 Por Paulo de Tarso Venceslau
 
                      Por Paulo de Tarso Venceslau 
                    
                    No 
                      domingo 12, a Faculdade Comunitária de Taubaté 
                      usou e abusou das instalações das duas unidades 
                      da escola municipal José Ezequiel de Souza (Humaitá 
                      e Santa Luzia) para realizar seu primeiro vestibular. No 
                      final, deixou a conta pra ser paga pela prefeitura com o 
                      meu, o seu, o nosso dinheirinho. O Colégio Idesa, 
                      porém, foi muito bem remunerado pelo uso de suas 
                      instalações. Assim também já 
                      é demais!
                    









                    Duas unidades da escola municipal Ezequiel 
                      de Souza, a maior do município, localizadas no Jardim 
                      Humaitá e no Santa Luzia, foram utilizadas gratuitamente 
                      pela Faculdade Comunitária de Taubaté, mantida 
                      pelo grupo Anhanguera Educacional, para realizar seu primeiro 
                      vestibular. 
                      Segundo a própria faculdade, cerca de 4 mil alunos 
                      teriam participado de seu primeiro vestibular. Um número 
                      muito superior ao previsto. No domingo, o imóvel 
                      foi utilizado das 9h30 – horário do início 
                      do teste - até às 13h, prazo previsto para 
                      entrega da prova.
                      Ouvido por nossa reportagem, o diretor do Departamento de 
                      Educação e Cultura (DEC), José Benedito 
                      Prado, disse que é praxe seu departamento emprestar 
                      estabelecimentos de ensino em fins de semana sem que haja 
                      cobrança de valores das instituições 
                      que solicitam. “Nunca repassamos qualquer valor visando 
                      o pagamento das despesas como limpeza, água e luz. 
                      Isso [o custo] é pago automaticamente pela prefeitura”.
                      Quando questionado sobre o fato de a prefeitura arcar com 
                      despesas feitas por entidade privada com fins lucrativos 
                      – cada vestibulando pagou uma taxa de R$ 50,00 - Prado 
                      afirmou que ainda não havia pensado nessa questão. 
                      “Nunca pensamos nisso. Na verdade todos os pedidos 
                      [para uso de escolas públicas] que chegam ao DEC 
                      são em beneficio da municipalidade. Agora, sobre 
                      os benefícios diretos, nunca pensei nisso”, 
                      revelou.
                      O diretor municipal de Educação afirmou que 
                      essa prática é rotineira. “Sempre foi 
                      assim. Recebemos vários tipos de pedidos: desde a 
                      realização de encontros religiosos como também 
                      para eventos de empresas privadas e públicas”, 
                      disse. Segundo o diretor do DEC, as escolas municipais são 
                      concedidas a terceiros somente em finais de semanas, quando 
                      não há atividades previstas.
                      Os prédios foram emprestados após solicitação 
                      formal feita pela FCT ao DEC, responsável por avaliar 
                      e autorizar o aproveitamento do espaço. De acordo 
                      com Prado, o pedido foi encaminhado uma semana antes da 
                      prova.
                      Questionado sobre a participação de servidores 
                      municipais, ligados ao DEC, na realização 
                      do vestibular da FCT, Prado disse desconhecer o fato. “Se 
                      isso ocorreu foi porque a FCT os procurou e contratou. Mas 
                      não sabe nada sobre isso. Se eles [FCT] entraram 
                      em contato com os funcionários [da prefeitura] é 
                      o servidor quem está prestando um serviço 
                      e isso não tem nada a ver com a prefeitura”, 
                      comentou. 
                      Prado, porém, admitiu que as direções 
                      das escolas Ezequiel da Humaitá e Santa Luzia acompanharam 
                      de perto a realização do vestibular no dia 
                      12. 
                     Já no IDESA...
 
                      Já no IDESA...
                    Outra escola ocupada pela FAC, no domingo, 
                      12, para realização do primeiro vestibular 
                      em Taubaté foi o Colégio Idesa, uma das escolas 
                      mais tradicionais do município. De acordo com a direção 
                      da instituição, cerca de 500 candidatos ocuparam 
                      12 das 50 salas de aula - 10 salas com lugar para 40 alunos 
                      e duas salas para 50 alunos.
                      Mauricio Ruvi Lemes, professor de física e coordenador 
                      de Informática, foi um dos coordenadores do teste 
                      da FCT no Idesa. “[O vestibular] foi extremamente 
                      organizado e tranqüilo”. Segundo Ruvi, cerca 
                      de 20 funcionários foram contratados pela FCT para 
                      prestar serviço free-lance durante a prova. Ele preferiu 
                      não informar o valor pago, mas disse que “ninguém 
                      reclamou”. O grupo foi coordenado pela professora 
                      Alexandra, da Anhanguera de Campinas.
                      Ouvido por CONTATO, o diretor financeiro do IDESA, Luis 
                      Eduardo Pinho Saudi, também evitou falar sobre valores. 
                      Mas admitiu que “foi muito bem pago”. 
                      Ruvi, que trabalha há 18 anos no IDESA, disse que 
                      os funcionários da escola estão acostumados 
                      a trabalhar nessas situações. “Já 
                      fizemos várias outras provas como a da OAB”.
                    









                    
                      
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 CONTATO 
                            perguntou para algumas personalidades o que achavam 
                            de uma escola particular usar de graça as dependências 
                            de uma escola pública para realizar seu vestibular?  Vereador 
                            Henrique Nunes (PPS), presidente da Câmara 
                            Municipal, simplesmente revelou desconhecer o assunto. 
                            Mas adiantou que “a Anhanguera é bem 
                            vinda a Taubaté porque poderá contribuir 
                            para o desenvolvimento de nosso ensino. Quanto ao 
                            fato em si, se for legal, não tenho nada contra. 
                            Se não for legal, a responsabilidade será 
                            do prefeito e a Câmara tomará todas as 
                            providências cabíveis”.
         
  Vereador 
                            Professor Jeferson (PT): “Lamentável. 
                            Vamos ter de averiguar e se for confirmado vamos entrar 
                            com uma representação no Ministério 
                            Público”.
         
  Vereador 
                            Chico Saad (PMDB): “Sou contra porque 
                            a Faculdade Comunitária não tem nada 
                            a ver com a prefeitura. Trata-se de uma escola privada. 
                            Acho estranho tudo isso porque a FCT não é 
                            uma escola pública”.
         
  Vereadora 
                            Pollyana (PPS): “Não sabia disso, 
                            mas, se de fato ocorreu, eu não concordo porque 
                            a Faculdade Comunitária é uma instituição 
                            privada.”
         
  Bernardo 
                            Ortiz, ex-prefeito: “Não é 
                            praxe emprestar prédios públicos. Emprestar 
                            para cultos religiosos é outra coisa porque 
                            eles contribuem para a formação moral 
                            do cidadão. Mesmo que a nova faculdade possa 
                            trazer benefícios ao oferecer escola mais barata, 
                            ela teria de ressarcir as despesas decorrentes do 
                            seu uso”.
         
  Antônio 
                            Mario, ex-prefeito: “Trata-se de uma 
                            estranha cumplicidade. Infelizmente, um desserviço 
                            para Taubaté”.
          
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