Pois é!... Sempre que
se falava de uma nova namoradinha do Brasil, referia-se a uma
atriz bonitinha ou a uma cantora graciosa. Muitas compuseram esta
galeria e hoje algumas senhoras respeitáveis poderiam até
posar de “vovozinhas” do Brasil. Casadas com o sucesso,
algumas viraram figuras permanentes do coração afetivo
brasileiro, outras foram esquecidas como amores sem conseqüências.
De todo jeito, uma a uma elas foram ficando maduras e... Como
o diminutivo “inha” implica jovialidade, a reposição
é mais ou menos automática e assim tivemos: Regina
Duarte, Suzana Vieira, Martinha, Wanderléia, Glória
Pires, Sandy... finalmente esgotamos a carreira das cantoras e
atrizes e agora abrimos uma nova fase, com esportistas modelares
– eu disse modelares, não modelos. E confessemos,
são muito mais interessantes.
A primeira a mudar o perfil
das namoradinhas foi a incrível Daiane do Santos. Que espetáculo!
Que exemplo de luta e dignidade. Daiane, descoberta por acaso,
aos 12 anos quando brincava em praça pública, num
bairro pobre de Porto Alegre, ensinou o Brasil inteiro a respeitá-la
mostrando que a graça pode ser parceira da disciplina e
da tenacidade. E que não precisa ser bem nascida ou riquinha
para ser amada.
Desde a primeira vez que vi
do que Daiane é capaz, fiquei apaixonado por ela. Aliás,
eu como o Brasil inteiro. E ouvi-la é outro tipo de música:
suave, ponderada, meiga e segura de si. Dela, todos ressaltam
a combinação da alegria com determinação.
E quem quer melhor e mais?
Daiane foi longe, tão
longe que um de seus saltos, com desenho feito por ela, ficou
conhecido pelo nome de “dos Santos”. Justa e eterna
homenagem. Mas Daiane hoje nos seus 24 anos tem que se despedir
da condição de namoradinha. Sim, ela sai mas deixa
outra ginasta em seu lugar: Jade Barbosa. Como se fosse um gesto
de nobreza, uma passa o lugar para outra, no esporte e no coração
dos brasileiros.
Aos 16 anos, a carioquinha
Jade deslumbrou o país. Foi paixão à primeira
vista, pois, mesmo sendo conhecida, ela ainda não havia
despertado amores. Órfã aos 9 anos – a mãe
teve um aneurisma fatal – foi criada pelo pai e avós
amantíssimos. E como isto lhe fez bem! Recordando sua infância
declara numa singeleza terna que gostava de ver televisão
de cabeça para baixo.
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Desde pequena Jade tomou conta
do irmão menor, Pedro, agora nos seus 10 anos, e talvez aí
ela tenha aprendido o que é responsabilidade. Aos doze anos,
deixou a família e passou aos treinos que a levaram a Curitiba
onde viveu com a equipe brasileira. Mas não bastava a história
de Jade para fazê-la a nova namoradinha. Não. Seu insucesso
nas provas de conjunto, depois que o ouro estava praticamente garantido,
no último minuto, a fizeram chorar. O Brasil inteiro viu
e sentiu sua dor. Brava, a menina voltou e em menos de 24 horas
deu a guinada completa. Voou. Venceu e ganhou nosso aplauso e carinho.
Aliás, venceu duas vezes: ouro no salto e bronze no solo.
Jade Barbosa é a nova
namoradinha do Brasil. Prêmio para todos nós. Prêmio
para quem passa a ver não na carinha bonita da atleta a projeção
do amor, mas a lição de quem aprendeu com a dor e
se exercitou na determinação. Tomara que a nova namoradinha
nos ensine que a dedicação sempre provoca reações
e se projeta no futuro. Jade levantou a cabeça e no outro
dia subiu ao pódio. E nos levou junto. 
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