As
eleições de 2006 anistiaram políticos envolvidos
com mensalões, sanguessugas, valeriodutos e outros escaninhos
da corrupção que tomou conta de Brasília. Será
que a terra de Lobato, Cesídio Ambrogi, Gentil de Camargo
e outros seguirá o mesmo caminho em 2008?
É esse o sentimento que me assola diante da passividade com
que se transcorreu a sessão da Câmara Municipal na
terça-feira, 10. Os vereadores tinham conhecimento de que
a prefeitura apresentou, em dezembro de 2006, uma carta consulta
à COFIEX a respeito de um pedido de empréstimo de
US$ 24 milhões junto ao FONPLATA. Essa sopa de letrinhas
quer dizer que a prefeitura quer reforçar seu caixa com mais
de R$ 50 milhões às vésperas das eleições
municipais do ano que vem.
Não há qualquer indício de irregularidade.
Pelo menos até o momento. A prefeitura tem todo o direito
de buscar recursos para realizar seus projetos, embora não
haja registro de que os mesmos, se é que existem, tenham
sido divulgados na campanha eleitoral de 2004. O buraco é
mais embaixo.
O que faz em Taubaté, quem trouxe, quem e como foi paga uma
empresa como a MC Consulting, autora do projeto da prefeitura? Por
que o Palácio Bom Conselho se nega a prestar qualquer informação?
Por que a prefeitura acusou e demitiu funcionário acusado
de ser responsável pelo vazamento de uma informação
que deveria ter sido amplamente divulgada? Com se explica que a
prefeitura tenha incluído no pedido de financiamento recursos
para construir um túnel quando a Nova Dutra é a responsável
direta pela obra? Por que a prefeitura tenta, às pressas,
mudar os projetos apresentados à COFIEX? Diante de questões
como essas, no mínimo espera-se que a Câmara Municipal
cumpra seu papel. No mínimo!!
Alguns vereadores argumentam que o pedido de empréstimo ainda
não foi apresentado ao Legislativo. Nesse caso, eles fingem
não enxergar a total falta de respeito do poder Executivo
para com a Câmara. Pior. Nem os vereadores da base aliada
sequer tinham noção do fato. Isso mesmo. FATO. Os
jornais CONTATO e Valeparaibano possuem cópia do projeto
apresentado em Brasília e os vereadores nem mesmo se interessaram
em tomar conhecimento do seu conteúdo.
A apatia e a passividade dos representantes do povo de Taubaté
despolitiza a sociedade civil local quando contribui para desorganizá-la
e torná-la pouco ativa, e a deixa a mercê de políticos
medíocres que acreditam única e somente na memória
curta dos eleitores. Se essa fórmula deu certo em Brasília,
porque não daria certo em Taubaté?
Esse episódio trouxe para o centro do tabuleiro político
local figuras como o ex-ministro Antônio Palocci e seu operador
Rogério Buratti, apontado pela grande imprensa como o sócio
oculto da MC Consulting de Rodrigo Cavallieri, o dono visível
da empresa que elaborou o projeto da prefeitura de Roberto Peixoto.
Como? Por quanto?
Na república petista, iniciativa como essa pode explicar
o ambicionado Estado forte, demiurgo, oligárquico (Sarney,
Maluf, ACM et caterva que o digam), autoritário e tirânico
que está por trás de seus projetos.
Na prefeitura de Peixoto, a falta de criatividade e competência
são, talvez, as maiores responsáveis por essa busca
insana de reprisar aqui os piores momentos das vídeocassetadas
políticas de Brasília. César Maia, prefeito
do Rio de Janeiro, refere-se a Lula como Luis XVI, o último
rei da França. Curiosamente, sua esposa, Maria Antonieta,
foi decapitada pelo regime que o sucedeu.
Será que existe, nesse episódio, alguma semelhança
com Taubaté? Otimista por natureza, ainda acredito que está
para cair a ficha que produzirá mudanças marcantes,
na Câmara e nos ainda pacíficos contribuintes, decisivas
e necessárias para acabar com a mesmice que tomou conta do
Palácio Bom Conselho.
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