| CONTATO 
              - Como o senhor analisa essa divisão crônica do PMDB?Michel Temer - Trata-se de visões diferenciadas 
              a respeito da identidade própria do partido. É preciso 
              sempre ter alguém empunhando a bandeira de que essa identidade 
              é construída com o lançamento de uma candidatura 
              própria a presidente da República. Outros, menos preocupados 
              com essa identidade, contentam-se com a ocupação de 
              cargos no governo. Essa é a grande divergência.
 CONTATO 
              – Mas a divergência mostrou-se mais profunda.Michel Temer – Ela foi acirrada por causa da verticalização. 
              Se ela não tivesse sido aprovada, com certeza o PMDB teria 
              lançado um candidato próprio. Mas a sua aprovação 
              desencadeou uma enorme pressão de governadores que construíram 
              as mais diferentes alianças em seus estados. Com a verticalização, 
              ficamos engessados porque uma aliança nacional tem de se 
              repetir em todos os estados.
 CONTATO 
              – Se o PT ou o PSDB tivessem indicado Orestes Quércia 
              para disputar o senado o quadro o PMDB poderia ter se aliado a um 
              deles?Michel Temer – Poderia ter havido acordo, sem dúvida. 
              Particularmente, acho muito difícil um acordo com o PT. O 
              mesmo não acontece com Quércia. Por causa da verticalização 
              que amorteceu nossos ânimos e de divergências como essa, 
              liberamos nossos filiados para acordos pontuais.
 CONTATO 
              – Os que defendiam uma candidatura própria se confundem 
              com os peemedebistas históricos?Michel Temer – Sem dúvida. Desde os mais antigos 
              como Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcelos (PE) e até os 
              mais jovens como Germano Rigoto (RS), Luis Henrique (SC) e Roberto 
              Requião (PR) defenderam a candidatura própria.
 CONTATO 
              – Como é presidir um partido tão dividido?Michel Temer – Muito difícil. E olha que eu 
              presido o PMDB há quase 6 anos. Eu não acirro os ânimos. 
              Tenho certeza que nosso partido estará mais unido após 
              as eleições porque estaremos todos juntos dentro ou 
              fora do governo. Se houver um governo de coalizão, estaremos 
              dentro. Caso contrário, estaremos na oposição. 
              O governo Lula queria conversar de forma muito pessoal e muito pouco 
              institucional. Não foi possível. Quando o ministro 
              Tarso Genro ofereceu a coalizão era muito tarde.
 CONTATO 
              – O que seria essa coalizão?Michel Temer – Trata-se de governar junto. O presidente 
              oferece aos aliados partes políticas do governo para que 
              ele, partido, imprima sua política. Por exemplo, o ministério 
              da Agricultura. O partido que assumir esse ministério terá 
              ampla liberdade para desenvolver suas propostas.
 CONTATO 
              – E a reforma política?Michel Temer – Será inevitável no próximo 
              governo. É uma necessidade que não pode mais ser adiada. 
              Eu sou favorável à lista de candidatos para que possa 
              haver financiamento público das campanhas eleitorais. As 
              listas reforçam os partidos políticos e aumenta a 
              fidelidade partidária.
 CONTATO 
              – Mas aumentaria o poder dos caciques sobre a máquina 
              partidária.Michel Temer – Só na primeira eleição. 
              A partir da segunda, tenho certeza que a militância partidária 
              tomará conta da máquina partidária.
 CONTATO 
              – O senhor com ex-secretário, como analisa a crise 
              da segurança pública?Michel Temer – Ela se resolve com investimento. Com 
              administração e investimento. E, claro, com inteligência. 
              Bill Clinton (ex-presidente dos EUA) inaugurou uma penitenciária 
              federal por mês, nos seus dois governos. (O presidente) Lula 
              inaugurou apenas uma em quatro anos.
 CONTATO 
              – O PMDB foi muito afetado pela crise que abateu sobre o Congresso 
              Nacional?Michel Temer – A grande maioria de nossos parlamentares 
              não foi contaminada. Tenho certeza que a sociedade sairá 
              melhor da crise do que quando ela começou.
 CONTATO 
              – O que o senhor acha da convocação de uma constituinte 
              específica para a reforma política proposta pelo governo 
              Lula?Michel Temer – Um disparate!
 CONTATO 
              – Geraldo Alckmin tem chances de vencer?Michel Temer – Sem dúvida. Quando começar 
              a campanha pela TV veremos a diferença. Ele é muito 
              melhor na TV do que ao vivo.
 "Se houver um governo de coalizão, estaremos dentro. 
              Caso contrário, estaremos na oposição"
    
 Deputado 
              Federal Michel Temer (PMDB)  |