reitora 
          com o Governo do Estado quando se anunciou que por motivos técnico 
          e administrativos que a universidade não poderia prosseguir as 
          obras da nova ala psiquiátrica.
 Como já foi divulgado anteriormente na imprensa regional, a Associação 
          de Usuários e Familiares de Saúde Mental de Taubaté 
          fez uma manifestação em frente a reitoria, onde foram 
          atendidos pela reitora que lhes deu explicações sobre 
          a não abertura da ala psiquiátrica comprada pelo Governo 
          do Estado de São Paulo.
 Segundo a opinião de muitas pessoas envolvidas com a saúde 
          mental, tudo isto está acontecendo porque a UNITAU teme algum 
          tipo de prejuízo financeiro com a nova psiquiatria e que a carta 
          da reitora sobre os motivos técnicos também apontam para 
          possíveis transtornos causados dentro do hospital com pacientes 
          psiquiátricos próximos dos demais pacientes.
 Enquanto não conseguem os leitos necessários, a “solução” 
          continua sendo Itapira a 400 km de distancia. Mas além do problema 
          da distancia que causa enorme despesa logística para o Estado, 
          ainda se assiste a uma exclusão do paciente da família 
          e da sociedade, o que hoje é algo a ser combatido em tratamento 
          psiquiátrico. Mais ainda, o SUS também é ferido 
          quando a integralidade neste caso aparece abalada.
 Hoje, 3% da população tem transtorno mental severo e persistente, 
          onde a conjuntura das situações envolvidas com paciente 
          muitas vezes exigem uma internação para um tratamento 
          mais efetivo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) 
          considera que o ideal seja um leito para cada dez mil habitantes; no 
          Vale do Paraíba temos um leito para cada cem mil habitantes. 
          Ou seja, mesmo com os 20 leitos psiquiátricos no HUT, ainda seria 
          pouco para a região. Ainda falta muito a avançar.
 
 Por Harold Maluf
 Presidente do DABM - Medicina
 
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