|    Prever 
              certas situações dispensa futurologia vulgar. Basta 
              o mínimo de bom senso. Por exemplo. Imagine o acontecerá 
              ao Partido dos Trabalhadores no dia seguinte a uma derrota do presidente 
              Lula, candidato à reeleição. Só mesmo 
              um doente das faculdades mentais seria capaz de imaginar que no 
              day after o partido estaria unido como nunca esteve e que toda a 
              direção iria voltar para o trabalho de base. Dificilmente, alguém com QI acima de zero deixar de prever 
              uma guerra fratricida que começará antes mesmo do 
              encerramento da apuração dos votos. Vai ser um pega 
              pra capar daqueles.
 Voltando a essa terra dos Guaianás – Bernardo Ortiz 
              jura que tem essa origem – já é possível 
              perceber os primeiros sinais de que algo de novo vem ocorrendo na 
              Câmara Municipal. Tudo indica que está encerrada a 
              longa lua-de-mel que marcou esse ano e meio de casamento entre o 
              prefeito e os vereadores.
 Alguns, como não poderiam deixar de ser, continuam fiéis. 
              É o caso de Carlos Peixoto (PSC), o sobrinho que jamais abandonará 
              o barco do tio por absoluta falta de opção para sua 
              mediocridade política. Chico Saad, por outro motivo, não 
              sairá da base de apoio do prefeito. A razão é 
              muito simples: ele aposta todas as fichas que conseguirá 
              assinar a ficha de filiação do prefeito no seu partido, 
              o PMDB, que lhe garantirá enorme espaço – até 
              hoje negado – junto aos inquilinos do Palácio Bom Conselho.
 Arizinho Kara, pastor Valdomiro, Rodson Lima são verdadeira 
              marias-vão-com-as-outras. Enquanto o Executivo dispuser de 
              algum recurso para atender suas inomináveis demandas, esses 
              vereadores continuarão a apóia-lo. Henrique Nunes, 
              pragmático de horizonte estreito e curto, ficará contente 
              com as migalhas que sobrarão pelo seu apoio à candidatura 
              de Carlos Peixoto a presidente da Câmara. Portanto, na melhor 
              das hipóteses, a dois meses das eleições, a 
              base parlamentar do prefeito não ultrapassa de sete votos 
              num colégio eleitoral de 14 vereadores.
 Nesse caso, o prefeito já não dispõe de maioria 
              como aconteceu ao longo desses 18 meses de governo. Aliás, 
              diga-se passagem, durante quase todo esse período havia apenas 
              uma voz pregando no deserto: a do petista Jéferson Campos. 
              Os demais vereadores, portanto, não podem ser chamados de 
              oposicionistas. Eles simplesmente iniciaram um processo de mudança 
              provocado pela ação pouco recomendável em todos 
              os níveis – ambientais, políticos e éticos, 
              por exemplo – , por parte do governo municipal.
 Não é preciso uma bola de cristal para prever alguns 
              lances de curto e médio prazo. Diante da falta de recursos 
              públicos, da ausência de projetos e propostas, da mediocridade 
              política, dos resultados eleitorais e da absoluta falta de 
              sinais de que haverá alguma mudança nesse comportamento, 
              pode-se apostar que até o final do ano serão muito 
              maiores as dificuldades do poder Executivo.
 Essas dificuldades deverão ser potencializadas com os resultados 
              das ações quando encontrarem guarida na Justiça 
              e por novas denúncias que já estão prontas 
              porque são quase públicas as pressões que estão 
              sendo exercidas por assessores do primeiro escalão em favor 
              de determinadas empresas que “disputam” milionários 
              contratos com a prefeitura.
 Vereadores que têm dado a cara para bater em defesa da prefeitura 
              já não escondem suas decepções. Pena 
              que sejam impublicáveis as previsões que fazem a respeito 
              do futuro político do prefeito. Futuro que sequer poderá 
              ser compartilhado com sua paixão e musa inspiradora.
 
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