Eu diria que foi um debate muito pouco esclarecedor. Loreny pode ter ganho por pontos. No máximo. Vantagem adquirida nos últimos 4 anos como vereadora, uma escola política onde a convivência diária com posturas divergentes e até conflitivas são fundamentais para o enfrentamento que um debate exige.

O primeiro bloco foi um recado para os funcionários da Prefeitura, da Câmara e da Unitau. Uma boa fonte de votos. Loreny prometeu priorizar o pagamento do Instituto de Previdência que interessa a esses três grupos de servidores.

Na sequência, Saud deu a impressão que iria enfrentar Loreny. Cobrou com firmeza suas declarações em uma rádio onde teria afirmado que “Saud nunca usou um hospital público. Nem ele e nem sua família. Saud nunca estudou em escola municipal. Só conhece o Idesa”. E concluiu perguntando se ela “confirmava e de onde ela tinha tirado aquelas informações”.

Loreny durante debate na Band

A candidata saiu pela tangente. “Eu falo do que a gente tem conhecimento público, né. Não conheço sua vida…”. Saiu atirando contra as fake News e conseguiu mudar de assunto. Saud perdeu uma boa oportunidade.

As outras questões tratadas não despertaram maiores emoções. Os lugares comuns foram marcados pela candidata que não se cansa de afirmar que suas promessas estão documentadas no seu plano de governo. Saud, por sua vez, na mesma toada sempre reafirma que ele é um engenheiro.

O terceiro bloco foi uma exceção à mesmice. O tema começou com Loreny afirmando que tudo fará para que as famílias de certos bairros obtenham os documentos que são fornecidos pela PMT. Propôs a ocupação dos vazios urbanos que são espaços públicos onde podem ser construídas pequenas casa.

Na réplica, Saud disse que fez parte do Conselho Municipal de Habitação e que, naquela ocasião, se posicionou contra a redução de 42 metros para 38 metros quadrados o tamanho de moradias populares na cidade.

José Antônio Saud melhorou seu discurso no debate da Band

Na sequência, Loreny conseguiu jogar Saud nas cordas no tema sobre políticas para geração de emprego no período pós-pandemia e pediu para o candidato do MDB comentar o item 4 do eixo estratégico do plano de governo dele. Saud se perdeu. Classificou a pergunta como “desrespeito”. Na réplica, Loreny disse que, “com todo respeito, não tem motivo para sua agressividade”. “Se o senhor não sabe responder qual é o eixo estratégico número 4 do seu plano de governo, parece que o senhor não leu o que está escrito lá. Eu li”, afirmou a candidata depois de afirmar que Saud não era o autor da proposta. “Fazer pegadinha é o que me deixa chateado”, respondeu Saud na tréplica. Salvo pelo gongo.

Em seguida, Otávio Baldin, jornalista da TV Band Vale, perguntou sobre o que os candidatos propunham para cultura e turismo, depois de destacar as grandes figuras de Taubaté conhecidas no Brasil e no exterior. As respostas foram capengas. Nada de novo. Ninguém falou, por exemplo, sobre o papel e a importância do Museu de História Natural sediado na terra da Lobato. Limitaram-se a mencionar as figureiras e espaços praticamente abandonados como bibliotecas e o Sítio do Pica Pau Amarelo.

Obras na avenida Desembargador foi cobrada por moradora

No quarto bloco, Loreny levantou a bola para Saud que desperdiçou a oportunidade. Cláudio Nicolini, o mediador, apresentou um vídeo onde uma moradora queria saber quais as propostas para áreas abandonadas como a avenida Desembargador que “está afundando”. A candidata sacou rapidamente de seu arsenal a proposta de zeladoria formada por moradores desempregados do bairro que poderiam colocar guias, pintar ruas e outros serviços. Batizou com nome de “negócios sociais”. Mas não explicou qual seria a relação desses moradores com a Prefeitura: contrato, remuneração, encargos sociais, por exemplo. Saud deixou passar em branco.

Quem sabe nos próximos debates os dois candidatos melhorem seus desempenhos.