Por: Beti Cruz - biabeti@hotmail.com

A avenida dos “Champs Elysées”, em Paris, é aquela que vai dar no Arco do Triunfo, desembocando na praça que se chamava “Étoile” e hoje é “Charles De Gaule”. Dali, outras ruas saem enviesadas como uma estrela, por isso o nome (étoile = estrela)). Muito larga e arborizada, abriga os grandes bancos, escritórios das mais importantes empresas, suntuosas lojas de carros, alguns consulados, ricas agências de viagens e as principais companhias aéreas, entre elegantes restaurantes e cafés. Seu nome tornou-se, para os franceses, sinônimo de “o mais importante local de uma cidade”. Assim, quando querem referir-se à avenida Paulista, por exemplo, dizem: “é o Champs Elysées de São Paulo”.
No centro de Taubaté não temos nada equivalente. Há cem anos talvez a rua das Palmeiras tenha sido algo semelhante. Ladeada de imponentes palmeiras imperiais, conduzia o tráfego de charretes, fordecos e pedestres da movimentada estação de trem até a praça da Catedral. Hoje em dia, o que principia a descortinar-se como nosso verdadeiro “Champs Elysées” é a avenida da Independência.
O temível bairro “das Caveiras” vem se transformando em centro comercial de certa importância. Todos os bancos já abriram agências por ali. Nas proximidades, alguns hotéis, incluindo o multinacional Íbis, esperam seus engravatados hóspedes. Um dia, lá veremos boas lojas, vitrines de butiques, floriculturas, galerias de arte, restaurantes e bistrôs...
No entanto, temos os nossos Campos Elíseos, que em nada se parecem com os parisienses. Do outro lado da Dutra, à esquerda de quem vai para o litoral, de uns vinte anos para cá vem se desenvolvendo um novo bairro residencial. A cada dia boas casas surgem em suas ruas curvilíneas. Algumas penduradas no morro, outras em ruelas sem saída. Sossego quase absoluto, poucos carros circulando. Na parte mais baixa, um riacho acompanha a nova avenida até os limites com o Belém. Junto a ela em uma área de mata, que espero seja preservada, podemos até passar sobre uma pinguela, como se estivéssemos na roça.
Por enquanto, esta simpática avenida não tem grande utilidade, os motoristas preferem rodar pela Félix Guisard em direção ao Cataguá, São Luiz do Paraitinga e Ubatuba. Ela serve mais aos alunos do colégio municipal que fica lá em cima, a pessoas da região que se dirigem ao centro a pé ou de bicicleta e a alguns cavalos, suponho, pois vejo rastros deles nas calçadas.
Nas primeiras horas do dia ou ao cair da tarde ela se transforma. Senhoras trajando joggins e coloridas camisetas aparecem por lá. Algumas solitárias, outras acompanhadas de senhores em modernas bermudas, uns de bonés a proteger a cabeça, outros com os cabelos grisalhos ao vento, todos caminham vigorosamente. Às vezes peludinhos poodles os fazem andar mais ligeiro. Marcas amarelas na calçada indicam a metragem percorrida. Conversando ou escutando música com fones colados aos ouvidos, vão fazendo mentalmente o cálculo dos passos dados. Um quilômetro, dois, três...sempre animados pela vontade de perder gordurinhas ou de fazer baixar o colesterol. A saúde em primeiro lugar, é claro.
O nome da avenida? Não importa. A irreverência dos jovens já o definiu: entre eles ela é conhecida como a Gordovia ..

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