Por: Luiz Gonzaga Pinheiro - espesspei@uol.com.br

Atencão, atenções

Se disser que o governo do mundo e de suas gentes é exercido pelo amor, corro o risco de pieguice e de chacota. Não temo nenhuma das duas hipóteses, mas tenho todo medo que me comparem ao Quixote, a mais rica e emocionante personagem criada pelo gênio humano. Explico o temor. A mim me faltam as qualidades e a delicadeza – na forma de sutileza – que o herói copiosamente servia em suas aventu-ras de afrontador de limites, aliado à inocente(?) postura de cava-lheiro, na condição de cavaleiro.
As atenções são a forma externa do amor, por onde atitudes e fine-zas filtram as delicadezas, respeito e as verdades do amor. Não há amor sem o amparo de atitudes expressas por gestos, palavras que divulgam o amor, tornam nobre a autoria e emocionada a criatura objeto de atenções.
Estamos falando de Educação e de educados, os que não se permi-tem ultrapassar os limites que separam a delicadeza e se avizinham da grossura. Há quem não se contenha em si mesmo, pela necessi-dade de ir em busca do pior de nossa condição.
Também vou até os adestrados, aqueles que aprendem pela repetição sem análise, resultando na decoração de algumas regras para sentar sem deixar as pernas expostas, outras regras para beber no copo cer-to, hoje tão em moda, outras, ainda, que regulam o que falar, quando se chega, outras, para quando se despede, afora os elogios de praxe, com cada palavra expressando situações já vistas e vividas por ou-tros.
Os educados se conduzem e os adestrados, além de não viver nada novo, repetem-se desesperados, imitando a quem os educou: não se conduzem, são conduzidos.
Desculpem pelo simplório do tema, mas me impressiona a falta de sensibilidade dos mais ásperos, ao tempo em que me impressiona a indulgência dos tolerantes, quase sempre distantes da procura por medidas mais próximas de uma bondade quase indígena, por sua grandeza insuspeitada.
Preocupado em colocar o amor como o centro do Universo, não te-mo chamar de volta o infeliz e desastrado Ptolomeu, dizendo que a Terra, o Sol e os homens precisam tirar o Sol copérnico como nossa referência espacial, repondo o coração em seu lugar. O mundo, des-se jeito seria melhor, mesmo desconhecendo etiquetas e protocolos.

home | reportagem da semana | temperos da Tia Anastácia | meninos EU VI... | Entrevista | Circulando | Ya San Levy | lição de mestre | Ventilador | dizem por aí | esporte | fale conosco

© Jornal Contato 2005