| CONTATO 
              – Como é a sensação de enfrentar essa 
              situação? Cel. Guimarães – Passa a ser mais uma das 
              preocupações do Batalhão. Mantemos um controle 
              rígido juntamente com a Secretaria de Assuntos Penitenciários 
              no CDP e no P-1. São as unidades que dão mais trabalho, 
              pois há risco de fuga em massa. Qualquer balbúrdia 
              nesses presídios, nos reunimos com o diretor, promovemos 
              uma revista interna posterior ou intervenção em caso 
              de necessidade. Isso aconteceu no CDP. Havia risco de morte de alguns 
              agentes que estavam em poder dos presos. Mantemos atenção 
              24 horas.
 CONTATO 
              – Como foi informado dos ataques e das rebeliões? Cel. Guimarães – Começamos a vivenciar 
              esse problema no dia 6 de maio, com a primeira rebelião no 
              P-1. No dia 11, houve as transferências das lideranças 
              para outra área. Daqui saíram 33 presos. No dia 12, 
              à noite, fizemos uma operação de busca e apreensão 
              em uma residência e encontramos uma central telefônica 
              clandestina. Foram presas 8 pessoas. A unidade não estava 
              desprevenida. A corporação já estava preparada, 
              aguardando informações de qual seria o dia exato. 
              Tanto que na área do 5º Batalhão conseguimos 
              rechaçar todos os casos. Não tivemos nenhum policial 
              morto ou ferido. Não tivemos nenhum dano.
 CONTATO 
              – Qual o balanço geral da polícia?Cel. Guimarães – Com ligação 
              ao crime organizado, a priori, estão as rebeliões 
              no CDP e no P-1. Esses dois casos estão ligados à 
              organização criminosa. Outro [fato] que tem ligação 
              foi a apreensão de duas metralhadoras, duas pistolas, dois 
              revólveres, coletes à prova de bala e rádios 
              comunicadores, pela Polícia Rodoviária, entre Pindamonhangaba 
              e Tremembé, na madrugada de segunda-feira, 15. Além, 
              claro, das centrais telefônicas que, em alguns casos, têm 
              ligação com o crime organizado.
 CONTATO 
              – E os ônibus incendiados?Cel. Guimarães – Os atentados a ônibus 
              estão ligados ao transporte clandestino. Quem que são 
              os interessados em que a empresa de ônibus não funcione? 
              Já existia esse tipo de problema em Campos do Jordão 
              há um mês. São baderneiros misturados com clandestinos 
              que fazem essa situação. Os demais casos foram de 
              bandidos que mandaram a conta para o PCC. São escaramuças 
              que não têm ligação com o crime organizado. 
              O indivíduo, por exemplo, que não gostava do policial. 
              Quanto ao comércio, estamos trabalhando com efetivo total, 
              com força tática. Algumas lojas em São Paulo 
              fecharam por causa da ação de baderneiros motoqueiros 
              que insuflavam a população para fechar o comércio. 
              De São Paulo passou para São José dos Campos 
              até chegar em Taubaté. Praticamente triplicou o número 
              de ligações para 190. Foram cinco mil ligações 
              a mais que o normal.
 CONTATO 
              – Como foi Taubaté naquela segunda-feira?Cel. Guimarães – Por volta das 20h, saí 
              para olhar a situação: a cidade estava deserta. Nunca 
              vi isso na minha vida. Esses boatos foram a coisa mais forte que 
              já vi. Tivemos [apenas] uma ocorrência nesse período, 
              furto de carro. Além de uma moto, que estava sendo acompanhada, 
              quando ia ser abordada efetuou disparos contra a guarnição. 
              Um dos motoqueiros, com passagem pela policia, morreu e o outro 
              fugiu. A moto era roubada.
 CONTATO 
              – Instituições de ensino e a prefeitura suspenderam 
              as aulas. Houve alguma orientação por parte da PM?Cel. Guimarães – Não. [Pararam] por 
              livre arbítrio deles, tomaram essa decisão sem nos 
              consultar. Não vou questionar. Orientamos para que a vida 
              permanecesse normal porque é importante para o estado e município. 
              Taubaté é uma cidade ordeira e não pode dar 
              atenção a esses boatos.
 CONTATO 
              – A PM está preparada para enfrentar esse tipo de situação?Cel. Guimarães – O equipamento policial é 
              superior. O impasse é em relação ao ordenamento 
              jurídico que é de 1940. Taubaté sofre com a 
              liberação de presos por indulto. Saíram cerca 
              de 1200 presos. Isso é legal. Se os legisladores não 
              modificarem a lei, a situação vai continuar.
  “Na 
              área do 5º Batalhão conseguimos rechaçar 
              todos os casos. Não tivemos nenhum policial morto ou ferido” |