Pesquisa
realizada em 2005 revela que apenas um em cada quatro jovens e adultos
brasileiros consegue compreender totalmente as informações
contidas em um texto e relacioná-las com outros dados

De
acordo com o Mapa do Alfabetismo no Brasil (Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais INEP2003), o Brasil ainda possuía,
em 2000, cerca de 16 milhões de analfabetos absolutos (pessoas
que se declararam incapazes de ler e escrever um bilhete simples)
e 30 milhões de analfabetos funcionais (pessoas de 15 anos
ou mais, com menos de quatro séries de estudos concluídas).
E o dado mais estarrecedor, talvez, apontado pela pesquisa, é
o de que 35% dos analfabetos brasileiros já freqüentaram
a escola.
Com outra abordagem sobre o analfabetismo, os dados de uma das mais
relevantes pesquisas sobre o assunto, denominada Indicador Nacional
de Alfabetismo Funcional – INAF-2001, realizada pelo Instituto
Paulo Montenegro, definiu três níveis de alfabetismo
além dos 9% dos entrevistados classificados como analfabetos
absolutos: 31% no nível 1 (rudimentar) de alfabetismo, lêem
apenas títulos ou frases, localizando informações
bem explícitas; 34% no nível 2 (básico) de alfabetismo
conseguem ler textos curtos, localizando informações
explícitas ou que exijam pequena inferência; e 26% no
nível 3 (pleno) de alfabetismo, são aqueles capazes
de ler textos mais longos, localizar e relacionar mais de uma informação,
comparar vários textos, identificar fontes.
O INAF 2005 atualiza a pesquisa realizada há anos e demonstra
que, ainda que se verifique tendência de diminuição
do nível 1 e aumento dos que atingem o nível 2 de alfabetismo
(básico), a situação dos entrevistados que atingem
o nível 3 (pleno) de habilidade não teve evolução
significativa, mantendo-se próximo a um quarto da população
estudada. Ou seja, apenas um em cada quatro jovens e adultos brasileiros
consegue compreender totalmente as informações contidas
em um texto e relacioná-las com outros dados. Configura-se,
assim, um quadro perverso de exclusão social, que deixa à
margem do efetivo letramento cerca de três quartos da população
brasileira.
Deve-se enfatizar que, de acordo com os especialistas, uma das principais
causas do elevado índice de alfabetismo funcional e das dificuldades
generalizadas para a compreensão vertical da informação
escrita se localiza na crônica falta de contato com a leitura,
sobretudo entre as populações mais pobres. Como os investimentos
para combater o analfabetismo têm sido crescentes nos últimos
anos, isso equivale dizer que ao mesmo tempo em que milhões
de brasileiros ingressam a cada ano na categoria de leitores em potencial
outros milhões saem pela porta dos fundos – a do alfabetismo
funcional. Assim, um formidável conjunto de esforços,
energia e investimentos públicos e privados não se realizam
plenamente, não atingindo suas finalidades.
Se, por um lado, o sistema educacional brasileiro incluiu os estudantes
que estavam fora da escola, por outro, essa inclusão não
foi plena, do ponto de vista qualitativo, porque o desempenho dos
alunos, revelado em instrumentos de avaliação como o
SAEB ou o PISA, tem sido baixo, demonstrando sérios problemas
no domínio da leitura e da escrita e o aprofundamento das desigualdades.
O SAEB-2001, do Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Básica – SAEB, desenvolvido pelo Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP/MEC), revela que 59% dos estudantes
da 4ª série do Ensino Fundamental ainda não desenvolveram
as competências básicas de leitura, ou seja, não
conseguem compreender os níveis mais elementares de um texto.
O Relatório do PISA-2000, Programa Internacional de Avaliação
de Estudantes da Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Econômicos, reitera os dados mostrados pelo
SAEB. O Brasil foi o último colocado na avaliação
sobre o letramento em leitura obtido por jovens de 15 anos de 32 países
industrializados.