Virtuosidade,
Felicidade e a Individualidade.
A divindade para Aristóteles não tem a faculdade da criação
do mundo porque este existe desde sempre. É a filosofia cristã
que vai dar à divindade o poder da Criação
Aristóteles (384-322 a.C) foi um filósofo grego nascido na cidade
de Estagira, Macedônia, que fica a 320 quilômetros de Atenas.
Mais versátil do que o seu professor Platão, Aristóteles
percorre todos os caminhos do saber: da biologia à metafísica,
da psicologia à retórica, da lógica à política,
da ética à poesia. Com Platão, ele criou o núcleo
de toda a filosofia ocidental posterior. Impossível resumir a fecundidade
do seu pensamento em todas as áreas.
Apenas algumas idéias. A obra Aristotélica só se integra
na cultura filosófica européia da Idade Média, através
dos árabes, no século XIII, quando é conhecida a versão
(orientalizada) de Averróis, o seu mais importante comentarista. Posteriormente,
S. Tomás de Aquino vai incorporar muitos passos das suas teses no pensamento
cristão.
Para Aristóteles, o conhecimento é o conhecimento das causas
- a causa material (aquilo de que uma coisa é feita), a causa formal
(aquilo que faz com que uma coisa seja o que é), a causa eficiente
(a que transforma a matéria) e a causa final (o objetivo com que a
coisa é feita).
Todas pressupõem uma causa primeira, uma causa não causada,
o motor imóvel do cosmo, a divindade, que é a realidade suprema,
a substância plena que determina o movimento e a unidade do universo.
Mas, para Aristóteles, a divindade não tem a faculdade da criação
do mundo, este existe desde sempre. É a filosofia cristã que
vai dar à divindade o poder da Criação.
O filósofo também tratou do tema felicidade e da individualidade.
Para Aristóteles, a razão de ser do ato virtuoso é a
felicidade. O ser humano pode ser feliz quando escolhe ser autêntico
e torna-se um indivíduo. O indivíduo não existe naturalmente.
Ele tem que ser construído.
A felicidade não é produto da sorte, do destino, ou social,
nem de qualquer outra forma de determinação. A felicidade tem
que ser conquistada pela pratica da virtuosidade e da auto-realização
da individualidade. O homem conquista a felicidade aprendendo a aceitar e
a expressar os seus desejos e sentimentos, transformando-os em vontade própria,
com ela construindo seus próprios projetos de vida e empenhando-se
para realizá-los.
O que é preciso para um ser humano tornar-se feliz no sentido da sua
individualidade?
Descobrir que é livre e libertar-se. Apropriar-se do direito de realizar-se
enquanto indivíduo.
Aceitar que tudo na vida é relativo e passageiro, e que deve lutar
para realizar seus desejos, vontades e projetos.
Buscar se autoconhecer e se autodeterminar, transformando seus desejos em
vontade e sua vontade em projetos de vida.
Tornar-se responsável pelas próprias escolhas. Desenvolver a
habilidade de dar respostas criativas e corajosas no sentido de expressar
os seus sentimentos e de realizar a sua vontade própria.
Conquistar segurança interna através do exercício da
afirmação dos próprios desejos, vontades e projetos.
Tornar-se autônomo: fazer pessoalmente as suas próprias escolhas
e correr seus próprios riscos, assumindo o sofrimento dos erros e fracassos
e o sabor dos acertos e vitórias.
Recriar-se e construir-se enquanto indivíduo, realizar-se e ser feliz!