| CONTATO 
              – Por que a senhora decidiu candidatar-se a reitora da Unitau?Profª Lucila – Foi a primeira vez que me candidatei. 
              Resolvi [candidatar-me] em função de uma história 
              que eu tenho dentro da Universidade de Taubaté. Estou na 
              Unitau desde 1979. Tive a oportunidade e a honra de ocupar alguns 
              cargos dentro da Universidade. Comecei [minha carreira] tendo a 
              oportunidade de implantação do curso de Enfermagem. 
              Permaneço até hoje. Hoje sou diretor do Instituto 
              Básico de Biociências (IBB) que foi uma nova unidade 
              da Universidade. Fui designada pelo professor Nivaldo Zöllner 
              [reitor da Unitau de 2002 a 2006] para organizar e implantar. Isso 
              tudo [IBB] já existe desde janeiro de 2004.
 CONTATO 
              – Houve algum desgaste com a escolha da lista tríplice?Profª Lucila – Acredito que foi um processo 
              extremamente legal, legítimo. Houve uma maior lisura por 
              parte dessa eleição. Eu acredito que na história 
              da Universidade esse processo foi o mais harmonioso que já 
              ocorreu.
 CONTATO 
              – Qual a importância de três professoras concorrerem 
              ao cargo de reitora?Profª Lucila – Foram circunstâncias que 
              aconteceram. Tenho dito sistematicamente que hoje a mulher tem condições 
              de disputar os mesmos cargos que os homens. A mulher está 
              preparada para assumir esses cargos. Temos vários exemplos 
              disso. Nós temos primeiro, e eu acho um dos mais importantes, 
              é o exemplo da reitora da Universidade de São Paulo 
              (USP). Não só a mulher ocupa o cargo de reitor, como 
              a vice também é mulher. A presidente do Supremo Tribunal 
              Federal é mulher [ministra Ellen Gracie]. Temos a primeira 
              ministra da Alemanha [Ângela Merkel]. Temos uma mulher que 
              ocupa um dos cargos mais importantes do mundo, a Condoleezza Rice 
              [secretário de estado do governo George Bush]. Hoje temos 
              condições de igualdade.
 CONTATO 
              – Quais as principais tarefas com reitora?Profª Lucila – Eu acho que desencadeiei um processo 
              na Universidade de Taubaté a partir de um momento em que 
              eu apresentei à comunidade universitária um compromisso 
              de gestão. Basicamente, eu chamo atenção para 
              a questão dos servidores – funcionários e prefessores 
              - da Universidade. A implementação do plano de carreira 
              é fundamental. Os funcionários já o possuem. 
              Mas os professores não. É preciso reformar tanto o 
              regimento interno como a próprio estatuto da Universidade. 
              Vamos implementar também a eleição direta em 
              todos os níveis, inclusive para chefe de departamento e diretor 
              de instituto. Outro ponto extremamente importante para a Universidade 
              de Taubaté é a questão da infra-estrutura da 
              Universidade. Nós teremos que rever e melhorar toda a infra-estrutura 
              física e didática/pedagógica. Melhorando-a, 
              conseqüentemente, nós iremos melhorar também 
              nossa qualidade de ensino e nosso atendimento aos alunos.
 CONTATO 
              – Dos pontos destacados, qual é o principal?Profª Lucila – Não existe um carro-chefe. 
              Existe, sim, um programa que eu tornei público. De todos 
              os pontos que eu coloquei no meu plano de trabalho, eu acredito 
              que todos sejam exeqüíveis nos próximos quatro 
              anos. Para mim, todos têm a sua prioridade.
 CONTATO 
              – O fato de o prefeito escolher o reitor interfere na autonomia 
              da Universidade?Profª Lucila – Não. A Universidade de 
              Taubaté é uma autarquia municipal e nos mesmos moldes 
              da Universidade de São Paulo, Unicamp ou Unesp cujos reitores 
              são escolhidos pelo governador a partir de uma lista tríplice. 
              A Unitau é uma autarquia. Por isso, não vejo porque 
              o prefeito não escolher. É uma legislação 
              que está em vigor. A autonomia da Universidade é constitucional. 
              É garantida de forma constitucional. O fato de o reitor ser 
              escolhido pelo prefeito em hipótese alguma interfere na autonomia 
              da Universidade.
 CONTATO 
              – Como será sua relação com a prefeitura? 
              Profª Lucila – Já tive experiência 
              anterior. Ocupei cargo na prefeitura também. Nós desejamos 
              manter, reforçar e ampliar as parcerias que existem entre 
              prefeitura e a Universidade. A Universidade tem tudo o que a prefeitura 
              precisa e a prefeitura tem tudo que a Universidade precisa. Um dos 
              papéis da Universidade é o atendimento na comunidade, 
              uma relação que hoje é muito tímida. 
              Vamos fazer isso por meio da pró-reitoria de extensão 
              e assuntos comunitários.
 CONTATO 
              – Os investimentos serão com recursos próprios 
              ou da prefeitura?Profª Lucila – Esse investimento seria, em um 
              primeiro momento, da Unitau. Por isso, teremos que fazer um estudo 
              para ver como está o orçamento, o que podemos investir 
              na infra-estrutura. Se eu puder e conseguir colaboração 
              da prefeitura, será muito bem vinda. Em princípio, 
              recurso próprio. Pretendo também rever todo o patrimônio 
              histórico. Uma menina dos meus olhos é a Capela do 
              Bom Conselho. Vamos tentar trazer recurso do estado, da União 
              e até internacional junto a órgãos de fomento.
 CONTATO 
              – Há plano para a estadualização e/ou 
              federalização da Unitau?Profª Lucila – Eu não acredito nisso 
              porque não há possibilidade de se fazer isso. Dificilmente 
              o governo federal ou estadual irá absorver todo o patrimônio 
              humano e físico da Universidade. Quero deixar bem claro que, 
              no momento, não existe possibilidade de estadualizar ou federalizar 
              a Universidade de Taubaté.
 CONTATO 
              – No ano passado, era perceptível que havia resistência 
              ao seu nome. Talvez até fossem manifestações 
              preconceituosas. Como superou essas resistências?Profª Lucila – Como diria Nelson Rodrigues, 
              toda unaminidade é burra (risos). Sempre vou ter opositores 
              e saberei lidar com habilidade e harmonia. Tenho pregado isso dentro 
              da Unitau. Terminou a fase de represália. Isso não 
              comporta mais dentro de uma instituição como a Universidade 
              de Taubaté.
 CONTATO 
              – Qual a primeira medida que vai tomar como reitora?Profª Lucila – Constituir dois grupos de trabalho, 
              até dia 5 de julho (a posse oficial será no dia 3). 
              O primeiro (para estudar soluções) para o Hospital 
              Escola e o segundo para fazer análise a apresentar para toda 
              a instituição em um prazo de três meses.
  
              CONTATO – Podemos cobra-la depois desse prazo?Profª Lucila – Pode.
 
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