A NOVA NAMORADINHA
DO BRASIL...

Observador atento do nosso dia-a-dia, mestre JC Sebe descobre uma nova fonte de amores pátrios: jovens esportistas modelares – não confundir com modelos – como Daiane dos Santos e Jade Barbosa, a vitoriosa atleta de apenas 16 anos

 

 


      Pois é!... Sempre que se falava de uma nova namoradinha do Brasil, referia-se a uma atriz bonitinha ou a uma cantora graciosa. Muitas compuseram esta galeria e hoje algumas senhoras respeitáveis poderiam até posar de “vovozinhas” do Brasil. Casadas com o sucesso, algumas viraram figuras permanentes do coração afetivo brasileiro, outras foram esquecidas como amores sem conseqüências. De todo jeito, uma a uma elas foram ficando maduras e... Como o diminutivo “inha” implica jovialidade, a reposição é mais ou menos automática e assim tivemos: Regina Duarte, Suzana Vieira, Martinha, Wanderléia, Glória Pires, Sandy... finalmente esgotamos a carreira das cantoras e atrizes e agora abrimos uma nova fase, com esportistas modelares – eu disse modelares, não modelos. E confessemos, são muito mais interessantes.
      A primeira a mudar o perfil das namoradinhas foi a incrível Daiane do Santos. Que espetáculo! Que exemplo de luta e dignidade. Daiane, descoberta por acaso, aos 12 anos quando brincava em praça pública, num bairro pobre de Porto Alegre, ensinou o Brasil inteiro a respeitá-la mostrando que a graça pode ser parceira da disciplina e da tenacidade. E que não precisa ser bem nascida ou riquinha para ser amada.
      Desde a primeira vez que vi do que Daiane é capaz, fiquei apaixonado por ela. Aliás, eu como o Brasil inteiro. E ouvi-la é outro tipo de música: suave, ponderada, meiga e segura de si. Dela, todos ressaltam a combinação da alegria com determinação.       E quem quer melhor e mais?
      Daiane foi longe, tão longe que um de seus saltos, com desenho feito por ela, ficou conhecido pelo nome de “dos Santos”. Justa e eterna homenagem. Mas Daiane hoje nos seus 24 anos tem que se despedir da condição de namoradinha. Sim, ela sai mas deixa outra ginasta em seu lugar: Jade Barbosa. Como se fosse um gesto de nobreza, uma passa o lugar para outra, no esporte e no coração dos brasileiros.
      Aos 16 anos, a carioquinha Jade deslumbrou o país. Foi paixão à primeira vista, pois, mesmo sendo conhecida, ela ainda não havia despertado amores. Órfã aos 9 anos – a mãe teve um aneurisma fatal – foi criada pelo pai e avós amantíssimos. E como isto lhe fez bem! Recordando sua infância declara numa singeleza terna que gostava de ver televisão de cabeça para baixo.

 

 

 

 

 


      Desde pequena Jade tomou conta do irmão menor, Pedro, agora nos seus 10 anos, e talvez aí ela tenha aprendido o que é responsabilidade. Aos doze anos, deixou a família e passou aos treinos que a levaram a Curitiba onde viveu com a equipe brasileira. Mas não bastava a história de Jade para fazê-la a nova namoradinha. Não. Seu insucesso nas provas de conjunto, depois que o ouro estava praticamente garantido, no último minuto, a fizeram chorar. O Brasil inteiro viu e sentiu sua dor. Brava, a menina voltou e em menos de 24 horas deu a guinada completa. Voou. Venceu e ganhou nosso aplauso e carinho. Aliás, venceu duas vezes: ouro no salto e bronze no solo.
      Jade Barbosa é a nova namoradinha do Brasil. Prêmio para todos nós. Prêmio para quem passa a ver não na carinha bonita da atleta a projeção do amor, mas a lição de quem aprendeu com a dor e se exercitou na determinação. Tomara que a nova namoradinha nos ensine que a dedicação sempre provoca reações e se projeta no futuro. Jade levantou a cabeça e no outro dia subiu ao pódio. E nos levou junto.