Carnaval 2008
A volta dos carnavais de rua

A proliferação de festivais de marchinhas pode ser o início de um movimento que tenta reencontrar a graça, o charme e alegria da folia festejada nas ruas e embalada por marchinhas para todos os gostos

Por Ana Lúcia Vianna

        Tudo começou no início dos anos 80 quando São Luís do Paraitinga resolveu ressuscitar seu carnaval de rua, morto havia mais de 60 anos por ordem de um padre italiano que vetou a festa nas ruas da cidade. Vários blocos se formaram entre seus moradores que, espontaneamente, elegeram as marchinhas dos carnavais do passado para serem cantadas por todos, deixando o samba de lado. Em 1984, foi criado o primeiro Festival de Marchinhas de Carnaval, atraindo muitos compositores locais e da região. Hoje, São Luís gaba-se de ter reunido mais de duas mil marchinhas desde então.
        Este ano, no sábado, 19, repetindo o sucesso dos anos anteriores, mais de seis mil pessoas reuniram-se nas escadarias da igreja da Praça da Matriz para assistir o final do Festival. Entre as oito finalistas, venceu a música do luisense Afonso Pinto, um dos fundadores do Carnaval de São Luis, com a marchinha “Além do cemitério”. O refrão fácil e bem humorado “Só se vê alma penada em alto astral/ Vem brincar no carnaval” caiu na boca do povo que não parava de canta-lo.
Outras cidades do Vale, a exemplo de São Luís, estão tentando também recuperar algumas tradições dos antigos carnavais de rua, realizando concursos de festivais de marchinhas.
        Em Ubatuba, acontece as eliminatórias das músicas do III Festival de Marchinhas nos dias 26 e 27, a partir das 20 hs no coreto da Praça Exaltação da Santa Cruz, em frente à Igreja Matriz. A finalíssima será na sexta-feira, 1, primeiro dia do carnaval.
        Em Quiririm, também ocorrerá o II Festival de Marchinhas com as eliminatórias acontecendo nos dias 25, 26 e 27 de janeiro. Se depender da animação de Elisa, que abriu o salão de seu restaurante para a confecção das cartolas e dos chapéus coloridos das torcidas organizadas, o sucesso já está garantido.
        Tudo indica que as marchinhas vieram para ficar, alegrando os que curtem o carnaval de rua com canções de letra simples, repletas de trocadilhos picantes e rimas que falam do cotidiano local e regional.


Parê, filha de Elpídio dos Santos, comanda a folia nas ruas de São Luís do Paraítinga