Poluição visual prejudica
cartões postais de Taubaté
Faixas colocadas em diversos pontos da cidade causam a sensação de “caos urbano. O mau exemplo começa com a prefeitura que se utiliza dos mesmos recursos para divulgar avisos e propagandas

Por Bruno Monteiro
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brunomonteiro@jornalcontato.com.br


 


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     Praças como Santa Teresinha, Dr. Barbosa de Oliveira, da CTI, Dom Epaminondas são alguns dos principais pontos da cidade. Mas todos eles têm também mais alguma coisa e comum: a poluição visual. Esses cartões postais da cidade estão tomados por faixas que, além do aspecto desagradável, causam também o chamado “caos urbano”, como definem especialistas.
     A explicação pode ser simples. Ao entrar no seu quarto e o encontrar todo bagunçado, com objetos com cores variadas empilhados e espalhados, você poderá sentir uma sensação ruim, de desorganização e até ficar meio tonto. Segundo a socióloga Alessandra Olivato, pós-graduada pela USP, as pessoas agem com uma lógica privada nos locais públicos. Além do individualismo - peculiar em grandes metrópoles -, não existe uma noção clara de espaço público. "A luta individual pela sobrevivência, no mundo atual, dificulta ainda mais a consolidação do conceito de cidadania, historicamente inócuo no país", explica Olivato.
     Ao definir "espaço público" como "o lugar do cidadão", a pesquisadora descobre que as entrevistas revelam uma noção de cidadania precária ao “não respeitar o próximo”.
Guardadas as suas devidas proporções, pode ser essa explicação para a poluição visual provocada por outdoors, banners, faixas, placas e muros pintados em Taubaté. Há uma miscelânea de formas de comunicação. Basta um semáforo onde o motorista é obrigado a parar pelo menos por 30 segundos, que à sua frente ele se depara com um monte de faixas anunciando eventos artísticos, palestras, avisos e anúncios oficiais.
     A Praça de Santa Teresinha, por exemplo, em seus quatro lados, é dotada de cruzamentos, e conseqüentemente, de semáforos. Nestes pontos, o acúmulo de faixas com as mais variadas cores quase impede que os motoristas possam desfrutar do verde da praça, “obrigados” a ver o que está escrito.
     Outro belo ponto que sofre com o oportunismo da publicidade amadora é o recém reformado Parque Dr. Barbosa de Oliveira, ao lado da Rodoviária Velha (Aliás, a própria Rodoviária por si só já é uma grande forma de poluição visual, já que foi pintada com cores berrantes, verde florescente e abóbora forte).
  

 

 



   Nas extremidades do parque, há um exibicionismo de faixas. No semáforo da avenida Nove de Julho, por exemplo, há faixas sobrepostas a outras. Outro problema é que as faixas encobrem as placas indicativas oficiais, como acontece na entrada do túnel Visconde de Tremembé.
  
Prefeitura
     A prefeitura municipal é a primeira a dar o mau exemplo. Faixas com anúncios de obras e campanhas, como a do agasalho, são expostas por toda parte. Inclusive, o prefeito Roberto Peixoto (PMDB) usou a mesma prerrogativa para divulgar por toda cidade que seria contra a instalação da Fundação Casa, antiga Febem. As faixas do prefeito são confeccionadas em um vermelho, tipo cheguei, com escritos amarelos e brancos, com sua mensagem.
     CONTATO questionou a assessoria de imprensa da prefeitura sobre quem estaria pagando estas faixas, já que se trata de promoção pessoal de Peixoto. Nada foi esclarecido até o fechamento dessa edição.

Outro lado
     Diante das freqüentes reclamações de munícipes quanto a poluição visual em relação às faixas colocadas nos cartões postais da cidade, a reportagem encaminhou uma série de perguntas à prefeitura:
     Qual é o critério que a prefeitura utiliza para autorizar a colocação das faixas, por exemplo, na Praça Santa Teresinha, Parque Dr. Barbosa de Oliveira, Praça da CTI, Praça Dom Epaminondas, etc?
     Por quanto tempo as faixas ficam colocadas no local?
     A própria prefeitura utiliza esta forma de publicidade amadora? Se sim, porque?

     A assessoria de comunicação da prefeitura respondeu que: “As faixas de diversos eventos artísticos, ou de interesse público, como festas de instituições religiosas e filantrópicas, e campanhas educativas, são colocadas em locais pré-determinadas pelo DSU (Departamento de Serviços Urbanos), da Prefeitura Municipal, respeitando a legislação municipal”.