Vereador petista retoma o tema que foi capa da edição 651 de CONTATO para denunciar que Fausto Araújo, procurador jurídico da Câmara, teria ido a Jacareí para pedir que Rose Gaspar, dirigente regional do PT, tentasse fazê-lo desistir da ação que afirma mover contra os procuradores municipais

por José de Campos Cobra

 

Vereador Salvador Soares (PT) utilizou a tribuna da Câmara Municipal, na quarta feira, 26, para denunciar Fausto Araújo, Procurador da Câmara. Segundo o petista, Araújo teria procurado a vereadora de Jacareí, Rose Gaspar, diretora executiva da Macrorregião do Partido dos Trabalhadores, para solicitar que o partido (PT) interviesse junto ao vereador de Taubaté. O objetivo era que Soares retirasse o requerimento que fez ao presidente da CMT solicitando uma sindicância para as possíveis falhas cometidas pelos procuradores da Casa no episódio que resultou em demissões de funcionários. Esse episódio foi reportagem de capa da edição 651 de CONTATO.

Segundo o vereador petista, os equívocos cometidos pelos procuradores teriam causado prejuízos financeiros para o Legislativo, prejuízo pessoal e financeiro ao vereador. Segundo Soares, ele teve que arcar com custos financeiros dos pagamentos feitos a assessores que foram dispensados e também danos à sua imagem que foi matéria de capa do Jornal CONTATO, que ele exibiu do alto da Tribuna, onde constava que poderia até perder o mandato.


Salvador Soares com a palavra

Procurado pela reportagem, o vereador petista relatou que um dos procuradores (Fausto Araújo) é também filiado antigo do Partido dos Trabalhadores e que, utilizando-se desse argumento, procurou a vereadora Rose Gaspar, de Jacareí, dirigente regional do Partido dos Trabalhadores, pedindo para que utilizasse de sua influência junto a Salvador para propor um acordo.

Soares alega que até pode fazer esse acordo que os procuradores pleiteiam, desde que sejam atendidas algumas condições:

1. Ele quer ser indenizado pelos prejuízos financeiros;

2. Que o jornal que publicou a matéria lhe dê o mesmo espaço dado para a denúncia dos procuradores em pelo menos três edições;

3. Não abrir mão do processo judicial que move contra os procuradores.

 

Outro lado

Fausto Araújo, advogado e procurador jurídico da Câmara Municipal, confirmou que há cerca de três semanas procurou a vereadora Rose Gaspar (PT), de Jacareí. Esclareceu que foi procurá-la como companheira de velhos tempos. Fausto é um antigo militante da luta pela democracia. Em meados dos anos 1970, foi membro da Ação Popular, uma organização política originada da esquerda católica que se engajou na luta contra a ditadura.

Além disso, era companheiro do sindicalista José Carlos Almeida que na época era vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André. Militou ainda no PST, Partido Socialista dos Trabalhadores, uma organização trotskista ligada à Quarta Internacional, com sede na Colômbia.

Conta ainda que em 1979 participou 9º Congresso dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo, na cidade de Lins. Estava, portanto, pavimentada sua contribuição para a criação do Partido dos Trabalhadores no ano seguinte.

Com esse histórico, Araújo conta que “acho um absurdo que um companheiro do partido (PT) que se diz defensor da dignidade humana, dê uma carteirada, ou melhor, tente coagir meu colega de trabalho. Isso fere fundo todos os valores que construí na minha vida. Isso eu não posso permitir. Não poderia deixar passar em branco”.

O procurador da Câmara afirma que procurou Rose Gaspar em Jacareí como dirigente do PT, para tentar impedir um desgaste maior ao partido. Rose não teria falado nada, “apenas ligou para o vereador (Salvador Soares) na sua frente.

Garante que não propôs qualquer acordo, muito menos retirar sua “representação que já foi aceita pelo Ministério Público”. Quando

perguntado qual sua opinião sobre a iniciativa de Salvador Soares, respondeu: “Decidiu partir para o contra-ataque”.

 

Confira o final da reportagem sobre esse assunto na edição nº 651

“… o MP conclui “que, devido à identidade de funções, as remunerações dos cargos de Assessor Técnico Parlamentar, de Assessor Técnico Legislativo da Presidência e de Assistente de Gabinete […] impondo-se como nível de formação exigível dos seus ocupantes o ensino superior completo”.

Em sua decisão, o titular da Vara da Fazenda Pública conclui pela não exigência do “ensino superior completo”. A CMT e o MP pediram esclarecimentos ao magistrado a respeito da aparente contradição e recebeu como resposta: “data venia, a expressão formação educacional técnica não possui o condão de gerar dúvida”.

Porém, para os procuradores da CMT que teriam sido ofendidos, não é essa questão que motivou as representações ao MP, à Presidência da CMT e à Comissão de Ética da CMT. O que está em pauta é a falta de respeito do parlamentar a funcionários públicos no exercício de suas funções. Esse é apenas o primeiro capítulo de uma novela política que tem todos os ingredientes de um reality show.