Uma
vontade premente de descansar, dessas que surgem de repente e nos
impulsionam a agir sem deixar outra escolha, me levou a Paraty para
curtir um pouco da FLIP, no dia em que Arnaldo Jabor seria palestrante.
Ali, gringos, news hippies e intelectuais, disputavam um pisar mais
seguro no gasto mosaico de pedras das estreitas ruas.
Apesar da justificada ausência
de Jabor e do espreme-espreme no Centro Histórico, a cidade
transpirava alegria e vibração juvenil, capaz de contagiar
a todos, independente dos poucos ou muitos anos vividos. Digo isto
porque o burburinho de crianças na tenda infantil encantava
a ponto de chamar atenção num lúdico entrosamento
de jovens mães participativas. Numa era em que o computador
com seus jogos virtuais comandam a cabeça de nove entre dez
mauricinhos e luluzinhas, é reconfortante saber que nem tudo
está perdido. Longe da rotina estressante do dia a dia, ou
do trabalho/casa, a sensação era de que o mundo tinha
parado.
Bem diferente dos noticiários
da TV, onde nos vemos de braços atados diante da enxurrada
de escândalos dentro e fora do Congresso nacional, da desesperança
no poder público e no descrédito do poder judiciário,
e diante do sentimento de impotência por não ter o
que fazer, os telões armados na praça exibiam um debate
bem diferente... Até os idealistas penduraram as chuteiras.
Após dolorido flash back, notei que, embora a igreja de Santa
Rita ostentasse uma longa e solitária grinalda da altura
de sua fachada, tal qual noiva desprezada, Paraty mantém
o status de mulher bem amada. Sem fazer alarde, reflete com discrição
a elegância despojada de seu passado histórico, com
suas transadas pousadas e ateliês de artistas enfeitiçados
por tantos encantos que elegeram para derradeira morada.
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Na
simbiose entre o anoitecer e as muitas velas espalhadas, tal qual
um lindo colar de pérolas, por dois dias tive a sensação
de poder sentir novamente a vida em cor de rosa...
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Das coisa simples da vida: Arranjos de flores naturais,
mix de almofadas macias em diversas estampas florais, muitas peças
em fibra ou madeira certificada, algum móvel ou objeto
de família que conte uma história.
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Acordar quando o céu ainda está triste: Tomar
café na caneca olhando o horizonte se colorir, sair para
caminhar ou mergulhar de cabeça num mar gostoso ou num
projeto de sonhos.
• Dar muita risada com os mais íntimos:
Sorrir sozinha ao lembrar um momento só seu, jogar conversa
fora entre um cafezinho e outro.
•
Comprar pequenas bobagens para sua casa ou para você
mesma e descobrir no meio disto uma peça que é a
cara de alguém muito querido.
•
Deitar a cabeça à noite num fofíssimo
travesseiro e apagar na hora, sem preocupações,
aborrecimentos ou outros fantasmas mais! Se for embrulhada num
pijama velho, melhor ainda... 
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