Pressão
Na segunda-feira após
o acontecido, 11 de junho, o Departamento de Recurso Humanos da
LG chamou a funcionária agredida "para fazer uma leve
pressão", segundo o relato de Rebeca. A empresa redigiu
um documento, onde contou a história de uma forma diferente,
mais sutil para o lado do agressor, e pediu para ela assinar.
"Eles colocavam palavras na minha boca", disse Rebeca,
que não assinou o documento.
O episódio foi
presenciado e confirmado por Fábio de Godoy, funcionário
e diretor de base da empresa pelo Sindicato dos Metalúrgicos
de Taubaté.
Médico
A agressão não
deixou seqüelas físicas, mas o lado psicológico
da vítima ficou abalado. Desde aquele dia, 6 de junho,
ela não consegue trabalhar direito. Tem a sensação
de que todos os funcionários comentam sobre ela. Sente-se
perseguida na fábrica.
Na terça-feira, 24 de julho, Rebeca foi trabalhar. Como
havia sentido dores de ouvido, levou um atestado médico
para a assistente social da LG, que, entre conversas, relembrou
o constrangimento sofrido no dia 06 de junho. A vítima
começou a chorar. Imediatamente foi encaminhada para um
psiquiatra, em Pindamonhangaba. Neste momento, está afastada
da empresa.
"Senhor
Mister Ahn"
No bate-papo sobre as
atitudes do supervisor dentro da fábrica, Rebeca chama
o agressor de "Senhor Mister Ahn", numa clara alusão
de respeito imposto pelo medo. E completa: "As meninas de
lá [setor do celular, de responsabilidade da Ahn] morrem
de medo dele".
Um membro da CIPA (Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes) da LG, Adriano
de Calais Costa, e o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos
de Taubaté, Fábio de Godoy, confirmaram a maneira
desrespeitosa com que Mister Anh trata os funcionários.
Segundo Costa, "ele [Miste Ahn] não respeita as pessoas".
Já Godoy esclarece que Mister Ahn "não conseguiu
assimilar a cultura brasileira e acaba agindo com truculência."
Reincidência
Não é
a primeira vez que a LG vira notícia digna de páginas
policiais. Na edição nº 310, CONTATO denunciou
a humilhação seguida de ameaça de morte que
Júlio César André de Souza sofreu dentro
da LG Eletronics. Na época, Souza era cipeiro na empresa
e alegou que o motivo da humilhação foi por causa
da sua atuação dentro da fábrica. O agressor
da ocasião, Richard Moon, ameaçou demitir os funcionários
que testemunhassem a favor do agredido.
Nessa matéria,
Souza declarou que o agressor berrou para quem quisesse ouvir:
“Aqui no Brasil a lei que vale é a do dinheiro”.
Trata-se de uma manifestação colonialista de quem
quer reeditar aqui as relações trabalhistas mantidas
em sua terra natal onde crianças e mulheres são
submetidas a regimes humilhantes de trabalho. O mundo inteiro
sabe que a Coréia do Sul é um péssimo exemplo
de capitalismo selvagem praticado em pleno século 21.
Sindicato
O Sindicato dos Metalúrgicos
de Taubaté, por meio de Fábio de Godoy , diretor
de base da LG, disse que "é mais um caso lamentável
que nós estamos cuidando". O advogado do Sindicato
dos Metalúrgicos, Breno Ferrari, está cuidando do
caso. Procurado, ele alegou ter recebido "orientação"
para ficar quieto.
Outro
Lado
A
assessoria de imprensa da LG Eletronics não quis comentar
o caso.
* Rebeca é um nome fictício