A politização da Saúde nesse momento crucial da pandemia poderá gerar

uma nova onda de mortes e doentes provocada pela vaidade dirigentes políticos

O Brasil assistiu ao vivo e em cores a fritura pública do médico Luiz Henrique Mandetta, então ministro da Saúde, escorraçado do cargo de forma humilhante. Curiosamente, o andar da carruagem do vírus comprovou, até agora, que Mandetta estava certo. O Brasil caminha para os 180 mil mortos em janeiro, o vírus não era uma gripezinha e as mortes não seriam “apenas 3.500”, segundo o deputado médico Osmar Terra, que queria substituir Mandetta.

            Agora, o Bozo acaba de realizar dois atropelamentos: 1) colocou seu ministro da Saúde general na fritura pública, ao desmenti-lo 24h depois de o general Pazuello afirmar que seu ministério compraria também a vacina desenvolvida pelo Instituto Butantã e uma empresa chinesa; e 2) escalou o coronel Élcio Franco, secretário-executivo do ministério da Saúde, para “desmentir” o general ministro.

Mandetta quando era estrela do Planalto no combate à pandemia

            Coronel Élcio disse que houve “uma interpretação equivocada (de novo?) da fala do Ministro da Saúde” e que não há qualquer compromisso com o governo do estado de São Paulo no sentido de aquisição de vacinas contra Covid-19. E repetiu a ordem recebida do Bozo: no que depender do ministério, a vacina não será obrigatória.

Segundo o presidente disse na véspera, “o Programa Nacional de Vacinação, incluindo as vacinas obrigatórias, é de 1975. A lei atual incluiu a questão de pandemia lá, mas é bem uma carta em resposta clara: quem define isso é o ministério da Saúde”.

E disse mais: “Tem um governador aí [João Dória, claro] que está se intitulando o médico do Brasil, dizendo que ela (vacina) será obrigatória — repito que não será.”

Reportagem da Folha a respeito da reunião do ministro com 27 governadores

            Com chamadas na capa, a imprensa de hoje, quarta 21, o ministro Eduardo Pazuello declarou ontem, terça 20, em uma reunião virtual com os 27 governadores: “Já fizemos uma carta em resposta ao ofício do Butantã. É o compromisso de aquisição dessas vacinas que serão fabricadas até o início de janeiro. Essas vacinas servirão para iniciarmos a vacinação em janeiro.”

General desmentido pelo coronel

Élcio Franco, secretário-executivo do ministério comandado por Pazuello, afirmou, no entanto, que o protocolo de intenções para adquirir 46 milhões de doses da Coronavac assinado ontem não tem caráter vinculante e ocorreu “por se tratar de um grande parceiro do Ministério da Saúde na produção de vacinas, para o Programa Nacional de Imunizações”. E que o acordo é “mais uma iniciativa para tentar proporcionar vacina segura e eficaz” para a população. “Neste caso, com uma vacina brasileira, caso fiquem disponíveis antes das possibilidades citadas. Não há intenção de compra de vacinas chinesas”, acrescentou.

Mais cedo, presidente Bolsonaro respondeu a um usuário que criticava o acordo entre o governo brasileiro e a empresa chinesa, afirmando que a vacina “não será comprada”.

Chamada do Estadão: todos os jornais se equivocaram?

“Presidente, a China é uma ditadura, não compre essa vacina, por favor. Eu só tenho 17 anos e quero ter um futuro, mas sem interferência da ditadura chinesa”, comentou o usuário, ao que o presidente respondeu:

“NÃO SERÁ COMPRADA”, respondeu em caixa alta.

Segundo O Globo, a mensagem foi enviada a ao menos outros dois usuários que criticavam o acordo e Pazuello. Em duas das respostas, o presidente disse ainda que “tudo será esclarecido hoje”.

O presidente também publicou que “qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser COMPROVADA CIENTIFICAMENTE PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE e CERTIFICADA PELA ANVISA”. “O povo brasileiro NÃO SERÁ COBAIA DE NINGUÉM. Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem. Diante do exposto, minha decisão é a de não adquirir a referida vacina”, comentou.

A outro usuário que acusou Pazuello de trair o governo ao comprar a vacina chinesa e disse que o presidente “se enganou mais uma vez”, Bolsonaro afirmou que “qualquer coisa publicada, sem qualquer comprovação, vira TRAIÇÃO”.

Segundo aliados, o presidente também enviou mensagens afirmando que não iria comprar “uma só dose de vacina da China” e que seu governo “não mantém qualquer diálogo com João Doria na questão do Covid-19”.

Aonde vamos parar?