Mestre Marmo recupera a origem histórica 
            pagã da maior festa cristã e mostra como a Igreja não 
            só a incorporou em seu calendário como a revestiu de 
            uma roupagem perfeitamente adequada às condições 
            exigidas pela sua doutrina.
          
          
            
           A 
            festividade que comemora o nascimento de Jesus Cristo é a maior 
            festa da cristandade, uma das mais coloridas celebrações 
            da humanidade, da civilização surgida do cristianismo 
            no Ocidente. 
          
            Segundo os crentes, o nascimento do Messias (ou Cristo) estava já 
            previsto no Antigo Testamento. A data convencionada para sua celebração 
            foi o dia 25 de Dezembro, pela Igreja Católica Romana, e o 
            dia 7 de Janeiro, pela Igreja Ortodoxa. É um acontecimento 
            religioso e socialmente muito importante para as religiões 
            cristãs, juntamente com a Páscoa.
          
            Após a celebração anual da Páscoa, a comemoração 
            mais venerável para a Igreja é o Natal do Senhor. Ele 
            é encarado universalmente como o dia consagrado à família 
            reunida, à paz, à fraternidade e à solidariedade 
            ente os homens.
          
            Nas línguas latinas, o vocábulo Natal deriva de Natividade, 
            ou seja, referente ao nascimento de Jesus. Nas línguas anglo-saxônicas 
            o termo utilizado é Christmas, literalmente “Missa de 
            Cristo”. Já na língua germânica, é 
            Weihnachten e tem o significado “Noite Bendita”.
          
            No ano 245 d.C., o teólogo Orígenes (185 — 253 
            d.C.) repudiava a idéia de se festejar o nascimento de Jesus 
            “como se fosse um Fa-raó”. De acordo com o almanaque 
            romano, a festa já era celebrada em Roma no ano 336 d.C.. Na 
            parte Oriental do Império Romano, comemorava-se em 7 de janeiro 
            o seu nascimento quando do seu batismo, em virtude de não ter 
            aceito o Calendário Gregoriano.
           
            
            No Século IV, as igrejas Ocidentais passaram a adotar o dia 
            25 de Dezembro para o Natal e o dia 6 de Janeiro para Epifania (que 
            significa “manifestação”). Nesse dia come-mora-se 
            a visita dos Magos.
          
            A celebração do Natal de Jesus foi instituída 
            oficialmente pelo bispo romano Libério, no ano 354 d.c.. Na 
            realidade, a data de 25 de Dezembro não é a data real 
            do nascimento de Jesus. A Igreja entendeu que devia cristianizar as 
            festividades pagãs que os vários povos celebravam por 
            ocasião do Solstício de Inverno, que é o dia 
            em que, no hemisfério Norte, a Terra está mais afastada 
            do Sol.
          
            Foi por isso que, segundo certos eruditos, o dia 25 de Dezembro foi 
            adotado para que a data coincidisse com a festividade romana dedicada 
            ao “nascimento do deus Sol invencível”, que comemorava 
            o Solstício do Inverno. No mundo romano, a Saturnália, 
            festividade em honra ao deus Saturno, que se comemorava de 17 a 22 
            de Dezembro, era um período de alegria e troca de presentes. 
            O dia 25 de Dezembro era tido também como o do nascimento do 
            misterioso deus solar persa Mitra, “o Sol da Virtude”.
          
            Assim, em vez de proibir as festividades pagãs, a Igreja forneceu-lhes 
            simbolismos cristãos e uma nova linguagem também cristã. 
            As alusões dos padres da igreja ao simbolismo de Cristo como 
            “o Sol de justiça” (Malaquias 4:2) e a “luz 
            do mundo” (João 8:12) expressam o sincretismo religioso 
            de sua origem.
          
            As evidências confirmam que num esforço de converter 
            os pagãos, os líderes religiosos adotaram a festa que 
            era celebrada pelos romanos, “nascimento do deus Sol invencível” 
            (Natalis Invistis Solis) e tentaram fazê-la parecer “cristã”.
          
            Há muito tempo se sabe que o Natal tem raízes pagãs. 
            Justamente por causa de sua origem não-bíblica, no século 
            17 essa festividade foi proibida na Inglaterra e em algumas colônias 
            americanas. Quem ficasse em casa e não fosse trabalhar no dia 
            de Natal era multado. Mas os velhos costumes logo voltaram e alguns 
            novos foram acrescentados. O Natal voltou a ser e ainda é um 
            grande feriado religioso em muitos países.