Albert Einstein, em 1921, quando
perguntado pelo rabino H. Goldstein, de New York, se acreditava
em Deus, respondeu: “Acredito no Deus de Spinoza, que
se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não
no Deus que se interessa pela sorte e pelas ações
dos homens”.
Posteriormente, em uma carta escrita
em Berlim a um banqueiro do Colorado, datada de 5 de agosto de
1927, Einstein explica: “Não consigo conceber
um Deus pessoal que influa diretamente sobre as ações
dos indivíduos, ou que julgue, diretamente, criaturas por
Ele criadas. Minha religiosidade consiste em uma humilde admiração
pelo espírito infinitamente superior que se revela no pouco
que nós, com nossa fraca e transitória compreensão,
podemos entender da realidade. A moral é da maior importância
- para nós, porém, não para Deus”.
No artigo Religião e Ciência,
que faz parte do livro Como vejo o mundo, publicado em alemão
em 1953, Einstein escreve: “Todos podem atingir a religião
em um último grau, raramente acessível em sua pureza
total. Dou a isto o nome de religiosidade cósmica e não
posso falar dela com facilidade já que se trata de uma
noção muito nova, à qual não corresponde
conceito algum de um Deus antropomórfico (...) Notam-se
exemplos desta religião cósmica nos primeiros momentos
da evolução em alguns salmos de Davi ou em alguns
profetas. Em grau infinitamente mais elevado, o budismo organiza
os dados do cosmos (...) Ora, os gênios religiosos de todos
os tempos se distinguiram por esta religiosidade ante o cosmos.
Ela não tem dogmas nem Deus concebido à imagem do
homem, portanto nenhuma Igreja ensina a religião cósmica.
Temos também a impressão de que hereges de todos
os tempos da história humana se nutriam com esta forma
superior de religião. Contudo, seus contemporâneos
muitas vezes os tinham por suspeitos de ateísmo, e às
vezes, também, de santidade. Considerados deste ponto de
vista, homens como Demócrito, Francisco de Assis e Spinoza
se assemelham profundamente”.
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A
religiosidade da pesquisa
Para
Einstein a pesquisa é dotada de uma certa religiosidade.
Assim no artigo “A religiosidade da pesquisa”, no
mesmo livro, Einstein defende que “o espírito científico,
fortemente armado com seu método, não existe sem a
religiosidade cósmica”. Para ele a religiosidade do
sábio “consiste em espantar-se, em extasiar-se diante
da harmonia das leis da natureza, revelando uma inteligência
tão superior que todos os pensamentos humanos e todo seu
engenho não podem desvendar, diante dela, a não ser
seu nada irrisório”.
Acrescenta mais ainda: “A
ciência só pode ser criada por quem esteja plenamente
imbuído da aspiração à verdade e ao
entendimento. A fonte desse sentimento, no entanto, brota na esfera
da religião. A esta se liga também a fé na
possibilidade de que as regulações válidas
para o mundo da existência sejam racionais, isto é,
compreensíveis à razão. Não posso conceber
um autêntico cientista sem essa fé profunda. A situação
pode ser expressa por uma imagem: a ciência sem religião
é aleijada, a religião sem ciência é
cega”
Este
sentimento desenvolve a regra dominante de sua vida, de sua coragem,
na medida em que supera a servidão dos desejos egoístas.
Indubitavelmente, este sentimento se compara àquele que animou
os espíritos criadores religiosos em todos os tempos.
Bibliografia
EINSTEIN, A., “Como vejo o mundo”, Rio de Janeiro, Nova
Fronteira, 19 
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