Terça-feira, 25 de
setembro. Por volta das 14h e 30m, o telefone celular tocou para
acolher mais uma denúncia de mau uso do dinheiro público.
O interlocutor relata: “Estão fazendo obra na casa
do Gerson [Araújo, diretor do Departamento de Obras Públicas]”.
Imediatamente, CONTATO foi
ao local do fato e registrou com foto a obra referida: oito funcionários
da Prefeitura refaziam a calçada inteira, cerca de 40 metros,
da casa do diretor do Departamento de Obras Públicas, engenheiro
Gerson Araújo. Para tanto, dois caminhões, uma perua
e uma retroescavadeira - alguns veículos ostentavam o logotipo
da atual administração – estavam diretamente
envolvidos com o serviço.
A
obra
Segundo apurou nossa reportagem,
a Sabesp contratou a Construtora Elevação para implantar
o coletor-tronco, trecho Convento 1, da Estação
de Tratamento de Esgoto (ETE) e uma rede coletora auxiliar na
altura do nº 200 da avenida Vereador Rafael Braga, no Jardim
Santa Clara - exatamente em frente à casa do Diretor de
Obras Públicas, engenheiro Gerson Araújo.
O serviço foi feito.
Porém, a calçada teria ficado com um desnível,
um pouco afundada. A Construtora Elevação, responsável
pela obra, deveria assumir o conserto da calçada afundada.
Mas foi a Prefeitura Municipal de Taubaté quem arcou com
os custos para arrumá-la. Prova disso são as fotos
e a declaração do diretor do Departamento de Obras
Públicas, Gerson Araújo: “Hoje, quem está
fazendo a calçada é a Prefeitura.”
Indagado sobre o motivo que
levou a Prefeitura a arrumar a calçada da sua casa, Araújo
declarou: “Eu tenho parceria junto à Sabesp. Às
vezes, eu troco serviço com ela. Isso é uma coisa
entre eu e os engenheiros. Tem serviço que a Sabesp faz
pra mim, e é serviço meu. Às vezes, ela faz
serviço meu e eu faço serviço pra ela.”
Outro
lado
A Sabesp, por meio da assessoria
de imprensa, se limitou a confirmar a parceria com a Prefeitura
de Taubaté. O diretor do DOP, Gerson de Araújo,
afirmou que não existem contratos assinados a respeito
desse convênio/parceria com a Sabesp. Já a Construtora
Elevação e a assessoria de imprensa da Prefeitura
foram procuradas, mas não retornaram as ligações.
Antigamente
isso não acontecia
Em abril de 2002, o diretor
de redação de CONTATO escreveu a crônica “Se
essa rua fosse minha”, para o hebdomadário Matéria
Prima. Na ocasião, dona Jurema, a verdadeira Velhinha de
Taubaté, sua progenitora, ainda era viva. Morreria em agosto
daquele ano, com quase 93 anos.
A crônica bem humorada
traz uma carta da Velhinha de Taubaté para Bernardo Ortiz,
então prefeito, relatando que funcionários da prefeitura
haviam ocupado seu jardim para guardar ferramentas e outros materiais
de construção empregados para a recuperação
da calçada daquela rua.
Finda a obra, a prefeitura
enviou a fatura: Aviso No. 381 Exercício 2001, Cadastro
1.3.015.013.001, valor: R$ 429,94 pela colocação
de cerca apenas vinte ladrilhos. Dona Jurema faleceu e a família
Venceslau foi obrigada a pagar a fatura para que a casa pudesse
ser vendida