O PAPEL DA CIA DA ALEGRIA
NA HUMANIZAÇÃO DA SAÚDE

“(...) ficar doente não é nada engraçado e, mesmo nessa condição, crianças não deixam de ser crianças. Todas elas continuam querendo brincar, levando uma vida normal”, em O Livro dos Segundos Socorros, Doutores da Alegria.

 

 

A CIA da Alegria é a realização de um projeto iniciado pelos alunos da turma XXXIV do curso do Departamento de Medicina da Universidade de Taubaté.

Em razão do acelerado processo de desenvolvimento tecnológico em medicina, a singularidade do paciente — emoções, crenças e valores — ficou em segundo plano; sua doença passou a ser objeto do saber reconhecido somente cientificamente; a CIA da Alegria foi criada com o intuito de trazer de volta para primeiro plano essa singularidade.

Ele foi baseado num outro projeto cultural e sem fins lucrativos denominado “Doutores da Alegria’’, formado por artistas que visitam crianças hospitalizadas, em São Paulo, duas vezes por semana.

Em Taubaté, o trabalho é semelhante: os estudantes de medicina, principalmente, das primeiras e segundas séries, são divididos em grupos, geralmente de cinco pessoas, que realizam visitas a ala de pediatria do Hospital Universitário de Taubaté ( HUT ), todos os sábados entre 10h:00 e 12h:30.

Em 2007, a CIA da Alegria será levada, também, à CASAS SÃO FRANCISCO – matéria de capa da edição 308 o Jornal Contato – Casas São Francisco pede SOCORRO. As visitas serão realizadas durante a semana e contarão também com a participação dos estudantes do primeiro e segundo anos. Com isso os alunos terão um trabalho de extensão mais completo que contribuirá na sua formação.

Ainda em 2007, palestras serão realizadas na faculdade para os participantes e demais interessados sobre variados temas para esclarecer e trazer novas informações que serão úteis para os alunos participantes do projeto.

Esse será, praticamente, o primeiro contato solidário que esses alunos terão com seus pacientes. Trata-se de um fato de extrema importância, pois muitas pesquisas científicas mostram que ao se aproximar do paciente e humanizar essa relação, o estudante de medicina consegue entender o complexo mecanismo do doente, suas ansiedades e principalmente estabelecer metas conjuntas (médico/paciente) para restabelecer a saúde do assistido.

A CIA da Alegria é um trabalho voluntário realizado no intuito de levar conforto e alegria àquelas crianças. No voluntariado todos ganham: o voluntário, aquele com quem o voluntário trabalha, a comunidade. A tarefa assistencial conduz também ao campo ético. A questão ética surge quando alguém se preocupa com as conseqüências que sua conduta tem sobre o outro. A ética exige a percepção do outro. E é isso que acontece com a assistência humanizada. Nada é maior do que a solidariedade, principalmente quando realizada com prazer e alegria.

O ambiente proporcionado com os projetos de humanização estimula naturalmente as ações das crianças e adolescentes internados, e agora mais recentemente dos idosos. O resultado contribui para melhorar a imagem da hospitalização, o ambiente deixa de ser hostil porque facilita a integração ao ambiente hospitalar e ajuda para que haja uma maior aceitação e colaboração dos pacientes aos procedimentos da própria internação. Esse sentimento, indiretamente, também repercute nos familiares e nos profissionais, na medida em que transformam o ambiente hospitalar num local menos estressante.

Pode-se dizer então que a teia interacional, ou seja, o conjunto das relações que se estabelecem nas instituições — profissional-paciente, recepção-paciente, profissional-equipe, profissional - instituição e outras — está se humanizando. E a CIA da Alegria foi um dos primeiros passos que colaboraram para tal humanização!

Vale esclarecer que a definição de saúde varia de acordo com algumas implicações legais, sociais e econômicas dos estados de saúde e doença. A definição mais difundida é a encontrada no preâmbulo da Constituição da Organização Mundial da Saúde: um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença.

Por isso, é essencial que os cursos de medicina estejam sempre a par de tais trabalhos de extensão e voluntariado. Desse modo, como futuros médicos, estaremos passando pela experiência de dividir nossa alegria e comprometimento no sentido de sempre contribuir para o bem estar, não só físico, como também emocional desses pacientes.

A boa vontade, a capacidade de doação e aproximação com as crianças e com os idosos nos ensinarão o melhor caminho na vivência acadêmica na MEDICINA.

Assim, os estudantes de medicina e / ou médicos já formados nunca poderão se esquecer que um dos focos principais da medicina é a alegria e satisfação em devolver para seu paciente a felicidade de viver!

 

Juliana Bittencourt Bromatti
Diretora Comunitária da Cia da Alegria – DABM da MEDICINA


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