Por Harold Maluf
Presidente do DABM - Medicina

Não podem nos calar!

Os estudantes aparecem hoje um grande estorvo para todas as esferas administrativas da terra de Lobato. Pudera. Ainda que tenham uma certa imaturidade no quesito das intelecções legais e burocráticas, procuram de diversas maneiras resgatar um ativismo em prol de seus direitos e de uma sociedade mais justa.

 

COMUS

Como se não bastasse, mais uma vez tivemos a implicância do Dr. Pedro Henrique que parou a reunião do COMUS para me retirar do recinto onde a discussão sobre a mudança do regimento defasado anda a passos de tartaruga. Como justificativa para o argumento de que o Controle Social de Taubaté é ditatorial, pediu para que eu fosse reclamar com o ex-prefeito Bernardo Ortiz, uma vez que este regimento consta de sua época como prefeito.


Pois bem, aqui reclamo ao ex-prefeito as regras sujas do jogo da Saúde nesta cidade. Mas o que ele hoje pode fazer por nós para mudar este regimento? Ainda que não tenha vivenciado Bernardo Ortiz na função executiva desta cidade, acredito que pelas circunstancias do avanço do Controle Social no Brasil, teria, por bom censo e inteligência, mandado alterar imediatamente este regimento caso ainda fosse prefeito.


O Dr. Pedro Henrique se utiliza uma falácia para esconder sua posição confortável com um regimento que lhe convém, se escondendo da responsabilidade de procurar alterá-lo o mais rápido possível para que Taubaté adequar-se, de uma vez por todas, as prerrogativas exigidas pelo Ministério da Saúde (resolução n° 333, 4 de novembro de 2003).

 

UNITAU

No âmbito da Universidade de Taubaté, o Movimento Estudantil entrou em “negociação” com a reitora para que possamos buscar alternativas na execução de medidas que ajudem os alunos com maior dificuldade financeira a pagar em dia suas mensalidades.


Com diversos convênios sendo firmados na cidade, o que é louvável, pedimos uma expansão destes descontos para todos os alunos da UNITAU, com o intuito de que muitos não se sintam excluídos. Os projetos foram encaminhados para a Pró-Reitoria de Economia e Finanças para análise mais aprofundada, não havendo data para a entrega da resposta.


Entre outras reivindicações importantes, foi discutido: fim das taxas administrativas, bolsas de estudo e estatização da UNITAU. Nesta reunião estavam presentes o CA da Comunicação, o DA do Serviço Social e nós da Medicina. Contamos ainda com o apoio do DA da Psicologia, que se desligou esta semana do DCE, e também do CA da Ciências Sociais e Letras e o DA do Direito. Mais detalhes na próxima edição.

 

O Maldição da Saúde Mental no Vale do Paraíba

“É uma infelicidade da época, que os doidos guiem os cegos”
William Shakespeare

 

A história do problema da saúde mental na região começa com o fechamento dos leitos de psiquiatria do Hospital de Cruzeiro em 1995. Desde então, o Governo do Estado, que é responsável por ser um agravo regional, tenta suprir a falta de locais para internações negociando com diversos hospitais da região. Em se tratando da necessidade de que estes leitos sejam feitos em hospitais gerais pela portaria 224 de 1992 do Ministério da Saúde, do Código Estadual de Saúde de 1995 e da Lei Estadual 2060 também de 1995, foram criados 10 leitos em Guaratinguetá, que supririam apenas o Fundo do Vale.


Sendo Taubaté um centro polarizador da saúde no Vale do Paraíba, o Estado se interessou na cidade por motivos estratégicos. Foi então que o Dr. Augusto Nóbrega primeiramente arquitetou o projeto para o Hospital Universitário de Taubaté, que logo foi barrado pela universidade. Com a compra do HOSIC, as negociações continuaram mas não progrediram muito pois o fato de ser um serviço mal pago pelo SUS, é consequentemente rejeitado pelas administrações dos hospitais.


Com a reestruturação do Governo do Estado em 2003, houve novamente a chance da psiquiatria ter um complexo de aproximadamente 20 leitos dentro do Hospital Universitário. Por se tratar de um interesse multidisciplinar que envolve medicina, enfermagem, psicologia e serviço social, as cobranças foram maiores e a universidade aceitou as propostas do Estado.


Porém, com a renovação da reitoria e das demais chefias da UNITAU, houve um enorme desconforto criado entre a nova reitora com o Governo do Estado quando se anunciou que por motivos técnico e administrativos que a universidade não poderia prosseguir as obras da nova ala psiquiátrica.


Como já foi divulgado anteriormente na imprensa regional, a Associação de Usuários e Familiares de Saúde Mental de Taubaté fez uma manifestação em frente a reitoria, onde foram atendidos pela reitora que lhes deu explicações sobre a não abertura da ala psiquiátrica comprada pelo Governo do Estado de São Paulo.


Segundo a opinião de muitas pessoas envolvidas com a saúde mental, tudo isto está acontecendo porque a UNITAU teme algum tipo de prejuízo financeiro com a nova psiquiatria e que a carta da reitora sobre os motivos técnicos também apontam para possíveis transtornos causados dentro do hospital com pacientes psiquiátricos próximos dos demais pacientes.


Enquanto não conseguem os leitos necessários, a “solução” continua sendo Itapira a 400 km de distancia. Mas além do problema da distancia que causa enorme despesa logística para o Estado, ainda se assiste a uma exclusão do paciente da família e da sociedade, o que hoje é algo a ser combatido em tratamento psiquiátrico. Mais ainda, o SUS também é ferido quando a integralidade neste caso aparece abalada.


Hoje, 3% da população tem transtorno mental severo e persistente, onde a conjuntura das situações envolvidas com paciente muitas vezes exigem uma internação para um tratamento mais efetivo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que o ideal seja um leito para cada dez mil habitantes; no Vale do Paraíba temos um leito para cada cem mil habitantes. Ou seja, mesmo com os 20 leitos psiquiátricos no HUT, ainda seria pouco para a região. Ainda falta muito a avançar.


Por Harold Maluf
Presidente do DABM - Medicina

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