O Ministério Público denunciou o engenheiro taubateano e ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, que trabalhou na empresa DERSA durante o governo José Serra (PSDB). Segundo o promotor Cássio Conserino, Paulo “Preto” teria montado um esquema de desvio de recursos no programa de desapropriação para as obras do trecho sul do Rodoanel.

O ex-diretor da Dersa, conhecido na terra de Lobato como Zezo, teria incluído ilegalmente seis pessoas no cadastro de famílias atingidas pela obra, entre elas as ex-empregadas domésticas da filha e da mulher, além de babas dos netos e uma secretária do genro. Nenhuma delas morava no traçado das obras do Rodoanel, segundo Mércia Ferreira Gomes, que era responsável pelo cadastro dos beneficiários.

O promotor pede ao juiz que seja homologado como delação premiada o depoimento de Mércia onde afirma que foi Paulo Souza quem indicou as pessoas que deveriam receber as casas e o dinheiro como indenização pela desapropriação. A Justiça ainda não aceitou a denúncia sobre os supostos desvios.

Segundo o portal G1, o PSDB de São Paulo informou que apoia as investigações e espera que, se for comprovada a culpa, os responsáveis sejam punidos. Os repórteres do portal afirmam que procuraram o Ministério das Relações Exteriores para possível manifestação de José Serra, atual titular da pasta, e que aguarda possível manifestação.

 

Paulo “Preto” depois na CPI do Cachoeira em 2012

O jornalista Luiz Carlos Azenha registrou no site Vi o Mundo como o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, em depoimento à CPMI do Cachoeira, se referiu àqueles que supostamente o teriam traído:

“Eu pedi a Deus para ser convocado para essa CPI. Porque os incompetentes devem continuar com medo de mim. Aqui estou. Essa frase é para todos que foram ingratos. Eu fui demitido oito dias após entregar uma das maiores obras desse país [o trecho sul do Rodoanel]”.

Mais tarde, nomeou o que diz terem sido seus detratores: revistas IstoÉ, Carta Capital e Época, Celso Russomano, Paulo Henrique Amorim, a delegada de polícia Nilze Scapulatiello e os tucanos ou ex-tucanos Evandro Losacco, Eduardo Jorge e Paulo Venceslau (agora no jornal Contato).

O tucano de mais alto escalão citado por ele:

“O (José) Aníbal (ex-líder do PSDB na Câmara) disse que eu fugi… Nunca sai de São Paulo. Ele também se referiu à “alta plumagem, que eu sei onde está, mas não aparece aqui. Eu estou aqui”.

O ex-diretor da Dersa negou as acusações de que tenha dado sumiço em R$ 4 milhões arrecadados para a campanha presidencial de José Serra em 2010: “Pessoas que nunca me viram, nunca me cumprimentaram, colocaram essa matéria”.

O ex-diretor da Dersa disse que move 16 processos:“Minha luta só termina quando acaba, e não vai ser pouco não tem acordo comigo. Já mandei eles assistirem ao (filme) Gladiador”.

Sobre os 4 milhões, que nega ter arrecadado:  “Por que é 4? Por que não é 8? Por que não é 500?”

Nos anos 90, Paulo Vieira de Souza ajudou no processo de privatização das telefônicas e trabalhou na Casa Civil do governo Fernando Henrique Cardoso. Ele foi demitido pelo ex-governador Alberto Goldman, que assumiu quando José Serra se afastou do governo estadual para concorrer ao Planalto.

 

Paulo Preto depondo na CPI do Cachoeira

Paulo Preto depondo na CPI do Cachoeira. Fotos: Ag. Brasil

 

Velho conhecido de CONTATO

Ex-diretor de engenharia da Dersa, Paulo Vieira de Souza, é conhecido no Brasil como Paulo Preto. Mas na terra de Lobato ele é o Zezo. Em 29 agosto de 2012, ele prestou depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Investigação (CPMI) no caso do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Na ocasião, Zezo listou seus “detratores”. Entre os nomes citados, está o do diretor de redação do Jornal CONTATO, Paulo de Tarso Venceslau, conforme CONTATO registrou na ocasião.

Confira os “detratores” de Paulo “Preto”, segundo o próprio:

– As revistas Época, IstoÉ e Carta Capital, que publicaram diversas reportagens contra ele;

– O ex-ministro do Governo FHC e vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, que teria dito à imprensa que Paulo Preto tinha arrecadado R$ 4 milhões com empresários para a campanha de José Serra à Presidência em 2010 e teria desaparecido com o dinheiro;

– O ex-secretário-geral do PSDB Evandro Losacco, pela mesma razão;

– A delegada Nilze Baptista Scapulatiello, que o prendeu em 2010 sob acusação de portar uma joia roubada;

– O ex-deputado Celso Russomano, então pré-candidato ao governo paulista pelo PP, que testemunhou a prisão e disse que ele levava dinheiro nas meias;

– O jornalista Paulo de Tarso Venceslau, dono do jornal Contato, que publicou matérias contra ele;

– O jornalista Paulo Henrique Amorim, editor do blog Conversa Afiada (“ou conversa fiada, dá na mesma”, segundo Zezo).