| Por Ana Lucia Viana Irmandade 
              de MisericórdiaViva o bebê: um exemplo de solidariedade 
              ativa
 ___ Rosa, por que você não recebeu a bolsa do 
              nenê?___Porque eu ganhei meu filho em Pinda. Não havia leito para 
              mim no Hospital Universitário no dia que Tomás nasceu. 
              Mas, minha vizinha Eva recebeu quando nasceu o Rian (3 meses). Aliás, 
              ela me emprestou a sacola quando eu precisei sair do hospital de 
              Pinda.
 
 Esse 
              diálogo foi registrado por nossa repórter quando soube 
              que Rosa, prima de sua funcionária, mãe de Tomás 
              com apenas dois meses, não havia recebido o kit fornecido 
              pela maternidade do Hospital Universitário. Ou melhor, fornecido 
              pela Irmandade de Misericórdia, por meio do programa “Viva 
              o Bebê”.
 Desde que o HOSIC – Hospital Santa Isabel de Clínicas 
              – foi encampado pelo governo do Estado e transformado em Hospital 
              Regional, como previa seu projeto original, muitas crianças 
              de Taubaté nasceram em Pinda, Tremembé e outras cidades 
              da Região por falta de maternidade para mães de baixa 
              renda. A Irmandade de Misericórdia, que até recentemente 
              administrou o antigo HOSIC, retomou sua vocação filantrópica 
              e na ausência absoluta de qualquer atendimento por parte do 
              poder público, assumiu o compromisso de fornecer um kit para 
              as crianças que nascem por meio do SUS – Sistema Único 
              de Saúde. Detalhe: tudo é feito com recursos próprios, 
              sem qualquer ajuda oficial, que se viesse seria até bem vinda.
  Kit contendo 25 itens básicos para suprir as necessidades 
              do bebê filho de mãe carente
 
 Triste retrato
 Em 
              Taubaté, a única maternidade que atende pelo SUS é 
              a do Hospital Universitário. Nascem, em média, sete 
              crianças por dia, a maioria meninos. 90% das mães 
              não trabalham, e as que têm emprego, recebem um pouco 
              mais que salário mínimo. 10% das parturientes são 
              adolescentes, as quais não estudam ou deixam de estudar após 
              o nascimento do primeiro filho. Muitas chegam apenas com a roupa 
              do corpo sem nada para o recém nascido. Com o objetivo de minimizar alguns desses fatos a Irmandade de Misericórdia 
              de Taubaté iniciou há um ano o programa “Viva 
              o Bebê”, que distribui na maternidade um Kit contendo 
              itens essenciais às primeiras semanas de vida do nenê. 
              Originalmente, o programa teve início no fim do governo do 
              então prefeito Antônio Mário, mas foi logo abandonado 
              pelo poder público local.
    
              Trabalho exemplar  
              Alzira Oliveira da Silva Souza é a coordenadora do projeto. 
              Ela conta que o kit, contendo 25 itens, é acondicionado em 
              bolsas plásticas: rosa para as meninas e azul para meninos. 
              As bolsas são entregues lacradas para todas as mães 
              internadas na maternidade do HU, sejam as pacientes da cidade de 
              Taubaté ou de cidades vizinhas. Não é preciso 
              cartão algum. São entregues material de higienização 
              do cordão umbilical (álcool 70%, cotonetes e gaze), 
              pacotes de fralda descartável e de pano, um enxoval de roupas 
              básicas de lã e algodão e um conjunto completo 
              branco para o batizado. A aquisição do material é feita sob cotação 
              e a escolha á baseada no preço e na qualidade das 
              roupas (antialérgicas). Uma cartilha de informações 
              para a futura mamãe e o bebê acompanha o conjunto. 
              As parturientes são orientadas quanto à higiene pessoal 
              e dos recém-nascidos pela coordenadora, que visita a maternidade 
              todos os dias de domingo a domingo. A ausência de mamadeira 
              e de latas de leite em pó é proposital, para estimular 
              o aleitamento materno.
    Mães e avõs aguardam ansiosas o Kit do programa 
              "Viva o Bebê"
 
 
 
 À procura de parceiros
  
              Todas as mães são cadastradas. Desde agosto, as mães 
              recebem uma carta convidando-as a retornarem à sede da instituição 
              após o quarto mês de vida do bebê, para receberem 
              o chamado Kit II. Trata-se de um kit menor formado por uma frasqueira 
              contendo 4 pacotes de fralda descartável tamanho G , sabonete 
              e roupas de verão ou inverno, dependendo da estação 
              do ano em curso. No momento da nossa visita, seis mães estavam presentes, 
              acompanhadas de seus filhos e dos documentos exigidos para recebimento 
              da nova bolsa: certidão de nascimento, carteira de vacinação 
              em dia e comprovante do teste do pezinho.
 Segundo a coordenadora, já foram entregues mais de duas mil 
              bolsas neste primeiro ano de atuação e ela acredita 
              que o programa só tende a crescer e se aperfeiçoar. 
              Ele já vem sinalizando atitudes para futuras ações 
              como a de capacitação profissional das mães 
              para geração de renda familiar, orientação 
              sexual e a extensão das bolsas até as crianças 
              alcançarem um ano de idade.
 Há poucos voluntários participando dessas ações. 
              Segundo José Roberto Santos, Provedor da Irmandade, ainda 
              não foi possível conseguir a adesão de parceiros 
              nas empresas locais que possibilitem o reforço ou melhoria 
              dos programas.
 As bolsas custam em média R$ 60,00 e estão sendo cobertas 
              pelo rendimento da aplicação do dinheiro da venda 
              da Santa Casa à Universidade.
 O objetivo maior desse programa é a conscientizarão 
              das mães no trato dos bebês, ativada pelo desenvolvimento 
              da auto-estima e da percepção da capacidade do cuidado 
              maternal. Contudo, procura também reaver um envolvimento 
              maior da população que há tempos atrás 
              apresentava um perfil social altruísta e participativo para 
              o atual comportamento de isolamento consumista.
  Com o sorriso de orelha a orelha, sônia Soares da Silva, 
              moradora do bairro Vera Cruz, recebe o Kit que beneficiará 
              sua filhota Jhuliene Vitória de apenas oito meses
      
              Terceira Idade  
              O sucesso do Programa Viva o Bebê estimulou a Irmandade a 
              expandir suas instalações para atender um público 
              da terceira idade que não tem qualquer opção 
              de lazer, recreação e cultura. Para isso, salas estão 
              sendo construídas no terreno ao lado e devem ficar prontas 
              em dezembro. Em janeiro, elas abrigarão um “Centro 
              de Convivência de Idosos”, com oficinas, salas de bate-papo 
              e de ginástica e até mesmo uma piscina aquecida para 
              hidroginástica. Parte deste novo complexo abrigará, 
              também, um berçário onde as crianças 
              serão atendidas no período de permanência das 
              mães nas aulas de capacitação profissional. Quem quiser colaborar ou obter mais informações é 
              só ligar para (12) 3632.4432
 
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