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                | Com a corda no pescoço
 
  CONTATO – As possibilidades do Taubaté 
                    nessa última fase foram todas esgotadas?
 Zaparolli – Dei tudo do meu emocional em benefício 
                    desse trabalho. Mas o que me abalou mesmo foi o jogo com o 
                    Barueri. Lá eu vi as dificuldades e senti que estava 
                    balançando. Num momento como esse não adianta 
                    procurar um culpado, então eu disse aos jogadores que 
                    sozinho eu não podia tirar o barco do meio do rio por 
                    causa da forte tempestade e que precisava da ajuda de co-pilotos. 
                    Fui apenas uma peça nesse contexto. Espero que toda 
                    alegria e também toda tristeza que enfrentamos sirva 
                    para reflexão do Taubaté e de exemplo para o 
                    próximo ano. Vamos ver se no ano que vem não 
                    teremos os problemas extra-campo que tivemos esse ano.
 CONTATO 
                    – Foi um jogo emocionalmente forte, mas o Taubaté 
                    conseguiu a permanência na A-2. Qual a definição 
                    do sr. para esse jogo?Zaparolli - Para mim, a situação toda 
                    começou em Barueri e depois aqui [no Joaquinzão] 
                    contra o Guaratinguetá. Foi muito difícil para 
                    nós as derrotas em casa, principalmente, contra o Guará 
                    e o Nacional. Poderíamos ter somado até nove 
                    pontos e nós tivemos três derrotas. Nesse jogo 
                    [contra o Rio Claro], não tinha outra opção, 
                    tive que fazer o time jogar como joga fora de casa: partir 
                    para cima do adversário, numa boa, sem se expor defensivamente. 
                    Fora de casa, jogamos quatro vezes. Ganhamos duas, empatamos 
                    uma e perdemos uma. Conseguimos uma boa vantagem. Ruim foram 
                    os resultados dentro de casa: de quatro jogos, ganhamos um 
                    e perdemos três [no primeiro turno]. Depois [no segundo 
                    turno], fizemos cinco partidas no Joaquinzão e vencemos 
                    duas. Se tivéssemos feito o mesmo número de 
                    pontos nos dois turnos teríamos nos classificado.
 CONTATO 
                    – Como foram, para os atletas, os dias que antecederam 
                    o jogo?Zaparolli – Tivemos alguns bate-papos com eles 
                    de sexta-feira pra cá para tirar dos ombros deles a 
                    responsabilidade por tudo que pudesse acontecer no caso de 
                    um resultado negativo. O Taubaté não é 
                    um time homogêneo. Temos jogadores adultos e adolescentes. 
                    Chamamos à responsabilidade e eles fizeram o jogo que 
                    deveriam fazer. Era tudo ou nada. Ou eu punha a corda no meu 
                    pescoço, correndo o risco de me enforcar, ou salvava 
                    o time.
 “Era 
                    tudo ou nada. Ou punha a corda no meu pescoço, ou salvava 
                    o time” CONTATO 
                    – Esse perfil não homogêneo ajudou ou atrapalhou?Zaparolli – Não conhecia nenhum jogador. 
                    Alguns eu já tinha visto jogar, mas nenhum deles já 
                    tinha jogado comigo. Acho até que eu também 
                    prejudiquei o time por isso porque teve jogadores que não 
                    coloquei por não tê-los visto jogar antes. Não 
                    tive tempo para fazer os treinos coletivos. Mas hoje fiquei 
                    muito feliz porque coloquei dois [Serginho e Rodrigo] para 
                    jogar.
 CONTATO 
                    – Missão cumprida? O coração agüenta 
                    mais uma? Zaparolli – Missão cumprida, graças 
                    Deus. O coração agüenta sim. Já 
                    falei que morrer no campo não é problema, o 
                    duro é morrer na cama ou num hospital.
 CONTATO 
                    – O sr. continua à frente do time?Zaparolli – Se for pelo meu voto, sim. Mas 
                    é voto vencido. Agora o momento é de reflexão. 
                    Percebemos que todos os dirigentes, os amigos e os não 
                    amigos do Toninho [da MECA], e o Toninho com os não 
                    amigos dele, numa hora dessa passaram por cima de tudo para 
                    se unir por causa do Taubaté. Não seria bom 
                    que agora todos sentassem em volta de uma mesa para discutir 
                    o que fazer e não deixar mais o Taubaté ir para 
                    a “UTI”?
 
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                        “Tudo 
                          que começa mal não tem chance de terminar 
                          bem” 
 CONTATO – O que explica o Taubaté 
                        chegar à beira do rebaixamento?
 Toninho – Muito difícil a situação 
                        que ficamos, mas nós vamos aprender muito com isso. 
                        O importante é que o Taubaté prevaleceu 
                        na séria A-2. Só queria aproveitar para 
                        dizer que hoje [23 de abril] tivemos um time jogando para 
                        gente, que foi a Inter de Limeira. O time estava há 
                        80 dias sem receber, desestimulado ao extremo e vestiu 
                        nossa camisa, jogou para nós. Fica aí uma 
                        dívida nossa com eles.
 CONTATO 
                        – Mas por qual motivo o time disputou a última 
                        vaga?Toninho – Acredito que tudo que começa 
                        mal não tem chance de terminar bem. Nós, 
                        infelizmente, começamos errado. Tínhamos 
                        que montar o time, pelo menos, em outubro. Uns 50 dias 
                        antes do campeonato começar, o time já tinha 
                        que fazer amistosos e, nós, ao contrário, 
                        estreamos dois jogadores [Serginho e Rodrigo] hoje. Ainda 
                        não temos um time formado. Se pegar a súmula 
                        do campeonato, você não vai ver dois jogos 
                        do Taubaté com o mesmo time. Então, está 
                        tudo errado. Temos que aprender com isso agora, mas o 
                        importante é que o time foi salvo. Os jogadores 
                        mostraram que têm responsabilidade e vergonha na 
                        cara.
 CONTATO 
                        – A MECA vai continuar à frente do futebol 
                        ou a diretoria pode retomar o controle?Toninho – Da minha parte, desejo continuar. 
                        Entendo a reação da torcida, mas queria 
                        lembrar a essa mesma torcida que, quando o Taubaté 
                        subiu, quem patrocinou fui eu. Não teve patrocinador. 
                        Repito isso quantas vezes precisar. Quem custeou o time 
                        e vem trabalhando duramente e comprometendo inclusive 
                        o patrimônio familiar para ter o Taubaté 
                        onde chegou, depois de 20 anos, e tirá-lo da série 
                        A-3 fui eu. Mas, a torcida esquece porque ela quer viver 
                        de títulos. Não cogito a idéia de 
                        deixar o Taubaté porque eu dispensei um cargo público 
                        para ficar aqui e levar o Taubaté para a Primeira 
                        Divisão. Fui campeão em 2003, vice em 2004 
                        e fiquei em quinto lugar em 2005. Esse ano é que 
                        teve essa campanha ruim que, aliás, tem causa. 
                        Vamos olhar a causa e não crucificar a MECA e sua 
                        diretoria.
 “Quando o Taubaté subiu, quem patrocinou 
                        fui eu”
 CONTATO – O que vai ser do elenco até 
                        o próximo campeonato?
 Toninho – As nossas divisões de 
                        base vão participar de torneios através 
                        do infantil, juvenil e também sub-20, que vai jogar 
                        no segundo semestre. A Copa Federação seria 
                        outra alternativa. Há critérios para se 
                        entrar nela e acho que o Taubaté vai ter muita 
                        dificuldade para conseguir uma vaga nessa copa.
 CONTATO 
                        – Quantos jogadores desse grupo podem ser aproveitados?Toninho – Têm muitos jogadores que 
                        provaram que tem condições. Agora [em junho], 
                        o contrato de todos vence. Isso é fruto de uma 
                        nova negociação que faremos a partir das 
                        próximas semanas.
 
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