Por Marcos Limão / Fotos Hélcia Freire

Tarde de domingo, dia 9. A estranha movimentação em frente à Catedral de Taubaté, na Praça Dom Epaminondas, chamou a atenção dos vizinhos. Homens retiravam os três sinos da igreja, que são peças raras, datadas de 1864.

A advogada Hélcia Freire compareceu ao local e registrou tudo com sua máquina fotográfica. Depois de alguns cliques, ela resolveu conversar com os homens, funcionários de uma empresa de Minas Gerais especializada em sinos. Ficou chocada com o que ouviu: as peças históricas não seriam restauradas e sim refundidas! Padre Marquinho, responsável pela catedral, foi apontado como mentor da iniciativa.

A maneira encontrada pela advogada para mobilizar as cabeças pensantes da terra de Lobato foi divulgar a história na rede social Facebook. Rapidamente o assunto foi comentado e compartilhado. Da tarde de domingo até a manhã de segunda-feira, a postagem tinha 153 comentários. Além disso, 69 pessoas curtiram a mensagem e outros 48 internautas a compartilharam.

José Antônio Saud Junior, secretário de Turismo e Cultura da Prefeitura de Taubaté, fez dois comentários. Primeiro, exclamou: “Misericórdia!!!!! A semana vai começar pesada!!!”. Depois, informou: “Acabei de falar com o Prefeito, ele disse que ligará amanhã para o Pe. Marquinhos e tentar resolver”.

Na manhã de segunda-feira, dia 10, porém, o prefeito ainda não tinha conseguido falar com o padre, segundo informou o secretário de Turismo e Cultura a CONTATO. A reportagem ligou na igreja e foi informada que Padre Marquinho só poderá falar sobre o assunto na terça-feira, dia 11.

Saud, porém, fez questão de acalmar as pessoas que estão preocupadas com a destruição da memória da cidade: “Ninguém vai fazer o processo agora. Ligamos para a empresa e fomos informados que o molde [para os novos sinos] demora de 20 a 30 dias para ficar pronto. Até lá tem tempo para encontrarmos uma solução. Estamos tentando falar com o Padre”.

Não é a primeira vez a iniciativa de Padre Marquinho se choca com os interesses da comunidade. Ele também foi apontado como mentor da obra que asfaltou o estacionamento explorado pela igreja para fins comerciais, que fica ao lado da Igreja do Rosário. Esta obra teria causado sérios danos para a já combalida estrutura da Igreja do Rosário.

Para Hélcia Freire, refundir os sinos “não é uma decisão de uma pessoa só. Eu não vi pedido de ajuda [de Padre Marquinho] para preservar os sinos”.