Tal qual Brasília, curiosamente, depois de publicar reportagem “Prefeitura veta projeto de vereadora que pede transparência em lista de espera para creches”, site de CONTATO recebeu diversos ataques muitos semelhantes aos dos potenciais presidenciáveis.

Nathália de Oliveira e Paulo de Tarso Venceslau

No mesmo dia 02 de agosto duas matérias abordaram o mesmo tema abordando as atividades das chamadas gangues digitais. Enquanto a revista Veja edição 2541 analisava o comportamento de “ativistas de direita e de esquerda que se organizam para hostilizar e intimidar seus críticos”, o site do Jornal CONTATO publicava a matéria “Prefeitura veta projeto de vereadora que pede transparência em lista de espera para creches”. No dia seguinte, Facebook do Jornal Contato foi palco para uma série de ataques contra a vereadora Loreny (PPS), autora da matéria.

Mais uma vez, os fatos insistem em fornecer provas sobre a consistência da prova de que a terra de Lobato é uma amostra perfeita do universo político brasileiro representado pelas instituições do Congresso Nacional e do Poder Executivo.

 

Reportagem

Loreny

O texto assinado pela repórter Nathália de Oliveira se referia ao projeto de lei municipal a respeito a necessidade de obrigar a Prefeitura a divulgar a lista de espera das creches. Uma questão óbvia e prevista em leis superiores. Mas o óbvio não funciona em Taubaté. Depois de aprovado, o projeto foi totalmente vetado pela prefeitura. Justificativa: ele infringiria o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Mas não resolvia a causa: havia se tornado público que o tempo de espera de uma criança em busca de creche em Taubaté dependia de existir ou não uma vaga em uma creche do município.

Diante dessa realidade, Loreny se baseou em uma lei aprovada pela Câmara Municipal para permitir que ao invés de divulgar completamente os nomes da criança, na lista de espera, bastaria que constasse apenas as iniciais, data de nascimento e nome do responsável legal pela criança.

 

Reação

No dia seguinte à publicação, provavelmente diante do sucesso da reportagem, teve início uma série de ataques à vereadora Loreny (PPS). Coincidência, todos comentários postados trazia a hashtag “#foraloreny”.

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Outra curiosidade, os comentários, além da hashtag, traziam frases genéricas mas muito parecidas como, por exemplo, o da usuária “Shun Lee”: “Não gosto dela por que ela na frente das câmeras tem uma atitude e por trás delas tem outra”.

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Ou então do Renato Duarte: “Credo como ela pode se apresentar como nova política sendo velha política? Quanto ela ganha? Votou pelo aumento do seu próprio salário”.

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Outro fato curioso: a maioria desses perfis são falsos. No caso de Shun Lee, trata-se do nome de uma personagem de videogame com a foto do perfil desta personagem, além de não possuir nenhuma informação e postagem. Renato Duarte diz em seu perfil que nasceu e mora na cidade de Gurupi, no Tocantins.

Outro fato: através dos nomes foi possível observar que todos os comentários contra a vereadora Loreny são de pessoas de outro Estado. Ora, como que alguém de outra cidade ou de outro Estado pode conhecer tanto o trabalho de uma vereadora a ponto de odiá-la?

Nas redes sociais, há uma prática comum e muito utilizada por pessoas que querem armar ataques contra outra: a compra de perfis para comentários raivosos. Tudo indica tratar-se do que aconteceu com a parlamentar no facebook do Jornal Contato. Mas, como explicar tanto ódio de pessoas de outras regiões do Brasil odiar tanto o autor de um projeto de lei que obrigaria a Prefeitura a publicar a lista de espera das creches. Além disso, a própria administração havia publicado números falsos a respeito do assunto.

 

Resposta

Vereadora Loreny respondeu: “Acabo de conhecer a realidade dos FAKES (Perfis falsos) de Facebook (ou então são pessoas confusas que moram em Manaus, em Belo Horizonte, de acordo com o perfil delas, e que me confundiram com alguém). Hoje pela primeira vez vi eles em massa mirando em mim! Tô besta com a capacidade dos seres humanos operadores destes perfis e com a quantidade de tempo que eles têm disponível! ”.

A parlamentar também disse à nossa reportagem que “como não me importo nem um pouco com esse jeito velho de fazer política (que já foi através de fofocas plantadas e hoje também se utiliza da tecnologia e das redes sociais) só me importo com os bons exemplos que eu possa dar, considerando que também estou sujeita a errar, naturalmente”.

 

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Gangues digitais reduzida

Gangues Digitai – Revista Veja

Em seu link http://veja.abril.com.br/politica/gangues-digitais-temporada-de-cachorro-louco/ a revista Veja 2541, de 02 de agosto de 2017, da Editora Abril, revela que os membros dessas gangues virtuais “não querem conversa, querem briga. Agem em bando nas redes sociais, quase sempre contra um único indivíduo — alguém que postou uma crítica contra o político ou o partido que eles apoiam. Costumam incluir votos de que o adversário “morra”, “apodreça” e sugestões para que explore práticas eróticas heterodoxas. Ultimamente, a defesa dos nomes que poderão concorrer à eleição de 2018 vem ocupando a discussão, mas, como o objetivo não é debater, imagens, frases e memes de apelo fácil e entendimento imediato fazem as vezes de “argumento””.

Mais adiante, afirma que “no cenário político atual, há três presidenciáveis que, de longe, dispõem de maior poder de fogo: o ex-presidente Lula, o deputado Jair Bolsonaro e o prefeito paulistano João Doria. Nenhum deles coordena as gangues virtuais nem estimula abertamente suas táticas de intimidação, mas também nunca se ouviu deles uma palavra para dissuadir seus apoiadores das práticas de hostilização. O fato é que, se mais de um ano antes da eleição presidencial o ambiente já está tão contaminado, são péssimas as perspectivas para o pleito de 2018”.

Segundo Veja, neste mês, “o Instituto de Internet da Universidade de Oxford divulgou um estudo feito em 28 países intitulado “Tropas, troladores e encrenqueiros, um inventário global da manipulação nas redes sociais). A pesquisa, que incluiu o Brasil, concluiu que a atuação das tropas cibernéticas — definidas como grupos que tentam manipular a opinião pública por meio das redes sociais — deixou de ser uma forma de guerrilha marginal para se transformar em prática política padrão”.

Na terra de Lobato, se houvesse uma imprensa com vontade de apurar que está por trás dessas iniciativas que prometem muito barulho nas eleições de 2018, as lentes teriam de focar os assessores que circulam livremente em torno do primeiro escalão da Palácio do Bom Conselho.

 

Integrantes das gangues virtuais conhecidas

 

João Dória Jr: – Segundo Veja, a gangue virtual do prefeito é formada por “simpatizantes de grupos que defendem ideias conservadoras, mantêm páginas na internet, como o Movimento Brasil Livre (MBL) e se posicionam de maneira radical em defesa do prefeito [paulistano]”.

 

Jair Bolsonaro – São “indivíduos ou grupos de direita que atuam como defensores radicais do deputado e mantêm páginas na internet em prol a sua candidatura à Presidência e de temas que ele apoia – de defesa da Lava a Jato à exaltação da ditadura militar

 

Luís Inácio Lula da Silva – São “administradores e colaboradores de páginas e blogs que eram patrocinados pelos governos do PT e que atual na defesa radical do petista”.