Fotos e texto: Paulo de Tarso Venceslau

3ª FLIP – Festa Literária Internacional de Parati
Um público sempre diferenciado faz de Paraty um centro cultural e gastronômico de fama internacional durante a semana da FLIP. CONTATO registrou alguns flashes.


No raiar de Clarice

O show do cantor e compositor Paulinho da Viola, na quarta-feira, 6, fechou com chave de ouro o primeiro dia da III Festa Literária Internacional de Parati, que pouco antes prestara uma especial homenagem à escritora Clarice Lispector. Durante quase duas horas, Paulinho da Viola fez o público cantar alguns dos seus maiores sucessos como “Timoneiro”, “Dança da Solidão”, “Coração Leviano”, “Argumento”, “Sinal Fechado” e “Foi um Rio que Passou em Minha Vida”, que encerrou a apresentação. Descontraído, o músico dirigiu-se à platéia inúmeras vezes, contando histórias a respeito de suas composições e de seus parceiros.
Na quinta, 7, a mesa “No raiar de Clarice”, Marina Colassanti, amiga íntima e colega de profissão de Clarice Lispector, o acadêmico Benedito Nunes e a escritora Vilma Áreas proporcionaram um momento de inspiração quando se referiam a Clarice. “Ela ficaria muito feliz sabendo que esta terra é dela” ou ainda “Clarice extravasava sua literatura de maneira quase intuitiva” foram algumas das expressões usadas para retratar a personalidade da escritora e o seu forte traço existencialista e filosófico.
O escritor anglo-indiano Salman Rushdie, o principal convidado da terceira edição da Festa Literária Internacional de Parati (Flip), vendeu 362 exemplares do livro "Shalimar, o equilibrista". Foi o mais vendido. O livro “Cabeça de Porco”, de Luiz Eduardo Soares, MV Bill e Celso Athayde, com 235 exemplares foi o segundo mais vendido. O terceiro lugar foi ocupado pelo português José Luis Peixoto, com 168 unidades vendidas de “Nenhum olhar”. A badalação da noite de quinta ficou por conta do músico Danilo Caymmi, em apresentação no Café Paraty, lotadaço.


João Guilherme, 09, pinta a pomba da paz

A sexta-feira amanheceu ensolarada. A palestra “Um Lugar Para as Idéias”, com o professor e crítico literário, Roberto Schwarz, dividindo a mesa com a intelectual argentina Beatriz Sarlo, foi longamente aclamada. O mediador, Carlos Augusto Calil, prorrogou o do tempo da palestra devido ao número de perguntas vindas do público e a fervorosa recepção aos palestrantes. Foram destacados a importância dos pensadores na nossa sociedade contemporânea, o problema da produção cultural na América Latina e a importância da obra de Jorge Luis Borges e Machado de Assis.
O assédio do público foi grande na chegada de Jô Soares.
No domingo, 10, último dia, aos 78 anos, Ariano Suassuna deu uma gostosa aula sobre literatura e bom humor. Conquistou a platéia que se divertiu ouvindo casos sobre Graciliano Ramos. Segundo Suassuna, quando se tornou um escritor famoso, recebia cartas perguntando porque ele não escrevia igual ao Garciliano Ramos. “Como que eu vou escrever igual a ele? Ele é mau-humorado, angustiado, não é a toa que escreveu um livro chamado Angústia”, respondeu o sempre bem humorado Suassuna que ainda fez uma crítica à G. W. Bush e Tony Blair: “Quando uma bomba explode em Londres, nós achamos uma monstruosidade, mas o Bush e o Blair não têm autoridade moral para dizer isso”, aproveitando o horroroso atentado na Inglaterra. Foi aplaudido de pé pela platéia apaixonada por ele.


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