| Por Ana Lúcia Vianna Juca 
              Chaves, em Taubaté  O Rei está nu Humor fino e ao mesmo tempo causticante do menestrel 
              Juca Chaves encantou uma platéia que, tal qual o público 
              da fábula de Hans Christian Anderson, assistiu hipnotizada 
              a radiografia hilária da política e dos costumes brasileiros 
              na era Lula.
  Juca Chaves por Zé Oliveira
 
 Na sexta-feira, 25, o público quase veio abaixo no Teatro 
              Metrópole, quando Juca Chaves contou o causo sobre dois amigos 
              que discutem sobre um governante e um deles reclama que não 
              pode reeleger quem não sabe a diferença entre fatura 
              e duplicata - “fatura é quando quebra um braço 
              e duplicata é quando quebra os dois”.
 E a denúncia do jornalista do New York Times e seu comentário? 
              “Lula bebe! E daí? Ele não dirige!”
 A fábula infantil “A roupa nova do Rei” de Hans 
              Christian Andersen inspirou a peça “O rei está 
              nu” do inesquecível e incomparável Juca Chaves, 
              o Menestrel do Brasil para os maiores de 40 anos. Ele usa o conto 
              de Andersen para fazer uma crítica bem-humorada e sutil sobre 
              o cenário político brasileiro.
 Juca é mais cáustico ainda quando admite que para 
              ficar de bem com a mídia teria de morrer, ou quando diz que 
              não é da esquerda ou da direita e que é contra 
              o centro; ou quando confessa que vendeu sua carteirinha de comunista 
              quando comprou uma Maserati durante seu exílio na Itália.
 Entre outras revelações, não admite ser classificado 
              de velhinho, nem de idoso e muito menos da terceira idade “sou 
              um semi-novo” e reclama que brasileira ama a mocidade emenda 
              com a música cuja letra diz:
 “Idade não é culpa,
 velhice não é desculpa, nem mesmo juventude profissão.
 Fica mais velho quem tem medo de ser velho,
 roubando sonhos de algumas adolescentes...
 Ser jovem é saber envelhecer”.
 
    Juca 
              Chaves durante almoço na última sexta-feira no restaurante 
              Le Bistro
 Em outro 
              momento, emociona-se e emociona o público feminino dos anos 
              dourados quando confessa que está com sua amada Iara há 
              32 anos, 9 meses e 7 dias e a homenageia com sua modinha Cúmplice:
 “Eu quero uma mulher que seja diferente de todas que eu já 
              tive,
 que seja minha amiga, amante e confidente,
 a cúmplice de tudo que eu fizer a mais ...
 De noite, uma menina,
 a noite uma mulher!”
  Juca 
              sempre manteve sua postura independente e crítica em relação 
              à política. Mas, adaptado aos novos tempos, engajou-se 
              de corpo e alma e candidatou-se ao senado, pela Bahia. Em terceiro 
              lugar nas pesquisas, mesmo só tendo 22 segundos na TV, dia 
              sim dia não, tem apenas o tempo necessário para repetir 
              mote “Desta vez, baiano gente, baiano de toda cor, voto inteligente 
              com justiça e amor, seu voto não será comprado 
              se estivermos no senado, Juca Chaves senador”.
 Uma 
              pena que o show, escrito há algum tempo, tenha parado no 
              escândalo do Mensalão. Imagine o que viria (ou virá?) 
              depois desse estribilho: “Brilhou 
              a estrela de Lula e ele passade simples operário a presidente
 é um estilingue que virou vidraça que estilhaça
 com a pedra de impostos sobre a gente
 Lula 
              é a última esperançaDe um milagre que não mais ocorre
 E no Brasil, quem espera nunca alcança e a esperança 
              é a única que morre...
 E por 
              ter denunciadoEsta farsa que não é pouca
 O Jéferson foi cassado mas deixou o rei sem roupa
 E enquanto são sonegados importados na Daslu
 deputados enganados gritam: Salve! O rei está nu.”!
  O 
              show termina, o público aplaude e pede bis. Juca não 
              se curva nem cede aos pedidos. No máximo, autografa seus 
              CDs “3 por R$30”. Peço para comentar as infelizes 
              declarações de artistas tipo “Política 
              só se faz com mãos sujas” (Paulo Betti), ou 
              “Não estou preocupado com a ética do PT, ou 
              qualquer outro tipo de ética, mas sim só com o jogo 
              do poder” ( Wagner Tiso) ou ainda “ Se o fim é 
              nobre, os fins justificam os meios, e inaceitável é 
              roubar. Mensalão não é roubo, é jogo 
              político” (Luis Carlos Barreto), os bobos da Corte, 
              como os chamou Dora Kramer em seu artigo no Estadão, que 
              acham linda a roupa do Rei.... Só 
              nessa hora vi os ombros de Juca se curvarem e seus olhos entristecerem, 
              seja por não ter lido os comentários seja por qualquer 
              outro motivo.
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